Redação

Na mira de aliados do presidente Jair Bolsonaro, o dirigente nacional do PSL, deputado Luciano Bivar (PE), é apontado por correligionários como um controlador da máquina partidária pelo “voto de cabresto”. Opositores internos afirmam que Bivar exerce domínio ferrenho sobre o diretório nacional, composto de 101 titulares, para o qual garantiu a eleição de três dos seus filhos: Sérgio, Cristiano e Luciano.

A presença do trio, que não recebe salário pelo cargo, causa incômodo em quem reprova a condução do partido por Bivar, criticado por beneficiar seus parentes. Problema semelhante tem o presidente Jair Bolsonaro, também questionado por privilegiar os filhos.

NO COMANDO – O diretório nacional dita os rumos do partido. Cabe a essa instância, segundo o estatuto do PSL, aprovar o orçamento e o balanço contábil anual, eleger membros de conselhos, secretarias e dos órgãos de cooperação e de Direção Nacional, além de “estabelecer diretrizes por meio de resoluções a serem seguidas pelo partido”, entre outras atribuições.

Uma crise se instalou na legenda nos últimos dias, com Bivar e Bolsonaro em campos opostos. O pano de fundo é a gestão dos recursos do partido. O filho de Bivar com maior destaque é o presidente da Fundação Indigo, do PSL, Sérgio Bivar. Ele conseguiu levar para o partido, em 2016, o grupo de orientação liberal chamado Livres, com planos de liderar uma renovação da legenda.

FILIAÇÃO DE BOLSONARO –  – O pai, no entanto, frustrou as intenções quando permitiu a filiação de Bolsonaro para disputar a eleição de 2018. Pai e filho brigaram, mas Sérgio continuou a integrar os quadros do PSL. A Fundação Indigo gastou R$ 800 mil para promover, na última semana, a Conferência de Ação Política Conservadora, a CPAC Brasil, protagonizada por Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).

As relações familiares já levaram a investigações contra Luciano Bivar. O Ministério Público de Pernambuco apura um gasto de R$ 250 mil do fundo eleitoral em 2018 com a empresa de seu filho Cristiano Bivar, a Nox Entretenimentos. Cristiano, que integra o diretório, também teria sido favorecido em outra frente.

O diretório do PSL no Recife aluga salas de outra empresa dele, a Mitra Participações. Homônimo do pai e irmão de Cristiano, Luciano também é sócio da Mitra. Procurados pelo O Globo, Bivar e os filhos não retornaram.

CRÍTICAS – À frente da defesa de Jair Bolsonaro na disputa interna do PSL, a advogada Karina Kufa critica a presença da família Bivar no diretório nacional da legenda: “Os parlamentares reclamam muito. Eles dizem que de 70% a 80% do diretório é formado por parentes ou pessoas próximas e até com vínculo de subordinação ao Bivar e ao Rueda (Antonio Rueda é vice presidente do PSL). Jamais teremos dentro do PSL uma eleição equilibrada por conta dos votos de cabresto”.

Uma alteração de trechos do estatuto do PSL no mês passado, apontada como manobra de Bivar, aumentou o tamanho do diretório nacional: de 101 para 159 titulares e de 33 para 51 suplentes. Os atuais suplentes virarão titulares nas vagas novas. A medida é vista como forma de minar influência de Bolsonaro na sigla.

Fonte: O Globo, por Bruno Góes