Por Pedro do Coutto –

A partir de 1º de janeiro, começou o tempo de ações concretas para cumprir os compromissos assumidos na campanha eleitoral. Problemas evidentemente não faltam e as facilidades que envolvem os projetos teóricos desaparecerão, dando lugar à realidade.

No dia de ontem, tivemos uma surpresa. Aliás, duas. O general Hamilton Mourão, senador eleito pelo Rio Grande do Sul, criticou forte e quase nominalmente o ex-presidente Jair Bolsonaro pelo silêncio com o qual marcou os últimos dias e o último ato de seu governo.

DECRETO – Surpresa também tivemos na contradição do decreto de redução de 50% nas contribuições de grandes empresas para o PIS e Cofins no caso de aplicações feitas no mercado financeiro com títulos de renda fixa. Esta decisão foi focada na excelente matéria de Adriana Fernandes, neste domingo, no Estado de S. Paulo. A redução das contribuições para o PIS afeta também o fundo dos trabalhadores das empresas privadas e estatais nas contas dos trabalhadores. O decreto deverá ser revogado, está claro.

Em matéria de tributação, Cássia Almeida, O Globo, destaca que o governo Lula da Silva tem pela frente desafios urgentes, a exemplo da reforma tributária e o combate ao trabalho informal. Este, como já escrevi diversas vezes, reduz tanto a receita do INSS (partes das contribuições das empresas e dos trabalhadores), quanto a arrecadação do FGTS.

PRONUNCIAMENTO  –  Numa reportagem excelente, Jussara Soares e Daniel Gullino, O Globo, destacam amplamente o pronunciamento na noite de 31 de dezembro feito pelo presidente em exercício, Hamilton Mourão. Substituído como candidato à vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro pelo também general Braga Netto, Mourão (que na minha opiniao nao votou pela reeleição) sustentou que “lideranças que deveriam tranquilizar e unir a Nação em torno de um projeto de País, deixaram com que o silêncio ou o protagonismo inoportuno e deletério criasse um clima de caos e de desagregação social e de forma irresponsável deixaram que as Forças Armadas de todos os brasileiros pagassem a conta, para alguns por inação, e para outros por fomentar um pretenso golpe”.

As afirmações do general Hamilton Mourão, hoje senador eleito, acrescentaram que ele desejou ratificar a preservação da democracia, de nossos valores do Estado de Direito e pela consolidação de uma economia liberal, forte, autonomia e pragmática.

Mourão também atacou os representantes dos três Poderes, a quem culpabilizou de “vilipendiar e sabotar” o projeto de consolidação de uma economia liberal na atual gestão, e que afirmou estarem “pouco identificados com a promoção do bem comum”. Ao citar os três Poderes diretamente, Moura incluiu o próprio Executivo do qual fez parte. A partir de agora veremos a repercussão deste pronunciamento e do discurso de Lula na tarde de ontem ao assumir a Presidência da República.

Cerimônia de posse do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto

JOVENS SEM EMPREGO – Na edição de ontem do Estado de S. Paulo, Luiz Guilherme Gerbelli focaliza um problema extremamente grave  que muitas vezes os especialistas da matéria econômica e social não levam em conta em termos de importância e extensão. É o caso dos jovens que chegam à idade de trabalhar e não encontram colocação.

Não estão desempregados porque não eram empregados, mas ficam à margem do mercado produtivo. No momento, acentua a reportagem, existem no país um milhão de jovens qualificados em busca de uma oportunidade. Perde a juventude, perde o INSS e perde o FGTS.

PEDRO DO COUTTO é jornalista.

Enviado por André Cardoso – Rio de Janeiro (RJ). Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com


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