Por Miranda Sá –
Não precisa ter o invejável QI dos gênios; basta ter a mente aberta, com boa informação e dispor de independência intelectual, para não suportar a infame polarização eleitoral dos extremismos auto assumidos “de direita” e “de esquerda”.
A ideologia distorcida dos dois segmentos políticos usada para cativar a simpatia das massas ignorantes, tem o nome de “Populismo”, termo dicionarizado como “o modo de governar em que certa pessoa procura conquistar a liderança de uma nação usando o mecanismo governamental” (e o dinheiro público) para isto.
Esta acepção é moderna; a palavra “populismo” vem do Império Czarista Russo, onde auto assumidos “populistas” pregavam a revolução camponesa, visando transferir o poder político às comunas por meio de uma reforma agrária radical.
Utilizado pela primeira vez no Império Russo, o populismo surgiu mais tarde nos Estados Unidos com um tal “Partido do Povo”, propondo o incentivo à pequena agricultura através de uma política monetária e de crédito expansionistas.
A definição atual veio após as experiências fascistas e stalinistas na Itália e na Rússia ocorridas no século passado. Estas trazem reflexões para a direita e para a esquerda. A primeira vem do sociólogo norte-americano Seymour Martin e a outra do pensador italiano Antônio Gramsci.
Seymour defende a tese de que o populismo seria uma característica de Direita baseada na hegemonia política das classes médias, apoiadas pelos estamentos mais pobres da periferia urbana e campesina, como fez Mussolini, imitado por Hitler na Alemanha nazista.
Do outro lado, a visão marxista de Gramsci aborda a historicidade das revoluções francesa e americana, refletindo que o populismo surge num estágio em que a burguesia perde a capacidade de liderança, mas os trabalhadores não a assumiram, transferindo-a então para uma personalidade da sua simpatia.
Nestes dois pontos de vista encontramos a convergência de atribuir o exercício do poder populista a um líder carismático. Caem assim na teoria simplificada no modelo de governo paternalista, onde o chefe da Nação usa o poder para mobilizar a massa e organiza-la em “movimentos” financiados por esmolas sociais, afim de se perpetuar no poder.
Cachoeiras de palavras não bastam para mostrar como o populismo é prejudicial a um povo e a um País. Não há justificativa imparcial nem explicação escapatória e não deve ser visto com indiferença.
Tomemos por exemplo a leniência jurídica com o crime e os criminosos. O atrevimento juvenil ainda me revolta assistindo os exemplos baixados pelo STF pelo vil “garantismo populista” que representa o fim da Justiça boa e perfeita que todos queremos.
Tampouco podemos admitir a hipocrisia dos pelegos sindicais no poder com Lula da Silva, servindo como exemplo da negociata política com os trezentos picaretas do Congresso. É assim que o Presidente-Turista e o seu ministério medíocre desenham a mais abjeta forma de populismo.
Por fim, os truques do populismo hipócrita não se limitam ao lulopetismo, revelam o que fez seu sinistro antecessor, Jair Bolsonaro, derrotado nas eleições após criar um “populismo fardado”, sindicalizando militares pelegos malquistos nas FFAA que, em boa hora, abortaram uma tentativa de golpe de Estado.
Nos ninhos de serpente que acolhem os ovos do populismo e da corrupção, lembram a passagem bíblica de Adão e Eva, que pode ensinar a nos livrar do mal: Se o casal divino em vez de comer o fruto proibido tivesse matado a serpente, a humanidade estaria livre dos populistas demagogos.
MIRANDA SÁ – Jornalista profissional, blogueiro, colunista e diretor executivo do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como a Editora Abril, as Organizações Globo e o Jornal Correio da Manhã; Recebeu dezenas de prêmios em função da sua atividade na imprensa, como o Esso e o Profissionais do Ano, da Rede Globo. mirandasa@uol.com.br
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