Por Miranda Sá –
Observei numa rachadura das pedras de uma calçada na minha vizinhança o nascimento vigoroso de uma plantinha, que pelas folhas encorpadas me parece uma leguminosa, quem sabe, um pé de feijão ou ervilha….
Escreveu um poeta que a força vital vence o cimento armado; e eu passei a acreditar nisto, como creio que a Internet e a Inteligência Artificial nasceram para aprimorar a vida humana.
Pouco m’importa se há pessoas que não pensam assim; pois sei que estas não são do time que acarinha um gato e vê brotar uma semente no caminhar pela rua. A gente vem encontrando no dia-a-dia muitos indivíduos cuja alegria fenece diante do novo.
Olhando pelo retrovisor da História um dos deuses da Jurisprudência Olímpica disse outro dia que antes da Internet proporcionar a democracia das redes sociais “era feliz e não sabia”. Concluímos que a sua noção de felicidade se baseia, não no bem-estar social, mas num público amordaçado para não exprimir opiniões.
Será isto uma espécie de ideologia, surgida da nostalgia de um passado analógico, correlato à submissão aos antigos meios de informação que decidiam, pelo interesse do sistema dominante, o que é bom e o que é ruim.
Esta realidade é encontrada na ficção que o filme “Coringa” nos trouxe – a premiada película dirigida por Todd Phillips, com Joaquin Phoenix no papel de Arthur Fleck e Robert De Niro interpretando o apresentador televisivo Murray Franklin.
Arthur Fleck, que trabalhava como palhaço e sonhava em participar de shows humorísticos era uma pessoa isolada, desconsiderada e agredida no ambiente de trabalho e convivia com uma mãe carente e psicótica.
Assistindo num carro do Metrô às provocações de três rapazes, e o assédio deles a uma passageira, sofre uma gargalhada nervosa, doentia, e é agredido pelos ultrajantes, o que desperta a sua personalidade criminosa, matando-os com tiros de revólver.
Pela divulgação por vídeo de uma comédia dele fracassada, é convidado a participar do programa de televisão de Murray, que o ridicularizara pela apresentação ridícula; então comparece à entrevista maquiado de palhaço e com os cabelos coloridos.
Pede para ser chamado de “Coringa”; e no seu discurso final confessa o triplo assassinato, protestando contra o poder político porque vem dele a definição do que é comédia, humor e tragédia.
Arthur encerra seu discurso sobre a sociedade que o marginalizou culpando a televisão por isto; levanta-se e dispara dois tiros em Murray, que morre na hora. O programa é interrompido com ele se dirigindo para a câmera um, se despedindo com o slogan usual: – “Esta é a vida”.
Termina preso, e graças a um desastre com o carro de polícia que o conduzia, é salvo por pessoas usando máscaras de palhaço e é aplaudido pela multidão manifestando protesto.
Como a tevê do Coringa, a tecnologia no Brasil vem sendo condenada pelo sistema, na mesma mistura de realidade e ficção. É, felizmente distinguível, pois vem de um poderoso figurante do Poder Judiciário, o ministro Alexandre de Moraes, ecoando nas bases lulopetistas com um surpreendente apoio.
A surpresa ocorre por contradizer a História da Política, que durante muitos anos mostrou a “esquerda” como progressista e a “direita” como conservadora. Agora, este capítulo traz apenas a mediocridade de uma esquerda populista polarizando com uma direita populista, na disputa pelo poder.
A “esquerda lulista” – que não estudou a dialética – revigora-se no culto à personalidade de Lula –, mas ignora a contradição que nega aos desavisados que o seu líder representa a “vanguarda do atraso” e não do progresso nacional.
Assim, os ofendidos e humilhados pela ignorância vigente na Era Lulopetista não se conformam em ver setores do PSOL atuarem contra o uso da inteligência artificial no sistema educacional do Estado de São Paulo.
Os verdadeiros democratas se revoltam em ver o deputado Orlando Silva do Partido Comunista do Brasil, agora transformado num puxadinho do PT, dizer que é “inevitável” a regulação das redes sociais.
Felizmente podemos exaltar a Tecnologia em nome dos estudantes brasileiros do Sesi Araras (SP) que conquistaram uma vitória inédita no Champion’s Award, o maior torneio de robótica do mundo realizado em Houston, EUA.
Mas temo por eles. Pode até ser que em vez de aplausos na sua volta ao Brasil, sejam presos, porque a Tecnologia é criminalizada pelos fundamentalistas do obscurantismo jurídico.
MIRANDA SÁ – Jornalista profissional, blogueiro, colunista e diretor executivo do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como a Editora Abril, as Organizações Globo e o Jornal Correio da Manhã; Recebeu dezenas de prêmios em função da sua atividade na imprensa, como o Esso e o Profissionais do Ano, da Rede Globo. mirandasa@uol.com.br
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