Por Miranda Sá

Segundo Goethe, os homens de idade avançada possuem uma alma forte com poder de compensar o enfraquecimento físico, dotando-lhe uma mente juvenil. Certamente é uma visão poética, mas vou aproveitar-me dela.

Sinto uma necessidade imensa de combater a ignorância política que grassa no Brasil e nos leva a admitir que vivemos no cenário revoltante da “Dialética da Confusão”. Certo: entreabrindo uma polêmica, acuso o extremismo de responsável por esta mistificação ideológica.

A Dialética, como se sabe. tem uma definição antiga; os filósofos gregos consideravam-na a “arte” de alcançar a verdade pela discussão, destacando as contradições do tema, para derrubar os argumentos irreais.

Ficou por conta do filósofo materialista Heráclito sua principal referência, no princípio que elaborou: – “Ninguém entra duas vezes num rio; acontece na segunda vez que a pessoa já não é a mesma, as águas passaram, e o rio não é o mesmo também”.

Este conceito vem sendo desenvolvidos pelas cabeças pensantes como Descartes, Diderot e Spinoza, cada qual aplicando a dialética às suas especialidades. Entretanto foi Hegel que a definiu como método de análise aplicando-o à lógica diante de dois pontos de vista diferentes, determinando neste embate de ideias uma terceira e nova ideia.

O sistema hegeliano foi absorvido e desenvolvido por Marx, passando a ser visto como uma ciência. Para o filósofo alemão, os exemplos mutáveis da Natureza e o pensamento humano escapam à visão idealista de Hegel exigindo uma comparação materialista.

A dialética como método científico nos ajuda a analisar a realidade. Assim, sua aplicação é simplificada pela equação: “Tese x Antítese = Síntese”, sendo que a Tese é uma proposta; a Antítese, o pensamento discordante; e a Síntese é a resultante da justaposição das expressões divergentes. É curioso ver que na Era Tecnológica que atravessamos, a dialética tornou-se uma ferramenta da Inteligência Artificial

Para descomplicar ainda mais a Dialética, os orientalistas a resumem como a oscilação dos contrários, o Yin e o Yang, princípios antagônicos que interagem ao mesmo tempo e estão presentes na Natureza como a energia universal.

O uso do método dialético de análise deveria ser fundamental no exercício da política, mas é uma coisa estranha para os capiaus que a exercem aspirando apenas conquistas pessoais; e, pior ainda, pelos autos assumidos “quadros ideológicos” de direita ou de esquerda. E entre estes últimos, os ditos lulo-esquerdistas são incultos e os bolso-direitistas ignorantes.

Daí surge a dialética da confusão. No principal entre os partidos comunistas, o PCB, o populismo demagógico de Lula se confunde no seu discurso socialista; e a insciência da direita bolsonarista chega ao obscurantismo religioso….

Estes dois opostos têm, porém, interesses semelhantes, e vão do culto à personalidade dos líderes à fartura das benesses ofertadas pelos governos. Enfrentam-se numa polarização alimentada pela mídia mercenária para se manter no poder, mas se juntam quando se trata de avançar nos cofres públicos.

Não há exemplo melhor do que a tal anistia das multas por crimes eleitorais cometidos pelos partidos que tramita no Congresso com e a defesa enfática de Gleise Hoffman, presidente do PT sócio do Partido Comunista Chinês e deveria ler os clássicos marxistas para não fazer asneiras….

Assim, se o exercício da política é uma Tese, e o desprezo pela conveniência nacional é uma antítese, e o resultado sintético não poderia ser outro: a Dialética da Confusão.

MIRANDA SÁ – Jornalista profissional, blogueiro, colunista e diretor executivo do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como a Editora Abril, as Organizações Globo e o Jornal Correio da Manhã; Recebeu dezenas de prêmios em função da sua atividade na imprensa, como o Esso e o Profissionais do Ano, da Rede Globo. mirandasa@uol.com.br

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