Por Sérgio Vieira –
Portugal / Europa – Séc. XXI.
A exemplo de “nuestros hermanos” espanhóis, Portugal nesta época do ano é pródigo em espetáculos tauromáquicos. Eu não só abomino, como também me sinto no direito de ser crítico relativamente às pessoas que pagam ingresso para ver um espetáculo sanguinário e dantesco. Evocam os defensores de tal ato, as tradições seculares do país. Ora, tradições, uma vírgula… Se ainda houvesse como no tempo da Roma antiga a tradição do sacrifício de Virgens para aplacar a ira dos Deuses e fosse evocada essa tradição, teríamos até hoje estes sacrifícios de Virgens. O mundo evoluiu. As tradições em alguns casos foram alteradas, seguindo o rumo de um povo que se quer civilizado e culto o tanto quanto possível. É de minha autoria a frase de que “O ser vivo mais inteligente em uma tourada, é o próprio touro”.
O regozijo e o sangue nos olhos de quem assiste uma tourada, é algo que só pode ser explicado por especialistas em comportamentos humanos. Respeito opiniões. Há quem não goste de futebol (eu adoro!) e sigo religiosamente daqui de Portugal o meu Fluminense, como também sigo a par e passo o meu Benfica aqui na terrinha.
O respeito pelas opiniões é um direito democrático e constitucional, só não o é quando estes mesmos valores ferem as mais básicas leis da vida. As touradas não respeitam a vida. Para gáudio de algumas centenas de mentecaptos que encorajam e defendem a tauromaquia, vai daqui todo o meu repúdio e desprezo.
É triste ver um pobre touro que já entra dopado na arena, ser repetidamente espetado por farpas, muitas das vezes vergando-se sobre os seus próprios joelhos e com a língua de fora numa total agonia.
Agora mesmo anunciaram na TV uma corrida de touros que irá se realizar, pasmem! por anões, e com touros de pequeno porte. Material importado da nossa vizinha Espanha. Se diz por aqui, que “da Espanha, nem bons ventos nem bons casamentos.” O ministro da cultura português já se indignou chamando o espetáculo de, e passo a citar: “ Um espetáculo deprimente e um ataque à dignidade humana”. O espetáculo é uma “brincadeira”, aonde até crianças participam, entram na arena e tudo o mais, não pondo em cheque a integridade física nem das crianças nem dos mini-toureiros, mas, mais do que o espetáculo dos dribles aos tourinhos, é a exposição e ridicularização dos próprios anões. Peões de um espetáculo circense.
As touradas em Portugal, se regem pelo “princípio” de que não pode haver a morte dos touros em plena arena. Coisa que não é o aplicado aqui aos vizinhos espanhóis, que não só se deleitam com a agonia do touro durante a corrida como também reagem freneticamente à sua execução em plena praça.
Já não olho com bons olhos à, digamos “inofensiva” largada de touros em honra de San Firmin que se realiza em inícios de julho na Catalunha aonde são soltos vários touros pelas ruas perseguindo centenas de corredores trajados a rigor, todos de branco e com um lenço vermelho atado ao pescoço. Corrida feita pelas ruas da cidade de forma tresloucada e em velocidade vertiginosa, quase sempre envolvendo feridos e por vezes até mortes dos participantes, normalmente turistas que se metem aonde não são chamados, e poucos habituados a essas lides. Vem crescendo em Portugal os movimentos anti-touradas e afins, aos quais o governo vai empurrando com a barriga, sob a alegação da defesa e preservação das tais tradições populares.
As touradas nada mais são do que um ato de covardia, pura e simples.
O partido político português PAN (Pessoas Animais e Natureza) é um acérrimo defensor do fim de tais práticas. Mas coitados, só tem um representante no parlamento português, nada podendo fazer para que passe quaisquer emendas no sentido de se pôr termo a essas tristes práticas. Sou visceralmente contra as touradas e vibro quando de soslaio assisto a vitória do touro contra seus agressores. Já rejeitei veementemente convites para assistir a touradas, sempre com o meu parecer cáustico de que aquilo não passa de uma prática absurda e repugnante. Não sou bem quisto por parte daqueles que me convidam e se deslocam até as arenas para se deleitarem com o quase certo triste fim do touro. Resisto firmemente a esses convites por mais que me façam de bom grado e às vezes por amigos mais chegados, mas também estas pessoas por já saberem do meu asco por touradas não me fazem o convite duas vezes. Face a isto, com todas as maleitas e falcatruas, feitas dentro e fora dos gramados, bendito seja o nosso querido e apaixonante futebol.
Como rezam os hinos, sou Tricolor de coração…, e tenho na alma a chama imensa de ser Benfiquista!
SÉRGIO VIEIRA – Colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre, representante e correspondente internacional em Aveiro, Portugal. Jornalista, bancário aposentado, radicado em Portugal desde 1986.
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