Por Pedro do Coutto –
O general Braga Neto afirmou neste fim de semana que as reuniões militares nunca trataram de golpe ou mesmo de planos para assassinar o presidente Lula da Silva, o seu vice Geraldo Alckmin ou o ministro Alexandre de Moraes. Em nota publicada por sua defesa, o ex-ministro do governo Bolsonaro afirmou que “nunca se tratou de golpe, e muito menos de plano de assassinar alguém”.
Além da tentativa de golpe, o ex-ministro e outras 36 pessoas, dentre elas Bolsonaro, foram indiciadas pela Polícia Federal por suspeita de participarem do plano sórdido. Na nota, Braga Netto também criticou o que chamou de “tese da imprensa” sobre um suposto “golpe dentro do golpe”. Afirmou que a ideia é “absurda e fantasiosa” e reforçou sua lealdade a Bolsonaro.
REFERÊNCIA – A declaração é uma referência a uma expressão replicada por alguns veículos de mídia sobre um suposto plano pós-golpe o qual a PF investiga. Há uma suspeita por parte da corporação de que os militares consideravam tirar Bolsonaro do poder caso o plano para matar o governo eleito fosse bem-sucedido. Braga Neto, com isso, deixou no ar a possibilidade de uma acareação com o tenente-coronel Mauro Cid que atestou fatos contrários à versão colocada.
O processo ganhou ainda mais importância com as declarações de Braga Neto, pois então é preciso esclarecer para que foram realizadas tais reuniões. No fundo, a parte substantiva dos encontros era realmente o golpe contra as instituições, contra a posse de Lula e contra a democracia.
Braga Neto foi escolhido para a chapa de Bolsonaro talvez já prevendo a possibilidade de um movimento militar que tentasse alterar o resultado das urnas. Hamilton Mourão, assim, percebendo o que poderia estar por vir, decidiu concorrer ao Senado, deixando Bolsonaro seguir sozinho.
DETALHES – Mourão deveria ser chamado para fornecer detalhes importantes sobre o fato de ter deixado a Vice-Presidência, entregando-a a Braga Neto. Aí poderemos ter um aspecto ainda mais concreto. Não quanto ao golpe que já está sendo bem esclarecido, mas em virtude de detalhes sobre a sua saída do governo e a decisão de não concorrer na chapa de Bolsonaro. Desde o início da disputa de 2022, o ex-presidente escolheu Braga Neto na certeza que haveria um desfecho desfavorável a ele nas urnas. Mais um fato que se acrescenta à trama sinistra.
A Procuradoria-Geral da República decidirá se fará a denúncia contra Jair Bolsonaro por tentativa de golpe. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, disse a interlocutores, entretanto, que ‘dificilmente’ concluirá ainda neste ano a análise do material apresentado pela Polícia Federal no âmbito do inquérito que investiga um plano para assassinar o presidente Lula da Silva, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes.
Bolsonaro foi indiciado por abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. A expectativa é pelo oferecimento de denúncia contra o ex-presidente e demais envolvidos no caso. Gonet, no entanto, ainda quer tempo para estudar as 884 páginas do relatório final da PF.
A análise do material também levará em conta outras investigações, a exemplo do extravio de joias sauditas e fraude no cartão de vacina.
PEDRO DO COUTTO é jornalista.
Enviado por André Cardoso – Rio de Janeiro (RJ). Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com
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