Por Miranda Sá

“Para fazer um tolo compreender é necessário dar-lhe cocorotes na cabeça, enquanto para o inteligente basta uma palavra” (Provérbio persa)

Sem cocorotes, torna-se muito difícil aos tolos compreenderem o trágico momento da pandemia. Tangidos por negacionistas no poder, levantam a justa bandeira da liberdade religiosa para defender igrejas de portas abertas, sem ver que se trata de uma medida emergencial e temporária para defender vidas. A Liberdade é um bem.

Antes disto, estes mesmos patetas, ouvindo “a voz do dono” (antiga propaganda da RCA/Victor), combatiam os avanços científicos das máscaras, do distanciamento, do isolamento e cuidados nos contatos familiares, mas contra as medidas preventivas evocam um deus restrito a quatro paredes das igrejas….

Dando um triste exemplo, assistimos os malabarismos negacionistas do presidente Bolsonaro, se desdizendo para esconder a sua obsessão de enfrentar a lógica preventiva. Foi assim que convocou uma reunião com empresários, em que esteve representada ficcionalmente a empresa Lúcifer & Cia. Ltda., que explora os tolos em transações necrófilas.

O Anjo Caído, que preside o Conselho Diretor da L&C, sabe melhor do que ninguém que “os tolos representam quatro quintos da humanidade” conforme constatou Marc Twain, e para eles dá 50% de desconto na compra do produto da moda, o negacionismo.

Assim, vê-se formarem filas de néscios para comprar o negacionismo luciferiano, uniformizados com a camiseta do besteirol e gestos que agradam o aprendiz de ditador, para exibi-lo nas redes sociais. Ao receberem uma crítica, agridem quem os contradiz indignados e raivosos.

São organizados sob o comando de um esperto, poucos, mas ruidosos, repetindo as palavras-de-ordem do interesse do poder; quando ouvem “um chega prá lá” recebem de imediato a solidariedade dos colegas que compõem os quatro quintos da humanidade….

Perguntem a estes boçais qual é a diferença entre um berrante gaúcho e o shofar judeu, e ele certamente abordará o formato ou o som produzido, embora envolvido neste contexto. Adianto-lhes: ambos são feitos de chifres e emitem sons parecidos; e a diferença é que o shofar é tocado em serviços religiosos e o berrante para recolher o gado….

Alguém já disse – perdoem-me esquecer quem foi -, que “vale mais uma hora de sábio que a vida inteira de tolo”, pensamento lúcido que infelizmente não chegou ao ouvido dos brasileiros e por isso os broncos se juntam aos picaretas e ganham as eleições chegando ao poder. E logo se colocam acima das leis e da consciência social.

Um dos presidentes da República eleito e reeleito pelos palermas dos quatro quintos brasileiros – Lula da Silva –, além das medidas provisórias vendidas e das propinas recebidas, cometia os erros idiomáticos do linguajar de pelegos sindicais, e era aplaudido por acadêmicos.

Entre inúmeras condecorações recebidas, esse sentenciado em duas instâncias por corrupção e lavagem de dinheiro, foi brindado por várias universidades com o título “Doutor Honoris Causa”; e agora, sob aplausos dos lorpas socialisteiros, foi inocentado por firulas jurídicas no STF garantindo-lhe a impunidade, não pelo analfabetismo, mas pela desvairada corrupção.

O atual presidente, chefe da seita que se auto assume como “de direita” e “conservadora” é, no outro extremo, um apedeuta grosseiro e presumido, e também com desvios rasteiros de corrupção pelas “rachadinhas” e “cheques do Queiroz”, e nem para deleitar os tolos fanáticos que o seguem, não rem moral para queixar-se do seu adversário…

Neste quadro insólito de cinquenta tons desarmonizados, eu gostaria de vacinar os tolos azuis e vermelhos que protagonizam o avesso pastoril da politicagem; mas como disse Voltaire:

– “É difícil livrar os parvos das correntes que eles próprios veneram”.


MIRANDA SÁ – Jornalista profissional, blogueiro, colunista e membro do Conselho Editorial do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como a Editora Abril, as Organizações Globo e o Jornal Correio da Manhã; Recebeu dezenas de prêmios em função da sua atividade na imprensa, como o Esso e o Profissionais do Ano, da Rede Globo.