Por Sérgio Ricardo –
Saudemos o povo guerreiro que elegeu Marquinhos Xukuru, primeiro Cacique prefeito de Pesqueira, no agreste pernambucano.
O Nordeste brasileiro, e as outras regiões do país, sofreram um violento processo de genocídio e etnocídio provocado pela brutalidade da Colonização européia; a imposição da língua e do modo de vida dos colonizadores por “Missões” de catequese religiosa; e também pela proliferação de epidemias.
Estas “pestes européias”, segundo relata o antropólogo Darcy Ribeiro em sua obra “O povo brasileiro”, foram doenças contagiosas (caxumba, bexiga, gripe, sarampo e varíola) trazidas, para os territórios dos ancestrais, nos corpos da sociedade não-indígena, o que dizimou alguns grupos étnicos, além de provocar forte redução demográfica.
Em conjunto, estas formas de dominação e de extermínio resultaram numa forte desestruturação social e em desmantelamento cultural, e por séculos tem sido enfrentadas com muitas lutas de resistência.
No atual contexto, estamos diante do risco de um novo ciclo de extermínio dos povos originários e de comunidades tradicionais, em função da proliferação da pandemia Coronavírus tanto nas periferias pobres e sem infraestrutura de saneamento básico das grandes cidades, como por meio de sua preocupante e previamente anunciada “interiorização” por todo nosso extenso país.
Mais uma vez, por contágio, o vírus COVID-19 chegou até à algumas aldeias, nos quilombos e em áreas rurais situadas Brasil à fora: apesar do alerta preventivo dado por instituições científicas como a FIOCRUZ e universidades públicas, o atual genocida governo federal não agiu à tempo e de forma imediata, mesmo estes territórios sendo classificados como de alta vulnerabilidade sanitária em função da precariedade ou, até mesmo, por em alguns lugares ainda não existir um serviço público de saúde estruturado.
Neste cenário caótico de tempos marcados por incertezas, que Nhanderu nos proteja e oriente a humanidade através de nossas ancestralidades e formas de re-existência.
SÉRGIO RICARDO VERDE – Ecologista, membro fundador do movimento BAÍA VIVA, gestor e planejador ambiental, produtor cultural, engajado nas causas ecológicas e sociais, colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre, membro do Conselho Estadual de Direitos Indígenas (CEDIND-RJ) pela organização GRUMIN presidida pela escritora Eliane Potiguara.
MAZOLA
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