É famoso o mal uso da bela prece atribuída a S. Francisco, o santo da natureza, de que é “dando que se recebe”, para explicar o clientelismo dominante nas práticas políticas nacionais.
Mas pasmem! É de tal extensão a rendição de Lula, do PT e de seus puxadinhos ao conservadorismo corrupto e fisiológico das estruturas dominantes brasileiras, que até esta frase da oração franciscana também foi fraudada.
Pois Lula, com sua passividade irresponsável, está conseguindo o inimaginável, diante do generalizado apodrecimento de nossos costumes e de nossa moribunda república.
Ele acaba de inaugurar o estilo “é dando que NÃO se recebe”!
Em verdade, finda a metade de seu quinto mandato, Lula e o PT não têm, em andamento, sequer uma única proposta de mudança de nossas esclerosadas instituições. Mas tem pago adiantado um preço caríssimo em matéria de deterioração de nossos costumes e de nosso Tesouro Nacional.
O cume desta montanha de excrementos é o volume das emendas controladas pela cúpula de nosso parlamento. O loteamento das estruturas oficiais é a cara disforme de um governo sem rumo. O efeito é um governo cuja única eloquente diretriz é agradar ao baronato financeiro, e anestesiar o povo com políticas sociais compensatórias.
Não me cansarei de advertir sobre o malefício transcendental que esta política de loteamento do orçamento está causando agora, e causará, mais gravemente ainda, no futuro da Nação.
Não se trata de permitir uma sadia influência de parlamentares na orientação dos destinos das verbas públicas, bem ao contrário, trata-se de financiar, de maneira a tornar definitivamente desequilibrada a disputa eleitoral, a prática generalizada da ladroeira e da fisiologia clientelista.
Isso, no mínimo, dispersa os poucos dinheiros que restam para o investimento público, e, no máximo, projetam para o futuro uma maioria ampla de ladrões e reacionários no Congresso Nacional.
É malefício que compromete, de uma vez por todas, qualquer ilusão de que vivemos numa democracia. Este protocolo tão defendido retoricamente não passa, na verdade, de um arremedo de uma casca para a verdadeira natureza do atual regime que, em sua substância, é uma cada vez mais a profunda aliança plutocrata/cleptocrata, ou, como digo, no popular, um processo em sólida eternização, da aliança de barões e ladrões.
Alguém me advertiria de que pelo menos uma “reforma” estaria em andamento, a tentar negar as evidências do que afirmo neste editorial: a reforma tributária. E digo, bem pelo oposto, esta reforma é bem o testemunho da rendição de Lula e do PT. Tramita por iniciativa da fração barão do pacto dominante. Vem do período Bolsonaro, foi consolidada pelo deputado Baleia Rossi, do MDB de São Paulo, desconsidera a tributação minimamente progressiva de patrimônios e rendas, agrava dramaticamente a regressividade da tributação do consumo (e somente trata dele) e apresta-se a fazer nascer a maior alíquota do mundo!
E mais: simplifica a caótica tributação do consumo, mas, ao “acabar com a guerra fiscal”, privilegia os 4 estados mais ricos da federação, anunciando a desindustrialização de todo o “resto” do Brasil. O anunciado fundo de desenvolvimento regional nem de longe resolve esta contradição.
Fora esta, que outra mudança institucional justifica tamanha vassalagem de Lula às deformações gravíssimas de suas relações com a maioria apodrecida do Congresso Nacional?
Ou não é verdade que o PT de Lula acabou de fechar um acordo com o PL de Bolsonaro para eleger um candidato em comum para suceder a Lira?
É do que se trata!
Autor: Ciro Ferreira Gomes, advogado, professor universitário e político brasileiro, filiado ao Partido Democrático Trabalhista (PDT), do qual é vice-presidente, também é editorialista e membro do Conselho Consultivo do jornal Tribuna da Imprensa Livre.
DANIEL MAZOLA – Jornalista profissional (MTb 23.957/RJ); Editor-chefe do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Consultor de Imprensa da Revista Eletrônica OAB/RJ e do Centro de Documentação e Pesquisa da Seccional; Membro Titular do PEN Clube – única instituição internacional de escritores e jornalistas no Brasil; Pós-graduado, especializado em Jornalismo Sindical; Apresentador do programa TRIBUNA NA TV (TVC-Rio); Ex-presidente da Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da Associação Brasileira de Imprensa (ABI); Conselheiro Efetivo da ABI (2004/2017); Foi vice-presidente de Divulgação do G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira (2010/2013).
SIRO DARLAN – Advogado e Jornalista; Editor e Diretor do Jornal Tribuna da imprensa Livre; Ex-juiz de Segundo Grau do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ); Especialista em Direito Penal Contemporâneo e Sistema Penitenciário pela ENFAM – Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados; Mestre em Saúde Pública, Justiça e Direitos Humanos na ENSP; Pós-graduado em Direito da Comunicação Social na Universidade de Coimbra (FDUC), Portugal; Coordenador Rio da Associação Juízes para a Democracia; Conselheiro Efetivo da Associação Brasileira de Imprensa; Conselheiro Benemérito do Clube de Regatas do Flamengo; Membro da Comissão da Verdade sobre a Escravidão da OAB-RJ; Membro da Comissão de Criminologia do IAB. Em função das boas práticas profissionais recebeu em 2019 o Prêmio em Defesa da Liberdade de Imprensa, Movimento Sindical e Terceiro Setor, parceria do Jornal Tribuna da Imprensa Livre com a OAB-RJ.
Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com
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