Por José Macedo –
Os gargalos, criados pelo BACEN, são desafios para o presidente Lula da Silva.
O Sistema Selic é administrado pelo Bacen (Banco Central), o banco dos bancos, nele são transacionados os títulos públicos federais, objeto de compra e venda diárias.
Antes de conversar sobre os efeitos dessa taxa, como parâmetro que influencia as taxas bancárias de empréstimos, os investimentos de longo, médio ou curto prazo e de aplicações estão vinculados ao risco de sua ideologização, merecendo fundamental atenção.
A independência ou autonomia do BACEN – Banco Central, como instituição de estado, não deve sofrer a influência política partidária.
A atual administração do BACEN é influenciada pelo pensamento político de seu presidente, Roberto Campos Neto, herdeiro de seu avô, Roberto Campos, histórico defensor do liberalismo e do Estado Mínimo, defensor intransigente do mercado, como infalível e autoregulador da economia e dos preços.
A nomeação do RCN (Roberto Campos Neto), sem dúvida, teve a influência do Paulo Guedes, um conhecido neoliberal, ministro do Bolsonaro.
O maior beneficiário da alta taxa Selic são os rentistas, os bancos e endinheirados, que fazem da compra e venda de títulos, meios de enriquecimento.
Assim, investimentos de longo prazo na economia, benefícios para o crescimento, desenvolvimento econômico e criação de emprego não são beneficiados.
Assim, os detentores do capital financeiro são os maiores beneficiários das altas taxas Selic.
O governo passado privilegiou esses investidores, por isso, tivemos baixo crescimento econômico, alto índice de desemprego e a fome de 33 milhões de brasileiros.
O Paulo Guedes é banqueiro bem sucedido e foi o principal ministro do governo anterior. “A raposa cuidou do poleiro das galinhas”.
Em uma economia carente de crédito, com 78,3% das famílias endividadas, 30% delas inadimplentes, apesar desses números, o governo insistiu na aplicação de uma política financeira, que excluiu os mais pobres, consequentemente, privilegiou os ricos rentistas.
Nos últimos dias, tem havido uma constante disposição de disputa entre políticos, sejam alinhados do governo ou não.
Não vislumbro, com essa visão e prática neoliberais do BACEN, uma saída, no curto prazo.
A administração Lula da Silva terá dificuldades para neutralizar os efeitos perversos do neoliberalismo e de sua influência.
Entendo que, a autonomia do BACEN não impede que, vislumbre necessidades da economia, considerando as necessidades para o fomento do desenvolvimento econômico e social.
Não torço pelo descrédito da autonomia do BACEN, mas pela desideologização de sua administração, uma empreitada difícil.
Não é função do BACEN, por sua condição de instituição de estado interferir na política econômica do governo federal, através de manipulações da taxa Selic, privilegiando o mercado e rentistas, estes são versáteis jogadores.
Assim é que, quando existem visões diferentes sobre a administração da política econômica, entre o executivo e o presidente do BACEN, certamente, ocorrerão embates e desgastes, difíceis de solução.
Uma alta taxa Selic, hoje, em 13,75%, só beneficia os bancos e rentistas e, em geral, prejudica as famílias endividadas, os investimentos, o desenvolvimento econômico e social.
Essa taxa, considerada alta, frustra a política desenvolvimentista do governo, afugenta os investidores, a pretexto da necessidade de cumprir metas da inflação.
Com essa taxa, impulsionando uma das taxas de juros mais altas do mundo, o Sistema Financeiro atrai investidores estrangeiros e nacionais e, o rentismo é atraído, por essa perversa lógica e conveniência especulativa.
Mas, esses investidores permanecerão nessa jogatina e nesse mercado, enquanto a taxa de juros for atrativa.
São aves de rapina e de arribação, defino-os.
No momento, temos na presidência do BACEN o Sr. Roberto Campos Neto, indicado pelo governo anterior e afinado com a política do Paulo Guedes, adepto do Estado Mínimo e do “deus mercado”, de um rígido controle da moeda e do crédito.
No meu entendimento, em uma economia que precisa crescer, necessita de crédito, uma taxa de juros, que estimule investidores, trará, com certeza, efeitos benéficos, melhora na situação das famílias endividadas, no índice de desemprego, na dessigualdade e na renda de todos os brasileiros.
No momento, vejo o governo indo para um lado e a política monetária do BACEN para um outro.
Prefiro argumentar, buscar fundamentos a ater-me em teorias e visualização conspiratórias.
Porém, o que resta do governo passado não é confiável, não deseja êxito para o governo Lula da Silva.
Com certeza, irão criar obstáculos.
A consequência dessa quebra-de-braço, dessa rigidez monetária, obriga o governo a descumprir suas metas, com relação ao desenvolvimento econômico e social, impedindo investimentos na economia, compromissos sociais, melhorias na redução do desemprego, da desigualdade, da saúde, educação e no combate à fome e à pobreza.
O governo Lula da Silva está refém, neste momento, da ideologização e insensatez do presidente do BACEN.
A experiência e sensibilidade do presidente Lula da Silva alcançará o êxito desejado.
JOSÉ MACEDO – Advogado, economista, jornalista e colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre.
Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com
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