Padre Renato Chiera

“Deixai as crianças virem a mim e não as proibais de vir a mim pois dela é o reino dos céus “. (MT 19,13-15)

Jesus sempre colocou ao centro a criança e nos pede de nos tornarmos como elas para entrarmos no Reino e na realidade de Deus.

Todos temos em nós ainda algo da criança.

Algo bonito, puro, bondoso, solidário.

Porque enterramos estas coisas quando nos tornamos adultos?

Jesus nos pede de voltarmos a sermos crianças ou não nos salvaremos e não construiremos uma sociedade melhor.

Somos chamados a colocar ao centro dos nossos esforços e luta a vida da criança com seus direitos e sobretudo o direito de ser amada e de se sentir filha.

A civilização de uma sociedade se mede pela maneira com a qual trata suas crianças.

Falamos que são o futuro. Mas não cuidamos deste futuro.

Nós adultos muitas vezes não estamos a serviço das crianças para faze-las felizes. Usamos as crianças para nós em tantos sentidos.

Nos primeiros anos sobretudo, precisam de presença de proximidade de amor.

Quando isso não acontece é uma tragédia.

Abrimos buracos- feridas que dificilmente poderão ser curadas.

Jesus ama as crianças.

Briga com os discípulos que querem manda-las embora pois são barulhentas.

Jesus impõe as mãos para mostrar que as ama e protege como um Pai amoroso.

Nós pede de deixar as crianças ir a Ele. E não ser de tropeço.

Criança não é nunca problema. É o maior dom. É o sorriso de Deus.

É o sinal que Deus ainda não se cansou dos homens.

Eu só quero ser amada, nos dizia chorando uma menina.

Eu quero uma mãe e um pai! Ninguém me quer: fica comigo.

Minha mãe prefere o seu homem a mim.

Rejeitar é a maior violência que possamos fazer a nossos meninos.

O amor os faz florescer como o calor faz abrir as flores.

A falta de amor os congela no seu desenvolvimento em todos os níveis.

É triste ver que as criança e adolescentes no Brasil são vistos como ameaça e procuramos nos defender com cadeia ou morte neles.

Já falei muitas vezes.

No Brasil chegamos a declarar guerra a estes nossos filhos que geramos mas não amamos.

É uma tragédia nunca vista. Os criminalizamos e levamos a frente uma política de repressão em vez de procurarmos meios para ajuda-los a crescer sadios e felizes.

O uso de drogas, a violência deles sinaliza que não estão bem, por falta de amor e nós os tratamos com violência sempre maior.

Há 35 anos estamos acolhendo meninos e adolescentes com estes problemas. Nós queremos os piores e aqueles que ninguém quer pois acreditamos na bondade de cada um. Quando tocamos a tecla mais importante do coração deles, a vida renasce. O amor cura e transforma.

Amar não custa nada. È a nossa experiência de muitos anos.

Mas quem acredita nisso?

Jesus condena ao inferno quem escandaliza e estraga uma criança.

Um dia nos dirá: “Eu era menino que precisava ser amado e ter o necessário para viver e vocês me rejeitaram. Ide ao inferno”.

Não tem nada de mais gratificante e importante de que restaurar vidas e fazer brotar a imagem de Deus ferida mas não destruída.

Gravem no coração a imagem de Jesus que abraça e abençoa nossas crianças.

Nos pede de fazer a mesma coisa.

Como você trata teus filhos?

Precisamos reencontrar a ternura e a humanidade.

PADRE RENATO CHIERA é formado em Filosofia com orientação psicológica na Universidade Católica de Milão. Escritor de vários livros, o sacerdote é considerado o “padre de rua” há 37 anos, assim como também é conhecido como o “padre das cracolândias”. É formador social e fundador da Casa do Menor São Miguel Arcanjo, presente há 29 anos no Brasil.


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