Redação

Medalhas na ginástica artística, surfe, skate, tênis: os atletas brasileiros vêm cravando conquistas históricas nos Jogos Olímpicos de Tóquio. O Brasil não deixa a desejar em esportes em que tem tradição, como judô e natação, e há grandes expectativas de mais pódios nos próximos dias em modalidades que domina, como futebol, vôlei e atletismo.

Medalhas na ginástica artística, surfe, skate, tênis: os atletas brasileiros vêm cravando conquistas históricas nos Jogos Olímpicos de Tóquio. O Brasil não deixa a desejar em esportes em que tem tradição, como judô e natação, e há grandes expectativas de mais pódios nos próximos dias em modalidades que domina, como futebol, vôlei e atletismo.

A ginasta Rebeca Andrade se tornou neste domingo (1°) a primeira atleta brasileira a conquistar duas medalhas em uma mesma Olimpíada. Um ouro, no salto, e uma prata na individual geral da ginástica artística, na quinta-feira (29), ao som do funk “Baile de Favela”, que estamos ouvindo aí ao fundo. Esse foi, aliás, foi o primeiro pódio olímpico do Brasil na ginástica artística feminina.

Como Rebeca, os atletas brasileiros vêm marcando a história dos Jogos Olímpicos, como o primeiro ouro da história do surfe na competição, com Ítalo Ferreira. Também tivemos as pratas no skate de Kelvin Hoefler e Rayssa Leal, que, com 13 anos, é a brasileira mais jovem a conquistar a uma medalha olímpica. No sábado, foi a vez da dupla Luisa Stefani e Laura Pigossi trazerem, pela primeira vez em uma Olimpíada, uma medalha para o tênis brasileiro. Tivemos também os bronzes de Mayra Aguiar e Daniel Cargnin, no judô, e de Fernando Scheffer e Bruno Fratus na natação.

Uma semana inteira de pódios que emocionaram os brasileiros, como explicou Rebeca Andrade depois de conquistar a prata à SporTV. “Essa medalha não é só minha, é de todo mundo. Todo mundo sabe da minha trajetória, do que eu passei e se eu não tivesse cada pessoa dessa na minha vida isso não teria acontecido e eu tenho total consciência disso. E, com certeza, Deus me protegendo, me capacitando pra eu brilhar hoje aqui. Então, eu sou muito grata a todo mundo”, disse.

A responsabilidade de representar o povo brasileiro é algo que marca o espírito dos medalhistas, dos mais experientes aos mais jovens, como afirmou a skatista Rayssa Leal, a “fadinha do skate”, durante coletiva de imprensa na segunda-feira (26) em Tóquio. “Eu fico muito feliz que o skate esteja podendo transformar, e de saber que a gente está representando muito bem o nosso país, com as nossas medalhas, com a nossa bandeira estampada no peito e de estar se divertindo, que é a melhor coisa a se fazer. Estar podendo realizar esse sonho e de todos os brasileiros é muito gratificante para mim”, declarou.

A espiritualidade dos atletas também é levada ao pódio. O surfista Ítalo Ferreira preparou inclusive um mantra para os Jogos Olímpicos, como revelou, muito emocionado, logo depois da conquista do ouro, em entrevista à Rede Globo. “Eu vim com uma frase para o Japão: ‘diz amém que o ouro vem. E veio. Eu acreditei até o final. Eu treinei muito nos últimos meses e Deus realizou o meu sonho. Eu só tenho a agradecer a Deus, em primeiro lugar, por me dar a oportunidade de fazer o que eu amo, ajudar as pessoas, ajudar a minha família. Fui para dentro da água, sem pressão, fazendo o que eu amo e eu consegui o que eu queria, graças a Deus.”

Vitórias do Brasil ganham destaque no mundo

A performance do Brasil nos Jogos Olímpicos de Tóquio tem forte repercussão também fora do país. Para o jornalista esportivo francês Farid Achache, da redação francesa da RFI, isso se deve a uma principal mudança em relação às últimas participações do Brasil nas Olimpíadas.

“É interessante porque, em relação à 2016 no Rio, o Brasil ganhou medalhas rapidamente em esportes tradicionais, como o judô, por exemplo. E hoje temos um país que tem sucesso em esportes que recém chegaram às Olimpíadas, como o surfe e o skate. Mas, para mim, a vitória mais importante é realmente a medalha na ginástica artística. Afinal, é muito difícil vencer as nações que lideram nestas modalidades e essas medalhas [conquistadas por Rebeca Andrade] são, de fato, um grande feito”, avalia.

Forte repercussão na França também da vitória da adolescente Rayssa Leal, ovacionada pelo jornal L’Equipe. “A juventude assumiu o poder na estreia histórica do skate nos Jogos de Tóquio”, escreve o diário esportivo. “Rayssa é uma estrela planetária”, reiterou a TV France 24.

Para Farid Achache, ter uma população jovem é uma grande vantagem do Brasil no esporte. Como o jornalista lembra, nesta edição dos Jogos, dos 301 atletas brasileiros, 174 são novatos na competição.

“O Brasil é um país de jovens, é preciso reconhecer isso. A França, faz parte, de como chamamos aqui, do Velho Continente. E de fato, nossa população tem uma grande parcela de gente mais velha. O Brasil, como os países da América do Sul, e da África também, contam com essa energia da juventude. E o fato de o Brasil ter conquistado uma medalha por uma menina de 13 anos é uma espécie de mensagem. Aliás, é uma ‘piscadinha de olhos’ de toda a população sul-americana que é muito mais jovem que nós”, reitera.

Grandes expectativas de pódios

Mesmo com uma delegação menor do que na última Olimpíada, o Brasil quer ultrapassar as 19 medalhas que conseguiu no Rio, em 2016, quando terminou a competição em 13° na classificação geral. O país tem grandes chances de pódios no futebol masculino e no vôlei masculino e feminino, no boxe com Beatriz Ferreira e Hebert Conceição, e na canoagem com Isaquias Queiroz. Muita expectativa também com Martine Grael e Kahena Kunze, na vela, e no atletismo, com os velocistas Alison Santos, Caio Bonfim e Erica Sena, com arremessador de pesos Darlan Romani e no salto com vara com Thiago Braz.

Fonte: UOL/RFI


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