Por Isa Colli

Um dia aula pelo computador, outro dia aula presencial. Quase um ano depois do início da pandemia, a maioria das crianças brasileiras ainda não retornou às aulas normais na sala de aula. Com os índices de contaminação e morte pela Covid-19 ainda altos, as escolas estão priorizando a segurança sanitária, optando pelo ensino híbrido, no qual as aulas presenciais são alternadas com as remotas. Com os alunos organizados por grupos em dias ou semanas alternados, os educadores estão conseguindo evitar as aglomerações. E como fica o emocional das crianças nessa história? É quase impossível não se estressar com essa alternância entre a convivência presencial e a virtual.

A psicóloga clinica Adriana Cavalcante diz que há expectativas de todos os lados em relação à educação das crianças e adolescentes, depois de tanto tempo de confinamento. Toda a comunidade escolar tenta se equilibrar em uma solução para esse novo normal que a vida acadêmica e social nos apresenta. “O ensino híbrido não é a solução ideal, e sim a possível para os alunos do ensino fundamental e médio nesse primeiro semestre de 2021”, avalia a especialista.

“Quem ganha com aulas híbridas? Ninguém. Mas é a única forma possível das aulas acontecerem nesse momento, ainda de tantas incertezas. Principalmente porque a pandemia ainda não acabou. O distanciamento social, o uso de máscaras e o álcool em gel são necessários”, completa.

Adriana reuniu 10 dicas para minimizar esse impacto das aulas híbridas para alunos, pais, professores, diretores e coordenadores de escola.

  1. Pais ou responsáveis e alunos devem tentar manter uma rotina, a mais parecida possível com as aulas presenciais antes da pandemia, ou seja, manter os horários e dormir cedo no dia anterior às aulas para o aluno acordar disposto. Não é incomum o estudante ligar o computador, desligar a câmera e o microfone e dormir nas aulas (os pais precisam estar atentos!);
  2. Manter os intervalos para que os alunos que estão assistindo aulas online possam se levantar, ir ao banheiro e fazer pequenos lanches;
  3. Estimular o aluno a descansar e/ou brincar um pouco ao final das aulas. É importante também diminuir as atividades no celular e uso de jogos eletrônicos, nos dias em que o estudante passar muitas horas assistindo aula pelo computador;
  4. Quando os pais ou responsáveis chegarem do trabalho, devem perguntar como foram as aulas, sejam elas presenciais ou online;
  5. Quando chegar do trabalho e nos fins de semana, os pais devem separar um tempo para ficar só com a criança ou adolescente, seja dando um passeio ao ar livre, jogando ou vendo um filme juntos;
  6. Evitar encher a agenda da criança e do adolescente com muitas atividades (inglês, ballet, luta, futebol, etc). Nesse momento, deixar apenas uma atividade extraclasse, de preferência um esporte para que possam extravasar suas energias acumuladas em casa;
  7. Os pais podem dizer ao filho que esse novo formato de aula para eles também é uma novidade e um desafio e, juntos, eles podem vencer esse momento tão inusitado;
  8. Pais e alunos podem pedir ajuda aos professores, coordenação e direção da escola nas adaptações dessas aulas híbridas;
  9. Pais e alunos podem formar grupos de WhatsApp para, juntos, tirarem dúvidas de toda essa nova rotina escolar.
  10. Deixe a criança ter autonomia para participar da aula e tente só interferir quando ela precisar de ajuda. Se ela ficar nervosa, por exemplo, devido a algum estresse da aula virtual, como a tela travar ou ela não conseguir ouvir a professora e os amigos, aí sim é hora de entrar em ação. Proponha um exercício de respiração, passe confiança e ajude-o a resolver o problema.

Em breve, tudo voltará ao normal, mas até que isso aconteça, todos nós precisamos reforçar o lado emocional!


ISA COLLI – Escritora ítalo-brasileira, de Presidente Kennedy, Espírito Santo, atualmente reside em Bruxelas, na Bélgica. Jornalista, membro do Conselho Consultivo e colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre. Começou a escrever aos 12 anos, sempre preocupada com o futuro do meio ambiente, e como ensinar as crianças a preservá-lo, atenta aos anseios humanos e às suas dúvidas em relação à vida. Seu primeiro livro foi editado em 2011. O romance, ‘Um Amor, um Verão e o Milagre da Vida’. Porém a partir de 2013, consagrou seu tempo à literatura infantil e conta em 2019 com mais de dez títulos editados, que abordam temas como a sustentabilidade e a necessidade de proteção ao meio ambiente, o respeito pelo próximo, a tolerância às diferenças e a valorização do consumo de alimentos saudáveis e sem agrotóxicos. A autora tem por alicerce a família, em especial, o esposo José Alves Pinto e os filhos Valdeir e Philip. E o sonho de transformar o mundo por meio da escrita, que é o seu principal combustível.