Redação –
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse na manhã desta sexta-feira, dia 8, que não comparecerá à posse do presidente eleito Joe Biden, no dia 20, sendo o primeiro líder americano a fazê-lo em 152 anos. A declaração veio 15 horas após Trump se comprometer com uma transição pacífica, prometendo “reconciliação” após seus defensores invadirem o Capitólio para tentar impedir a certificação da vitória de Biden.
“Para todos aqueles que têm perguntado, eu não vou à posse no dia 20 de janeiro”, disse sucintamente o presidente, sem citar o nome de seu sucessor. O anúncio coincide com uma série de demissões — entre elas, as de duas secretárias do Gabinete presidencial —, que buscam se distanciar da toxicicidade do Salão Oval. Os democratas, em paralelo, tentam impedir que Trump complete os 12 dias de mandato que lhe restam, e se preparam para dar entrada em um novo processo de impeachment.
SIMBOLISMO – A presença de Trump na cerimônia de posse não é necessária para que a transferência de poder ocorra, mas é um símbolo de saúde das normas democráticas. Biden, no passado, chegou a afirmar que não fazia questão da presença de seu antecessor na cerimônia, mas que considerava sua participação importante para os EUA.
Trump será o quarto presidente da História dos EUA a se recusar a participar da cerimônia simbólica de passagem do poder: os outros três foram John Adams, John Quincy Adams e, por último, Andrew Johnson, em 1869. O único ex-presidente republicano vivo, George W. Bush, anunciou nesta semana que irá à posse do presidente eleito.
Segundo fontes na Casa Branca, há discussões sobre o presidente deixar de vez a Casa Branca no dia 19 de janeiro, um dia antes da posse. A especulação é que ele vá para Mar-a-Lago, seu resort na Flórida, onde decidiu que irá morar após o fim do mandato. Pessoas próximas ao vice-presidente, Mike Pence, sinalizaram que ele pretende comparecer à posse, mas que ainda não recebeu um convite formal.
RECUO – O tuíte de Trump é um recuo do vídeo gravado na noite de quinta, destoando de seu tom habitual, disse que o momento dos EUA é de “reconciliação” e “cura”, condenou a invasão ao Capitólio e prometeu uma transição de poder pacífica, reconhecendo pela primeira vez que um novo governo tomará posse no dia 20. Como é seu modus operandi, a trégua não durou sequer um dia.
Trump se vê cada vez mais isolado, após a alta cúpula republicana romper com o presidente diante do caos na capital, tal qual seu próprio vice. Na Casa Branca, o número de demissões só cresce: para além de Betsy DeVos e Elaine Chao, as secretárias de Educação e de Transportes, uma série de funcionários de escalões inferiores também abandonam. Entre eles, Mick Mulvaney, o ex-chefe de Gabinente que atuava como enviado especial à Irlanda do Norte.
DENÚNCIA – O presidente corre ainda o risco de ser denunciado formalmente caso as investigações concluírem que ele foi responsável por incitar a invasão do Capitólio, que deixou cinco mortos. Segundo o promotor interno da capital, Michael Sherwin, “todos os atores” estão sendo investigados, inclusive o chefe de Estado.
Segundo a imprensa americana, integrantes do Gabinete chegaram a discutir recorrer à 25a emenda para afastar Trump do poder por incapacidade — segundo a CNBC, o chefe da Diplomacia, Mike Pompeo, e o do Tesouro, Steve Mnuchin, estariam neste grupo. Isto, no entanto, demandaria do endosso de Pence, que indicou não ter interesse em fazê-lo.
IMPEACHMENT – As lideranças democratas no Congresso, por sua vez, já disseram que se Pence não ativar a 25a emenda, irão dar entrada em um processo de impeachment contra o presidente. A presidente da Câmara, Nancy Pelosi, fará uma videoconferência com outros deputados democratas nesta tarde para definir os próxios passos, mas tudo indica que a abertura dos procedimentos é iminente.
Para que o impeachment seja aprovado na Câmara, é necessário dois terços dos votos, algo que a maioria democrata não deverá ter problemas de conseguir. Há, no entanto uma série de dúvidas sobre se haveria tempo hábil para realizar os procedimentos. Outra incógnita é o que acontecerá quando o processo chegar ao Senado, controlado por republicanos até que o resultado do segundo turno na Geórgia seja certificado.
POSICIONAMENTO – O líder da Casa, o republicano Mitch McConnell, foi um dos que condenou veementemente o ocorrido na quarta-feira, mas ainda não está claro qual será sua postura caso um processo de impeachment chegue novamente ao Senado.
No fim de 2019, a Câmara aprovou o impeachment de Trump por obstrução de Congresso e abuso de poder, mas o Senado o rejeitou. Na ocasião, o presidente era acusado de abuso de poder e obstrução do Congresso por pressionar autoridades ucranianas a realizar investigações que lhe trariam benefícios políticos.
Fonte: O Globo
MAZOLA
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