Por Siro Darlan –
Enquanto a violência cresce em nosso estado, as soluções apresentadas não são as melhores e mais inteligentes.
A classe mais pobre é sempre a maior vítima do estado de coisa crida pelas desigualdades sociais. O IBGE aponta que o Rio de Janeiro é o terceiro estado mais desigual do Brasil, ficando atrás apenas da Paraíba e de Roraima. Da mesma fonte a renda média do trabalhador fluminense é a pior média nacional. O crescimento médio mensal domiciliar por morador no Brasil teve um aumento de 6,9%, enquanto o crescimento no Rio foi de 4%.
Segundo a Agência Nossa, o Rio de janeiro viu disparar a diferença de rendas entre ricos e pobres durante a pandemia, com os indicadores se deteriorando a cada ano, o Rio caiu da 11ª posição para o primeiro lugar do Brasil em desigualdade social, dividindo a posição com o Distrito Federal, historicamente desigual em razão dos altos salários pagos aos servidores públicos e políticos em Brasília. O Rio de Janeiro é ainda o único estado fora das regiões Nordeste e Norte que possui mais de 5% de sua população vivendo em extrema pobreza (menos de US$1,00 por dia), revelado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística na Síntese dos Indicadores Sociais, pesquisa que trata de indicadores como pobreza e desigualdade.
Surpreendentemente, é na capital do estado, precisamente na zona oeste que representa 70% do Rio e tem 41% da população, composta por 43 bairros, contando com praias turísticas, ameaçadas agora de privatização, parques e reservas naturais, palco da maior desigualdade. É a maior área do município e também onde as contradições sociais são mais veementes. De um lado o luxo dos condomínios e shoppings de luxo localizada na Barra da Tijuca e do outro a extrema pobreza do município, justamente onde mais cresce a população de trabalhadores, subjugados pelo arbítrio das milícias responsáveis pelos maiores atos de violência desrespeito aos direitos humanos, onde o estado não se faz presente.
A zona oeste, berço da violência e ocupação pelas milícias sempre foi uma área esquecida pelos poderes públicos. Onde deveria ser uma área de investimentos em políticas públicas prioritárias, olhava-se como se não fizesse parte da cidade, e essa negligência fez com que os espaços fossem ocupados pelo poder paralelo dos criminosos e jagunços dos políticos tradicionais. Outrora berço privilegiado das autoridades coloniais, e ocupado pela especulação dos proprietários de terras, hoje se encontra nas mãos de marginais que manipulam e dominam o povo pobre e desvalido aplicando-lhes taxas de sobrevivência que se sobrepõe aos tributos estatais.
Aqui proliferam os diversos tipos de violência, negligenciados pelos poderes públicos, a política habitacional é assumida pelo poder marginal que ocupa espaços e constrói moradias e prédios sob seu domínio e administração, a ausência de cuidados com a primeira infância e a falta de qualificação e assessoria técnica dos Conselhos Tutelares deixam as famílias órfãs sobretudo de atenção às crianças especiais com os bebês prematuros e com problemas neurológicos.
Essas crianças malcuidadas e mal alimentadas são criadas para sofrer e reproduzir violências nesse criadouro de dor e sofrimento. O transporte dificulta o acesso ao trabalho e condições dignas de sobrevivência e se transforma em campo propício para que cabos eleitorais mantenham sob domínio o “gado humano” que a cada nova eleição reconduzirá aos cargos responsáveis pelas mudanças sociais aqueles que apostam na manutenção da mesma situação, mantendo assim uma população dependente dos “favores eleitorais” que alimenta a corrupção reinante na região de maior população do município. Esse é o projeto político de manutenção da escravidão urbana permanente. Como fazer para mudar?
Educação, educação e educação! Esse é o único caminho de libertação de um povo!
SIRO DARLAN – Advogado e Jornalista; Editor e Diretor do Jornal Tribuna da imprensa Livre; Ex-juiz de Segundo Grau do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ); Especialista em Direito Penal Contemporâneo e Sistema Penitenciário pela ENFAM – Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados; Mestre em Saúde Pública, Justiça e Direitos Humanos na ENSP; Pós-graduado em Direito da Comunicação Social na Universidade de Coimbra (FDUC), Portugal; Coordenador Rio da Associação Juízes para a Democracia; Conselheiro Efetivo da Associação Brasileira de Imprensa; Conselheiro Benemérito do Clube de Regatas do Flamengo; Membro da Comissão da Verdade sobre a Escravidão da OAB-RJ; Membro da Comissão de Criminologia do IAB. Em função das boas práticas profissionais recebeu em 2019 o Prêmio em Defesa da Liberdade de Imprensa, Movimento Sindical e Terceiro Setor, parceria do Jornal Tribuna da Imprensa Livre com a OAB-RJ.
Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com
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