Por Miranda Sá –
“Contra a burrice os próprios deuses lutam em vão” (Schiller)
Está se tornando intolerável o culto da personalidade dos líderes políticos das duas facções que polarizam o pronunciamento eleitoral do Brasil. Parece-me menos uma opção ideológica e mais uma demonstração da ignorância política reinante. Pura burrice.
Dicionarizada, a palavra Burrice é um substantivo feminino, um derivado regressivo do latim (bur(r)ĭc(h)us), jumento, usado desde lá como “indivíduo estúpido, pouco inteligente, teimoso”. Abrasileirado, o Burrus, a, um latino ampliou-se como “Burrice”, significando asneira, besteira, estupidez, parvoíce, tolice.
Tem uma vasta sinonímia, da qual encontrei uma preciosidade no Dicionário Popular Paraibano, de Horácio de Almeida, que registra “Burralidade”, que encontrou no versejar de um cantador: “Você conte o que souber/ Eu não lhe empato a vontade/ É tolo o homem que teima/ Com sua burralidade”.
A burrice é um atributo dado a alguém ou determinada situação, pela condição de falta de inteligência ou de bom senso; também para uma decisão equivocada de uma pessoa despreparada.
Atrevo-me a criticar os que elaboraram as perguntas do Censo 2022, qualificando o questionário como burrice. No meu caso, eu e minha mulher somos mestiços, com brancos europeus, negros africanos e indígenas; Quisemos responder “Mestiços”, mas não foi aceito; classificaram-nos como “pardos”.
Vou além. Excluíram do registro as pessoas que vivem em situação de rua. Assim, sem uma classificação censitária, temos que apelar para um duvidoso registro de uma tal de Secretaria Especial de Desenvolvimento Social, do Ministério da Cidadania do Governo Bolsonaro, que estima em 161,8 famílias inscritas no Cadastro Único da citada Secretaria.
O chamado “Povo da Rua” vai muito além dos classificados como “famílias”.
Estas têm a condição dos retirantes nas grandes secas ou dos refugiados estrangeiros fugindo à guerra. Os demais, a grande maioria, são doentes, drogados ou simplesmente vagabundos.
Antes restritos às grandes cidades, já se espalham em situação de rua pelos rincões do País e a demagogia dos políticos e os que querem ganhar o céu “fazendo caridade” alimentam este cenário desabonador para qualquer sociedade.
Dados divulgados por grupos religiosos e Ongs apontam a formação de um sistema, controlado pelos traficantes de drogas, incentivando toda espécie de crimes. Então, aqueles que se preocupam com esta conjuntura procuram soluções para o problema.
Evidentemente não é com a burrice da ajuda que em vez de ajudar os doentes, multiplicam o número de drogados e vagabundos. No pensamento de muitos, os doentes precisam de assistência médica; os drogados necessitam hospitais psiquiátricos que estão sendo fechados; e, para os vagabundos, obrigá-los ao trabalho.
Na década de 1940, quando eu era pré-adolescente, já pensava em tirar a Carteira de Trabalho, porque nos governos de Getúlio e Dutra era o documento exigido nas batidas policiais, a vagabundagem era uma transgressão que deveria vigorar até hoje, mas o falso humanismo não deixa por pura burrice….
Do Pitecantropos ao Homo Sapiens, vale o que Jeová disse quando expulsou Adão do Paraíso: – “Comerás do fruto do teu trabalho, serás feliz e próspero”; mas vivemos num mundo em que somos governados por políticos e clérigos que não trabalham e comem o fruto do trabalho de outrem…
Assim nascem as “bolsas” para silenciar a massa. Não é fala de um anarquista, mas de alguém de longa vivência, que encontrou a maior burrice da História: Foi do imperador da Boêmia, Venceslau, que suspeitando da infidelidade da esposa, exigiu do confessor dela que revelasse o que ouviu no confessionário. O prelado recusou-se a revelar a confissão e foi torturado e morto por isto. Ninguém sabe quem foi Venceslau, enquanto aquele que respeitou o sigilo sacramental foi canonizado e virou santo, São João Nepomuceno.
As burrices menores ficam entre nós, como a do ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, Anderson Torres, que “perdeu” o celular, ignorando que seu conteúdo pode ser recuperado na nuvem; e as dos novos ministros de Lula, com Marina Silva dizendo no Fórum Econômico Mundial que a metade da população brasileira passa fome; e, para melhor polarizar o país…
Haddad sugere “boicotar” empresas de opositores políticos….
MIRANDA SÁ – Jornalista profissional, blogueiro, colunista e diretor executivo do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como a Editora Abril, as Organizações Globo e o Jornal Correio da Manhã; Recebeu dezenas de prêmios em função da sua atividade na imprensa, como o Esso e o Profissionais do Ano, da Rede Globo. mirandasa@uol.com.br
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