Por Eusébio Pinto Neto –
A organização da classe operária por meio do movimento sindical permitiu que os trabalhadores alcançassem direitos que jamais seriam conquistados sem luta e resistência.
A democracia se constrói com a igualdade de direitos, logo, é indispensável que o trabalhador se levante contra a exploração. Na semana em que a Constituição Federal, considerada uma das mais avançadas do mundo, completou 35 anos, a cidade de São Paulo parou.
As greves nos setores de transporte público, Sabesp e Embraer demonstram que o sindicalismo brasileiro está mais forte do que nunca e com muita determinação para reverter o retrocesso no país. Apesar de todos os ataques sofridos nos últimos anos, o movimento sindical resistiu. Viramos o jogo quando conseguimos eleger um presidente, oriundo da classe operária, que conhece as mazelas do país e trabalha para diminuir a miséria através da distribuição de renda.
A paralisação teve como objetivo protestar contra a privatização dos serviços públicos no estado de São Paulo. As linhas de metrô de São Paulo, que foram privatizadas, estão sob o controle de bancos e grandes corporações. Apesar de oferecer um serviço de qualidade inferior, as companhias privadas recebem mais subsídios do governo estadual do que as linhas públicas, considerando o número de passageiros transportados. Transporte público é direito social, portanto, deve ser controlado pelo governo.
A greve levantou a discussão sobre o projeto neoliberal do governador bolsonarista Tarcísio de Freitas, que também pretende privatizar a Sabesp, a terceira maior empresa de saneamento básico do mundo. O Brasil não será controlado pelos especuladores. Nos países mais ricos do mundo, como Estados Unidos, China, Japão, Alemanha, Inglaterra, Índia, França e Rússia, o transporte é controlado pelo governo.
Este movimento representa o nosso legado. Nós, que lutamos para derrubar a ditadura militar, paralisando o país nos anos 80, conseguimos formar uma nova geração de sindicalistas. A greve tem um papel crucial porque ajuda a consciencializar a sociedade, além de melhorar as condições de trabalho e de justiça social. Esse processo de transformação resulta em mudanças sociais e legislativas que beneficiam não somente os trabalhadores, mas também a sociedade.
Vivemos uma conjuntura favorável para o fortalecimento dos sindicatos. Com um governo que tem diálogo com os sindicatos e o retorno da fonte de custeio, estamos preparados para enfrentar o capital e combater a onda de mentiras contra os sindicatos.
Esses ataques têm por objetivo fazer com que a sociedade esqueça que os sindicatos atuam para proteger a dignidade e a qualidade de vida de todos.
EUSÉBIO PINTO NETO é presidente do SINPOSPETRO-RJ e da FENEPOSPETRO
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