Por Tostão –
Na Copa do Mundo, a maioria das pessoas que vão ver e festejar não acompanha, habitualmente, o futebol, nos detalhes técnicos, táticos, individuais e coletivos. Por isso, é importante repetir que a nítida superioridade dos times europeus sobre os sul-americanos, pois eles contratam os melhores do mundo, não acontece entre as seleções.
O Brasil não chegou à final das últimas quatro copas porque fracassou, e sim porque havia equilíbrio. Com isso, diminuem as chances de conquistar o título. São, geralmente, os detalhes e os fatores inesperados que decidem a partida entre duas seleções do mesmo nível técnico. O equilíbrio continua no atual Mundial.
TÁTICAS DIVERSAS – Apesar da globalização do mundo e do futebol, veremos, entre as principais seleções, estratégias diversas. Há várias maneiras de ganhar e de brilhar. A diversidade é fundamental, na vida e no futebol. As coisas tornam-se medíocres quando todos têm as mesmas opiniões. É preciso respeitar os que pensam diferente, com conhecimento e informações corretas.
Cada seleção se destaca por alguns jogadores e em setores diferentes. O Brasil, além de Neymar e de outros ótimos atletas, possui o melhor trio defensivo, centralizado, da Copa, com os zagueiros Thiago Silva e Marquinhos, protegidos pelo volante Casemiro, além do excelente goleiro Alisson. Os laterais Danilo e Alex Sandro são também bons marcadores.
A França tem a melhor dupla de atacantes do mundo, Mbappé e Benzema, além de pontas rápidos e velozes (Coman e Dembélé), como o Brasil. Porém, a França não tem a mesma qualidade do goleiro e dos zagueiros brasileiros. Os volantes Kanté e Pogba farão falta.
OUTRAS EQUIPES – A Argentina evoluiu porque tem Messi em forma, tem um forte conjunto e melhorou a parte defensiva, com o goleiro Emiliano Martínez e os zagueiros Romero e Lisandro Martinez, bem protegidos pelos volantes, embora o técnico insista em escalar o zagueiro Otamendi, sempre um risco de pênalti, com um carrinho dentro da área.
A Espanha e a Alemanha se destacam por terem ótimos meio-campistas, que gostam de trocar passes e de ter o domínio da bola, como os alemães Kimmich e Gundogan e os espanhóis Busquets ou Rodrigo e os jovens Gavi e Pedri, eleitos as maiores revelações do futebol mundial nos últimos dois anos. Porém, falta um grande atacante à Espanha.
Já Portugal e Inglaterra possuem ótimos meias ofensivos e atacantes, como os ingleses Kane e Foden e os portugueses Cristiano Ronaldo, Mateus Fernandes e Bernardo Silva, mas falta às duas seleções mais talento do meio para trás.
ATAQUE E DEFESA – A Bélgica possui dois dos melhores jogadores do mundo, De Bruyne e Courtois, e torna-se mais forte se Lukaku voltar a jogar bem, mas os defensores também são frágeis.
De Bruyne é o melhor meio-campista do mundo, um dos melhores meias atacantes do mundo, um dos melhores passadores e cruzadores de bola do mundo e ainda faz muitos gols.
As principais seleções candidatas ao título se destacam mais pelo ataque que pela defesa, por causa do talento individual e também pelo fato de o futebol estar mais ofensivo, sem fragilizar a marcação.
O espetáculo é individual e coletivo.
TOSTÃO é cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.
Publicado inicialmente na Folha de SP / Enviado por Ricardo Martins – São Paulo (SP). Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com
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