Por Terezinha Saraiva

Não só o Brasil, mas o mundo está vivendo desde o início de 2020 um dos momentos mais difíceis e dolorosos com a pandemia.

As notícias diárias abalam nossos dias. A tristeza e o receio têm afastado nossa alegria de viver.

Por esta razão, quando se sabe ou se lê uma notícia que nos traz alegria e emoção, seu teor cresce de importância, de significação. Nossas almas se enchem de esperança, acreditando que conseguiremos ultrapassar esse momento tão difícil e triste, vislumbrando um mundo melhor, no qual as pessoas tenham as mesmas oportunidades de alcançar seus objetivos, transformando sonhos em realidade.

Não sei se vocês leram a matéria publicada no O Globo do dia 25 de julho, intitulada “Da escola pública para universidade na França”.

Franciele Abreu, 20 anos, moradora de São Gonçalo, filha de uma professora de educação infantil e de um motorista, fez o ensino médio no CIEP Leonel de Moura Brizola, em Niterói. Essa é uma das escolas públicas de tempo integral e bilíngue da rede estadual do Rio de Janeiro.

Nessa escola, Franciele iniciou seus estudos de francês, idioma que ela sempre teve vontade de aprender.

Ouçamos Franciele: “Eu não sei explicar, exatamente, a razão desse sonho, mas desde criança tinha vontade de aprender francês. No fim do ensino fundamental, soube que Niterói, cidade vizinha de São Gonçalo, contava com uma escola que tinha esse projeto. Busquei informações, e vi a oportunidade de estudar um idioma extremamente elitizado, com mensalidades de cursos que a minha família não poderia pagar. Tem muito do meu esforço nessa conquista, sim, mas preciso valorizar o papel da escola pública na minha formação. Sempre me encorajaram a seguir os meus sonhos e garantiram que eu teria condições de chegar lá”.

Ao terminar o curso médio, Franciele participou de uma seleção de candidatos para prosseguir seus estudos em uma universidade francesa, Nanterre, para realizar o curso de Direito. Foi aprovada na entrevista e nas provas.

Franciele está agora diante de outra batalha para conseguir recursos financeiros que a ajudem a custear a moradia na França, uma vez que ela não conta com uma bolsa para isso.

Alexandre Valle, secretário estadual de Educação declarou que “está estudando uma forma de garantir a permanência no exterior de estudantes da rede pública que sejam aprovados em cursos superiores fora do Brasil. Não faria sentido que uma aluna da rede pública fosse aprovada para uma universidade estrangeria e não pudesse realizar o curso por falta de recursos”.

Franciele, com sua história onde se destacam a perseverança, a dedicação aos estudos, a luta para realizar seu ideal, a crença de que a educação é o mágico instrumento para a conquista dos ideais de uma pessoa é um case de incentivo aos estudantes.

Ela merece todos os aplausos. Sua história foi um refrigério nesse momento tão triste que estamos vivendo por causa da COVID-19.

Não posso terminar o artigo sem falar que há outra pessoa que merece ser lembrada e aplaudida. É Wilson Risolia, ex-secretário estadual de educação do Rio de Janeiro que, em sua gestão criou as primeiras escolas de ensino médio bilíngue e de tempo integral, nascidas dos entendimentos que realizou com vários países, estabelecendo parceria com governos de países estrangeiros.

Wilson Risolia, que continua trabalhando com dedicação, criatividade e entusiasmo pela causa da educação, deixou seu nome gravado na história da educação do Rio de Janeiro, pelo excelente trabalho realizado.

Ele, sem dúvida, concorreu para que Franciele realizasse, hoje, seu ideal.

TEREZINHA SARAIVA é educadora e ex-secretária de Educação do Rio de Janeiro.

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