Por Miranda Sá

“O homem não é nada além daquilo que a educação faz dele” (Immanuel Kant)

Já é a terceira ou quarta vez que abordo este tema desde que iniciei a publicação de artigos pelo Blog. Faço-o agora pela necessidade de reciclá-lo em virtude de um fato que ocorreu semana passada quando acompanhei a minha mulher no hospital aonde se submeteu a um procedimento médico.

Enquanto esperávamos a autorização do Plano de Saúde (cuja burocracia é revoltante no nosso caso, pela Unimed) os assentos na sala de espera estavam ocupados; o porteiro amavelmente me ofereceu a sua cadeira defronte da entrada.

Dali passei a observar as idas e vindas de funcionários, pacientes e visitantes. O jovem atendente abria a porta para todos, que o agradeciam com palavras, meneios de cabeça ou gesticulação simpática.

Então chegou um cidadão de jaleco com identificação “dr. fulano-de-tal”; homem de meia idade, corado e bem fornido como aqueles personal trainer da propaganda televisiva. O porteiro abriu a porta e ele adentrou sem sequer olhar para o atendente e voltou alguns minutos depois com o mesmo comportamento deplorável.

Esse “doutor” é o tipo que não recebeu educação nem aprendeu com os pais e professores que “bom dia”, “obrigado” e “por favor”, não custam nada, pode-se gastar à vontade…. Aquele indivíduo a quem minha mãe chamava “filho de chocadeira”….

É quando entra o entendimento do que é Educação. Muito mais do que a simples ministração cultural acumulada por gerações; é a práxis da polidez, que a sabedoria popular ensina que se deve tratar os outros como gostaria de ser tratado…

Indo aos dicionários, encontramos o substantivo feminino Educação de etimologia latina (educatio, -onis) derivada do verbo (educare), que contém a ideia de conduzir às normas do trato social.

O verbo educar significa instruir sobre a importância da capacidade intelectual, moral e física da pessoa humana, um aprendizado que é necessário ao desenvolvimento da personalidade.

A transmissão do saber é relativamente ampla em todos os níveis escolares presenciais, além do acesso aos conteúdos educacionais disponíveis na rede mundial de computadores, o chamado “on-line learning”.

O estudo exige disciplina, método e reflexão. Quatro mil anos se passaram da época em que Confúcio ensinava que “aprender sem refletir é desperdiçar a energia”; o que nos leva a ver a didática requerendo dos educadores atenção, experiência e principalmente boa formação intelectual.

Trata-se de um investimento para o futuro como alertou Pitágoras ao ensinar que “eduquem as crianças e não será necessário castigar os homens”.  E não são poucos homens e mulheres que merecem castigo pelo despreparo, incompetência e ignorância.

Sofremos no Brasil com isto ao assistir a falta de educação cívica dos governantes no enfrentamento da epidemia do novo coronavírus. Restam poucos e realçam mais os mercenários do que os iludidos, entre os que apoiam a diabólica procrastinação e até a estúpida desconfiança sobre a vacinação infantil.

No meio desses acompanhantes do negativismo, há alguns auto-assumidos “monarquistas”, grosseiros seguidores do capitão Bolsonaro – o presidente necrófilo, que deu “boas vindas” à variante “ômicron”.

São “monarquistas” que desconhecem a brilhante figura do imperador Pedro II, cuja cultura humanista nos deixou a bela alocução:

“Se eu não fosse imperador, desejaria ser professor. Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro”.

MIRANDA SÁ – Jornalista profissional, blogueiro, colunista e diretor executivo do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como a Editora Abril, as Organizações Globo e o Jornal Correio da Manhã; Recebeu dezenas de prêmios em função da sua atividade na imprensa, como o Esso e o Profissionais do Ano, da Rede Globo. mirandasa@uol.com.br


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