Redação

O Brasil é a única grande economia do mundo que está em desaceleração em 2021, de acordo com estudo divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Além disso, o relatório Focus, do Banco Central (BC), que levanta semanalmente as projeções do mercado, aponta para aumento de inflação e redução das expectativas de crescimento.

Sem políticas de contenção da pandemia do novo coronavírus, os brasileiros continuam entre as principais vítimas da Covid-19, doença que está em expansão país, que deve alcançar hoje a marca de 360 mil mortes, aumentando as incertezas dos agentes econômicos.

Os dados da OCDE apontam que os países com melhores perspectivas de crescimento da economia foram aqueles que adotaram políticas bem-sucedidas no enfrentamento da pandemia, afirma o diretor técnico do Dieese, Fausto Augusto Junior. O que, mais uma vez, faz cair por terra a falsa dicotomia entre preservar vidas e manter a economia funcionando, completa.

“O Brasil está nesse grupo de países que não conseguem nem repor as perdas do ano passado. Estamos terminando o primeiro quadrimestre, e o país continua como se estivesse em 2020”, disse Fausto, em entrevista a Glauco Faria no Jornal Brasil Atual desta quarta-feira (14).

O cenário atual é ainda mais grave, segundo ele, pois o governo Bolsonaro abriu mão de ferramentas de manutenção do emprego que foram utilizadas no ano passado. Houve apenas a reedição do auxílio emergencial. Ainda assim, com valores reduzidos e atendendo a um público muito menor.

Dependência

Por outro lado, além dos impactos na economia, a pandemia também desnudou a fragilidade do setor industrial do país. No ano passado, com a eclosão da doença, houve até mesmo a escassez de máscaras. Atualmente, a produção de oxigênio – outro insumo básico – também encontra dificuldades para suprir o aumento da demanda. Ao mesmo tempo, o redução dos investimentos em inovação e pesquisa acentuou a dependência do Brasil em relação à importação de insumos farmacêuticos voltados para a produção de vacinas e medicamentos.

“Com relação à química fina, China e Índia são referências, em especial na produção de fármacos. Por outro lado, no Brasil, temos basicamente duas fábricas para a produção de vacinas. Ambas estatais. O Brasil, de certo modo, abandonou os investimentos na indústria de fármacos. Predomina claramente a prioridade em relação ao setor agroexportador. A gente tem mais fábricas de vacinas de bovinos do que de humanos”, criticou Fausto.


Fonte: RBA