Por Alcyr Cavalcanti

A decadência do clube que já foi a base da seleção brasileira campeã do mundo a um bando de pernas de pau.

Quem já teve a felicidade de ver jogar e ficar maravilhado com os dribles de Garrincha, a elegância de Nilton Santos e a precisão de passes de Didi ou Gerson ao assistir as atuais partidas de um time que já foi Glorioso jamais vai acreditar que os gênios do futebol citados tivessem pertencido ao Botafogo. As sucessivas derrotas que levaram o clube a ter o pior desempenho no Brasileirão nos últimos anos e ser jogado em uma segunda divisão da qual, se continuar com desempenho horroroso dificilmente sairá.  De uns tempos para cá à exceção do time treinado por Jair Ventura (o filho), os jogadores que vestem a camisa alvinegra só estão ali por artimanhas escusas de empresários com o beneplácito de “dirigentes” que não deveriam dirigir nem um patinete. João Saldanha, Sandro Moreira, Homero Mesquita, Carlito Rocha e mesmo o apaixonado “banqueiro” Emil Pinheiro devem estar a se revirar no túmulo.

Tem sido uma lenta e firme decadência; Há anos que o clube de General Severiano desaparece do cenário mundial, mas os sucessivos “diretores” não estão nem aí. Contratam e demitem a três por dois e o trenzinho vai ladeira abaixo.

Como pode ter acumulado uma dívida de quase um milhão de reais, impagável nesta triste situação em que se encontra o nosso país, totalmente desgovernado após sucessivos fracassos na economia agravada pela Pandemia do Covid-19 ?. O que já foi Glorioso encontra-se em um beco sem saída, não tem dinheiro para contratar um ídolo como há poucos meses atrás um Seedorf ou um Loco Abreu e tem de se contentar com Rhuans e Yacarés da vida. Desesperados administradores vendem os poucos que entendeu um pouquinho do jogo da bola, e com péssimas e contestáveis transações. Enquanto isso as crianças que serão os fiéis torcedores do futuro vestem outras camisas vitoriosas. Não é a toa que Flamengo e Palmeiras aumentam seus associados a cada ano, apesar da crise. A “diretoria” perdida no tempo e no espaço gasta o pouco dinheiro que ainda tem (ou pede emprestado) e contrata com pompa e circunstância economistas que nunca sujaram os sapatos italianos em um uma noite chuvosa e lamacenta num campinho de subúrbio. Pra piorar todos esses “profissionais” que vivem mamando nas tetas quase secas são torcedores de clubes arquirrivais. Todos tem o codinome pomposo de CEO. Seria cômico se não fosse uma tragédia.

A crise que arrasa um patrimônio do esporte mundial é o reflexo de vários fatores fruto de um sistema implacável que só vive do lucro cada vez maior e se alimenta da decadência e do fracasso administrativo e por que não dizer educacional de uma tendência global, mas que em nosso país atinge profundamente. Torneios e mais torneios são criados para engordar os bolsos e as barrigas dos que dirigem o esporte que já foi das multidões, mas que se transformou em um mero jogo para uma elite cada vez mais poderosa. O Botafogo não é o único, assim primeiro foi a Portuguesa em São Paulo e o Cruzeiro em Minas Gerais. A Lusa paulista já teve Julinho e ultimamente o genial Denner. O Cruzeiro foi o celeiro de vários craques da seleção brasileiras. Ambos amargam prejuízos e derrotas sucessivas.

O Botafogo segue esse triste caminho, acumula derrotas, derrotas e somente derrotas.


ALCYR CAVALCANTI – Jornalista profissional e repórter fotográfico, trabalhou nos principais jornais do Rio de Janeiro e de São Paulo e em agências de notícias internacionais. Bacharel em Filosofia pela Universidade do Estado da Guanabara (atual UERJ) e mestre em Antropologia pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Professor universitário, ex-presidente da ARFOC, ex-secretário da Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre.