Redação –
Um dia após a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apoiadores do agora ex-presidente Jair Bolsonaro, ainda concentrados em frente ao QG do Exército, viviam um clima de despedida. Na manhã desta segunda-feira, alguns desmontavam suas barracas, enquanto outros embarcavam em ônibus fretados para voltar para casa em outros estados.
Pela manhã, um grupo de 50 pessoas do estado do Mato Grosso embarcava em um dos veículos depois de permanecer 15 dias acampado em Brasília.
AOS PRANTOS – A comerciante Márcia Regina, de 45 anos, que estava acompanhada da filha, Tamires, de 18, não escondia o choro ao colocar duas malas no bagageiro do veículo. Ela disse que esperava alguma reação dos apoiadores de Bolsonaro para ontem, dia da posse, algo que não aconteceu.
— São 15 dias de dedicação patriótica. Ninguém aqui acreditava que esse petista (Lula) iria subir a rampa. Estou triste porque fiz muitos amigos aqui, e agora sinto que é a hora de voltar para casa. Já deu. Não tem como lutar mais. Não chegaram as instruções que esperávamos do nosso capitão — disse, em referência a Bolsonaro.
Uma prima de Márcia, que não quis dizer o nome, a amparava enquanto também enxugava as lágrimas. E a 100 metros dali, outro ônibus, de uma empresa de turismo do Espírito Santo, fazia o embarque de cerca de 30 bolsonaristas.
EXÉRCITO AJUDA – Embora boa parte das tendas e barracas ainda esteja montada no local, o Exército trabalhava na manhã desta segunda-feira para retirar estruturas deixadas pelos manifestantes. A reportagem contou 92 barracas e 30 tendas apenas no acampamento localizado na frente do QG. Há ainda outras duas áreas laterais onde os manifestantes acampam.
O acampamento ainda conta com banheiros químicos, barracas de alimentação e outras estruturas improvisadas. Caminhões de lixo recolhiam entulhos e plástico acumulado ao longo de semanas. E dois caminhões guinchos davam suporte para desmontagem de barracas maiores.
ESPERANÇA DE VOLTAR – Um dos apoiadores de Bolsonaro que ainda permaneciam no local, o despachante Marcelo Joaquim Coelho, de 24 anos, disse que alguns dos manifestantes que foram embora deixaram as estruturas para trás na esperança de voltar. Na avaliação de Coelho, porém, desta vez “parece que acabou mesmo, pois tem mais gente saindo”.
Segundo o Exército, cerca de 300 pessoas ainda permaneciam no local nesta segunda-feira, um número bem menor que as cerca de 2,5 mil pessoas que se concentraram lá no auge das manifestações antidemocráticas que contestavam, sem provas, o resultado das urnas e pedia uma intervenção dos militares para que Lula não assumisse o governo.
“No meio de dezembro, havia uma estimativa de 300 a 500 pessoas nos dias úteis, chegando aos fim de semana de 1.500 a 2500 pessoas. A atualização neste momento é de 300 pessoas, mas existe a expectativa de que haja um esvaziamento ao longo da semana”, diz uma nota encaminhada ao GLOBO.
DISSE O CABO – Um dos militares responsáveis pelo trabalho de retirada das tendas e barracas do local, identificado apenas como “cabo Rocha”, afirmou que as estruturas retiradas ficarão guardadas no QG do Exército caso alguém queira recuperar depois.
— A gente está levando lá para o quartel. Aí se o cara quiser ou a empresa quiser, busca lá — afirmou o cabo Rocha, que disse estimar em pelo menos 1 mil pessoas no local, número bem acima do que o informado oficialmente pelo Exército.
Ao longo das últimas semanas, muitos cachorros de rua passaram a morar no acampamento, por causa dos restos de comida deixados na região. Nesta manhã, muitos animais vasculharam o lixo, enquanto outros dormiam debaixo de tendas vazias, em cima de lonas deixadas por quem já saiu do acampamento. (Fonte: O Globo)
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Dino diz que acabou a época do “liberou geral” para armas
O novo ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, explicou os principais pontos do decreto do presidente Lula que revoga decisões de Jair Bolsonaro que facilitavam o acesso às armas. A minuta do decreto foi publicada pelo Congresso em Foco nesse domingo (1), antes de o presidente assinar a norma.
Em entrevista coletiva concedida logo após assumir o ministério, nesta segunda-feira (2), Dino também anunciou que determinou à Polícia Federal que identifique os responsáveis pelos atos golpistas realizados em várias partes do país desde a proclamação do resultado da eleição presidencial. “Há orientação para perseguição? Não. Há orientação para vingança ou retaliação? Também não. Não pode ter orientação para conivência e omissão”, afirmou.
Segundo o ministro, punir os responsáveis pelos atos criminosos tem caráter preventivo “para não haver a interpretação equivocada de que em razão da subida da rampa tudo foi esquecido”, disse. “Seria uma omissão criminosa”, acrescentou.
Grupo de trabalho
Flávio Dino também afirmou que será criado um grupo de trabalho com a participação de integrantes do Ministério da Justiça e de outras pastas, do Conselho Nacional de Justiça e do Ministério Público, e entidades da sociedade civil. O GT vai se debruçar sobre outras restrições ao acesso às armas.
Caberá à equipe, segundo ele, definir se as armas permitidas continuarão autorizadas ou se terão seu uso restrito, e o que acontecerá com as armas existentes que deixarão de circular. “É a transição do regime do liberou geral para o controle responsável das armas”, declarou Flávio Dino.
O ato assinado por Lula restringe os quantitativos de aquisição de armas e munições de uso permitido; e suspende tanto a concessão de novos registros de clubes e escolas de tiro quanto a concessão de novos registros CACs.
Também estabelece o cadastramento obrigatório de armas, inclusive para aquelas já registradas em outros sistemas de controle. As armas de fogo de uso permitido e de uso restrito, adquiridas a partir da edição do Decreto nº 9.785, de 2019, deverão ser cadastradas no Sistema Nacional de Armas (Sinarm) no prazo de até 60 dias.
Assista à íntegra da entrevista de Dino:
Leia também: Flávio Dino assume Ministério da Justiça e promete descobrir quem matou Marielle
Fonte: Congresso em Foco
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