Por José Carlos de Assis

Hoje é o dia do bloco da virada. O povo se encheu de Bolsonaro e sua turma. É hora de pegar todos esses meliantes, parceiros de milicianos e dos bandidos carregados de metralhadoras, e lhes mostrar o caminho da rua. A sociedade suportou por tempo demais o desgoverno que lhe foi imposto pela mentira e pelo engodo. No futuro, vamos nos surpreender como pudemos ter sido tão condescendentes com essa turma do mal sem nos revoltarmos antes.

O chefe dos meliantes convocou uma mobilização para o dia 15. Pois bem, nós lhe daremos uma, a nossa. Não temos medo de nos confrontar com os supostos milhões de filiados que propagam ter. O que este desgoverno pode oferecer como realização em um ano? Destruir estatais, inclusive a Petrobrás? Criar uma fila de 2 milhões de pessoas no INSS? Criar uma fila de quase um milhão no Enem? Incendiar a Amazônia? Deixar o óleo no mar?

Embora movidos pela indignação, não queremos conflitos com os poucos que ousarão se apresentar na rua no dia 15 do lado dele, o dia que Bolsonaro escolheu para assinalar o início de uma ditadura nazista no Brasil. Se não estivéssemos aqui para barrar esse projeto ditatorial, teríamos que nos preparar para a reedição da Noite dos Cristais, sem perseguição a judeus, mas com generalizada perseguição aos pobres.

Quanto aos que apoiaram Bolsonaro nas eleições, não se vexem de aparecer agora no nosso lado. Não somos ideológicos, não somos partidários; somos, pelo que diz nosso nome, do lado da Ação Nacional pela Justiça Social. Acolhemos todos em nosso movimento, desde que inflamados, como nós, pela chama de amor ao País e pelo compromisso inarredável de rigorosa defesa dos interesses do povo, contra, inclusive, o setor financeiro especulativo.

Nosso propósito é chegar ao poder, expulsando da cadeira presidencial, o mais rápido possível, Jair Bolsonaro. Usaremos a Petrobrás para satisfazer os interesses dos brasileiros, não dos financistas daqui e de Nova Iorque. Faremos o mesmo com Eletrobrás e outras estatais, que custaram o suor dos brasileiros. A taxa de juros será reduzida para estimular a produção. E a produção será estimulada para estabilizar os preços. Assim, em síntese, será nossa economia.

Temos segurança absoluta de que a parte nacionalista e ligada ao interesse público das Forças Armadas está alinhada com o general Santos Cruz, em seu conflito verbal com o renegado general Heleno. É isto que nos anima na perspectiva brasileira. O Alto Comando do Exército jamais permitirá uma cisão em suas fileiras, que seria catastrófica. E é óbvio que, do ponto de vista racional e emocional, não há como assumir outro lado, senão o de Santos Cruz.

Talvez, porém, seja necessário ir adiante na limpeza das cavalariças do rei, como impôs a Hércules o mito grego. Bolsonaro não é uma pessoa, é um sistema. O único setor onde tem braço forte é o da economia, através de Paulo Guedes. E Guedes é um assassino da economia brasileira, que arrastou atrás de si gente no Congresso e no Judiciário. Isso eventualmente vai requerer uma limpeza mais longa e mais profunda do que a simples retirada de Bolsonaro.


JOSÉ CARLOS DE ASSIS  é jornalista, economista, escritor e doutor em Engenharia de Produção pela Coppe/UFRJ, autor de mais de 20 livros sobre economia política. Colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre. Foi professor de Economia Internacional na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), é pioneiro no jornalismo investigativo brasileiro no período da ditadura militar de 1964. Autor do livro “A Chave do Tesouro, anatomia dos escândalos financeiros no Brasil: 1974/1983”, onde se revela diversos casos de corrupção. Caso Halles, Caso BUC (Banco União Comercial), Caso Econômico, Caso Eletrobrás, Caso UEB/Rio-Sul, Caso Lume, Caso Ipiranga, Caso Aurea, Caso Lutfalla (família de Paulo Maluf, marido de Sylvia Lutfalla Maluf), Caso Abdalla, Caso Atalla, Caso Delfin (Ronald Levinsohn), Caso TAA. Cada caso é um capítulo do livro. Em 1983 o Prêmio Esso de Jornalismo contemplou as reportagens sobre o caso Delfin (BNH favorece a Delfin), do jornalista José Carlos de Assis, na categoria Reportagem, e sobre a Agropecuária Capemi (O Escândalo da Capemi), do jornalista Ayrton Baffa, na categoria Informação Econômica.