Por Pedro do Coutto –
Reportagem de Jeniffer Gularte, O Globo desta quarta-feira, revela que o presidente Lula da Silva reuniu o Ministério e determinou mudança no sistema de Comunicação de seu governo, tanto junto aos jornais, emissoras de televisão e de rádio, quanto em relação às redes sociais da internet. O presidente da República demonstrou insatisfação com o volume atual de informações que a seu ver não está refletindo exatamente as ações do Executivo e sua importância na sociedade brasileira.
Conforme escrevi na coluna de ontem, ele tem boa dose de razão. Mas as deficiências que aponta decorrem principalmente dele próprio, na medida em que não unificou o setor de Comunicação ao nível jornalístico e, com isso, perde espaço nos jornais, nas emissoras de televisão e de rádio. E também não ocupa espaço no sistema da internet que hoje tem uma importância muito grande, especialmente nas comunicações curtas, mas que nem por isso deixou de ser também uma ponte entre o poder e a opinião pública.
CONTEÚDO – Mas a questão não é só de forma, embora essa também represente um peso à parte. A questão depende do conteúdo e da viabilidade dos projetos do Palácio do Planalto, destacadamente nessa primeira fase de governo, relativos aos compromissos assumidos por Lula na campanha eleitoral vitoriosa do ano passado. Para que o projeto de comunicação e informação concreta dê certo é necessário que a Secom proceda no estilo de uma redação de jornal.
No começo de cada dia, um balanço do noticiário publicado e o recebimento de matérias fornecidas pelos ministérios e empresas estatais que possam ser transformadas em temas jornalísticos, e que consigam obter crédito junto à população. Ao contrário da publicidade comercial, que é um axioma, a comunicação jornalística é um teorema, ou seja, tem necessidade de comprovação na prática.
Somente assim, dentro de tal sistema, a comunicação governamental pode se tornar mais eficiente. Ela não é um problema de oba-oba, de anúncio de projetos impossíveis, de promessas a longo prazo. Ao contrário, exigem sempre, para sua boa percepção social, a distância mais curta possível entre o texto e o fato. Não funciona quando o conteúdo de uma matéria se distancia muito do que está sendo proposto e oferecido à população.
CLAREZA NAS INFORMAÇÕES – Não é uma questão de dinheiro, como a publicidade comercial. É uma questão de talento profissional e sobretudo clareza nas informações apresentadas. O povo sente e sabe que colocações sofisticadas nunca vão ao encontro do que precisam as diversas faixas da população e que constituem um meio de se adiar sempre a execução concreta do que os projetos expõem.
Veja-se agora, por exemplo, de acordo com reportagem de Geralda Doca, Manuel Ventura e Thiago Bronzatto, O Globo, a entrevista do secretário de Reforma Tributária do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, O Globo de ontem, em que colocou a hipóteses de um sistema de cashback no Imposto de Renda no universo da Educação.
Trata-se de devolver imposto pago até certo limite por aluno nas redes de ensino. Isso impõe a criação de um mecanismo complexo para funcionar. Na minha impressão seria mais simples ampliar a dedução no IR pela realização de tais despesas. Bernard Appy fala também em ampliar as deduções para despesas de saúde. Está perfeito. Nesse caso não fala em cashback. Trata-se de iniciativa mais objetiva e simples de se concretizar.
ACORDO – Janaína Figueiredo, reportagem de O Globo desta quarta-feira, destaca o acordo estabelecido na Austrália entre o Google, o Facebook e os jornais e emissoras de televisão para a remuneração pelos conteúdos jornalísticos aproveitados por esses sites de colossal repercussão.
Os acordos abrangem 100% dos veículos de Comunicação no caso do Google, e 90% nos casos do Facebook que pertencem à Meta. O pagamento é de US$ 200 mil por ano. Não ocorreram reclamações. A reportagem acrescenta que a solução australiana está sendo estudada pelo Canadá e pode ser utilizada como exemplo pela lei brasileira das fake news, projeto do deputado Orlando Silva, e que recebeu substitutivo do governo Lula da Silva.
Em nosso país, o projeto de lei e apreciação pelo Congresso é mais amplo do que a lei australiana estabelece, incluindo o combate às fake news, às mensagens de ódio, as ameaças físicas e a desinformação relativa ao campo da Medicina que constitui um perigo para toda a população.
PEDRO DO COUTTO é jornalista.
Enviado por André Cardoso – Rio de Janeiro (RJ). Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com
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