Redação –
Seria sensato e prudente o governo Jair Bolsonaro se preparar com um plano de contingência econômica para um cenário de conflito no Oriente Médio. Não se podem prever os acontecimentos, mas nunca antes neste século as probabilidades de guerra estiveram tão altas.
Donald Trump conseguiu uma vitória pontual, relevante para a campanha de reeleição. Está claro, porém, que o Irã não capitulou, e segue em relações fluidas com a China e a Rússia, os grandes adversários dos EUA nesse jogo de poder.
RUMOS DA CRISE – Sobram advertências sobre o rumo da crise. “O campo de batalha com o Irã será em toda a região e possivelmente o mundo”, tem repetido o republicano Richard Haass, presidente do Conselho de Relações Exteriores, organização civil novaiorquina com tradição de influência na política externa americana.
Haass foi assistente especial do ex-presidente George W. Bush, dirigiu as seções de planejamento político do Departamento de Estado e de Assuntos do Oriente Médio no Conselho de Segurança Nacional.
A democrata Susan Rice, prestigiada assessora de Segurança Nacional do ex-presidente Barack Obama e ex-embaixadora na ONU, também tem sido incisiva: “A economia global está ameaçada, já que a infraestrutura de energia e o transporte pelo Golfo correm perigo de ataque.”
PREVENIR DANOS – Os fatos estão aí, e cabe ao governo a prevenção para mitigar danos. A ideia de um “colchão” para a eventualidade de forte subida dos preços do petróleo é razoável. No entanto, é insuficiente, dadas as vulnerabilidades da economia brasileira, em ciclo de baixa produtividade e em recuperação após longo período depressivo.
Um reflexo da fragilidade se vê no comércio exterior. O superávit do ano passado foi de US$ 46,6 bilhões —19,6% mais baixo que o de 2018. O declínio deve continuar neste ano com um saldo até 30% menor, na projeção do Banco Central. O fenômeno é “estrutural”, reconhece o Ministério da Economia.
DESINDUSTRIALIZAÇÃO – Entre as causas está o contraste entre o dinamismo do agronegócio, agora ameaçado pelas incertezas da disputa EUA-China, e a decadência da indústria, sobretudo a de bens de alta tecnologia.
Os dez produtos mais exportados pelo Brasil em 2019 foram commodities, sete com origem no campo. Depois, aparecem semimanufaturados de ferro e aço. O mercado de bens mais sofisticados está reduzido à Argentina, em risco de colapso econômico.
O cenário no Oriente Médio pode ter efeitos corrosivos sobre o comércio brasileiro, caso o Planalto não evite delírios na política externa, em busca de reconhecimento da Casa Branca ao seu alinhamento automático e incondicional a Trump. Isso porque foi do Oriente Médio que o Brasil extraiu mais de 20% do superávit comercial do ano passado. A vulnerabilidade do país impõe ao governo a preparação de um plano de contingência para crise, com bom senso e muito pragmatismo.
Fonte: O Globo
MAZOLA
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