Redação

A grande marca do depoimento de Eduardo Pazuello na CPI da Covid foi o esforço para proteger Jair Bolsonaro. Para isso, valeu “matar no peito” a responsabilidade pelos erros e omissões no combate à pandemia, além de distorções grosseiras da realidade.

No acumulado de dois dias de depoimento, o ex-ministro exagerou. Nesta quinta (20), ele chegou a dizer que não havia comprovação da eficácia de medidas de distanciamento.

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Pazuello atua como advogado de defesa de Bolsonaro (Reprodução)

TUDO PELO CHEFE – Pazuello ignorou o consenso da comunidade científica sobre a necessidade de isolamento para evitar que o chefe fosse acusado de sabotar essas medidas.

O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) apontou que Pazuello tenta acobertar os atos de Bolsonaro. “O sr. falhou. E tenho absoluta convicção de que não falhou por decisão sua”, declarou. O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), acrescentou: “Essa história de que um manda e outro obedece não funciona”.
Renan diz que Pazuello mentiu 14 vezes e pede serviço para checar informações

RENAN E AS MENTIRAS – O relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), apontou mentiras no depoimento do ex-ministro Eduardo Pazuello e pediu ao presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), para “contratar um serviço para fazer uma procura online, uma varredura das mentiras ou verdades pronunciadas”.

“Já tivemos uma primeira amostragem das contradições. O depoente em 14 oportunidades mentiu flagrantemente”, afirmou Renan.

Um exemplo foi Pazuello ter negado inércia na negociação com a Pfizer e afirma que até pressionou a empresa por recuo nas cláusulas impostas.

PRESSÃO NA PFIZER – O ex-ministro negou que a sua gestão tenha ignorado as ofertas de venda de vacinas da Pfizer, afirmando que manteve pressão sobre a empresa para que mudasse as cláusulas impostas.

Pazuello repetiu diversas vezes em sua gestão que a Pfizer impôs cláusulas leoninas, como imunidade para eventuais efeitos colaterais da vacina, aceitar só ser julgada nos Estados Unidos e garantia de pagamento em instituições no exterior.

“Foi constante a pressão para que se reduzisse as cláusulas”, afirmou Pazuello, que completou que os brasileiros não são “caloteiros”.

ALEGA PAZUELLO – “A minha posição com a Pfizer era que ela flexibilizasse para o Brasil, porque não tínhamos lei para isso”, afirmou. O ex-ministro voltou a afirmar que havia proposto mudança na legislação, mas os departamentos jurídicos dos outros ministérios foram contrários, afirmando que a iniciativa deveria partir do Congresso.

Pazuello então afirmou acreditar que uma proposta de Medida Provisória para alterar a legislação e permitir ao poder público assumir as responsabilidades impostas pelos laboratórios nem chegou à mesa do presidente Jair Bolsonaro.


Fonte: Folha de SP