Por Pedro do Coutto –
A decisão do governo de Israel de asfixiar totalmente a Faixa de Gaza, base do Hamas, e as ações do grupo terrorista que atacou Tel Aviv no sábado com mísseis, ocupou áreas da região e sequestrou reféns, são fatos que sucedidos pelos confrontos intensos tornam o conflito com consequências imprevisíveis, podendo até atingir profundamente o equilíbrio entre as grandes potências.
A asfixia à Faixa de Gaza implica no corte de energia elétrica, abastecimento de água, bloqueio de alimentos e combustíveis numa região de cerca de 500 quilômetros quadrados, mas densamente povoada com cerca de dois milhões de habitantes. A Faixa de Gaza, conforme a GloboNews avaliou na tarde de segunda-feira, equivale à Zona Oeste do Rio de Janeiro, incluindo Jacarepaguá e mais algumas localidades do subúrbio carioca.
TIRANIA – O bloqueio israelense representa, de fato, a condenação à morte de centenas de milhares de pessoas que não possuem vinculação com o conflito, mas se encontram subordinadas à tirania do Hamas e aos seus métodos de luta terrorista. O governo brasileiro, como é natural, condenou o atentado contra Tel Aviv, mas não incluiu o nome do Hamas no capítulo de terror com que marcou as ações no fim de semana.
Israel deseja também uma invasão terrestre e convocou para a luta, que deve ser longa, 300 mil reservistas do país, homens e mulheres. A luta prossegue em grandes proporções. A situação, como podemos observar, se agravou. A ameaça do cerco total à Faixa de Gaza pode levar a uma comoção mundial e a um panorama de desespero, recaindo sobre as próprias áreas de ambos os lados que se encontram em conflito.
Ontem, China e Rússia se pronunciaram pelo cessar fogo, mas não condenaram a ofensiva desencadeada pelo Hamas no amanhecer do último sábado. A ONU, cujo Conselho de Segurança, neste mês, está sendo presidido pelo Brasil, mantém-se em reunião permanente na tentativa remota de conter o avanço da guerra e estabelecer o cessar fogo. O Hamas ameaça matar os reféns que levou de regiões israelenses para o seu QG em Gaza. Ameaçam matá-los a cada ataque israelense através de sua artilharia ao território que ocupa.
IMPRENSA – Na tarde e na noite de segunda-feira, a GloboNews, a TV Globo e a CNN abriram grandes espaços ao conflito, da mesma forma que O Globo, a Folha de S. Paulo e o Estado de S.Paulo nas edições impressas nesta terça-feira. As imagens são aterrorizantes e mostram com nitidez os efeitos da tragédia que mais uma vez explodem na região. É preciso destacar a atuação dos profissionais de Imprensa que se aproximam a poucos metros do teatro de operações, como se chama os espaços físicos de uma guerra, arriscando as suas vidas.
Aguardemos, portanto, o fim das destruições, sobretudo porque as reconstruções exigem muito mais tempo. Com as guerras, a espécie humana, isso sim, perde tempo e as gerações sofrem os efeitos.
DESENROLA – O ministro Fernando Haddad, matéria de João Sorima Neto, O Globo de ontem, lançou na cidade de São Paulo a plataforma de renegociação das dívidas a serem ressarcidas através do programa “Desenrola Brasil”. Mas 57% ainda não acessaram o programa aberto na internet, o que está preocupando a Fazenda quanto ao êxito da operação.
A operação abrange dívidas de até R$ 5 mil; 44% não se habilitaram e 13% não acessam a internet. O Ministério da Fazenda terá que adotar um sistema de inscrição mais simples para atender aos objetivos do programa. Um dos pontos sensíveis, entretanto, é que as dívidas podem ser parceladas em até 60 prestações mensais com base no fundo garantidor do Tesouro de R$ 8 bilhões para garantir os pagamentos aos bancos e às lojas, caso venham a ocorrer falta de pagamentos.
Destaco que os juros do refinanciamento são de 1,99% ao mês para uma inflação esperada de 4,2% este ano, segundo o IBGE. Uma taxa de quase 2% mensais resulta num montante anual em cerca de 30%. Os salários, claro, não progridem nesta velocidade. Surge um novo obstáculo.
MEDALHISTA – O presidente Lula da Silva deve parabenizar a grande atleta Rebeca Andrade pela conquista da medalha de ouro no mundial de ginástica e também cumprimentar a equipe brasileira que na competição em conjunto alcançou a medalha de prata por uma pequena diferença em relação à equipe dos Estados Unidos.
Rebeca Andrade merece uma homenagem especial, como a que Juscelino Kubitschek destinou à Maria Ester Bueno quando ela conquistou Wimbledon em 1959. Ofereceu um almoço à grande tenista.
PEDRO DO COUTTO é jornalista.
Enviado por André Cardoso – Rio de Janeiro (RJ). Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com
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