Redação

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse ao O Globo que o presidente Jair Bolsonaro se referia ao setor público ao afirmar que o Brasil está “quebrado”, em conversa com apoiadores nesta terça-feira, dia 5. Guedes afirmou ainda que o presidente demonstrou, durante sua fala, a necessidade de respeito ao teto de gastos para controlar as despesas da União.

“Ele está se referindo, evidentemente, à situação do setor público, que está numa situação financeira difícil. Porque, depois dos excessos de gastos cometidos por governos anteriores, quando chegou o primeiro governo falando que vai cortar forte, foi fulminado pela pandemia. Nós estamos reconhecendo a dificuldade da situação, mas decididos a enfrentar. Nós vamos seguir com as reformas estruturais. Foi só isso”, disse Guedes, afirmando que compartilha do mesmo diagnóstico do presidente de que a situação do setor público ficou difícil.

SACRIFÍCIO – Guedes disse que o governo fez um forte sacrifício com corte de gastos no primeiro ano do governo, mas o plano foi inviabilizado pela pandemia, sendo necessário aumentar os gastos públicos. As despesas para conter os efeitos do vírus vão levar o governo a registrar um rombo de quase R$ 900 bilhões em 2020.

“É um governo que fez sacrifícios e de repente é fulminado por um raio, que foi essa doença, e gasta 10% do PIB. É tarefa de Sísifo, o cara que empurrava as pedras até lá em cima e os deuses derrubavam a pedra para o cara empurrar tudo outra vez. É evidente que o presidente está se referindo à situação do setor público”, disse Guedes.

RECUPERAÇÃO – O ministro destacou que a economia está se recuperando dos impactos da Covid-19. Disse que os gastos voltarão a ser controlados em 2021 e que o plano do governo para economia segue o mesmo: as reformas estruturais como o Pacto Federativo e a reforma administrativa.

“A economia voltou em V, o setor privado está decolando de novo. Nós somos talvez a única economia que não perdeu emprego no setor formal. Na recessão de 2015 nós perdemos 1,5 milhão de empregos, na recessão de 2016 nós perdemos 1,3 milhão. E na recessão de 2020 nós perdemos zero empregos no mercado formal”, afirmou o ministro.

Guedes disse que o governo encontrou as finanças públicas “muito fragilizadas” e adotou medidas para controlar os gastos, citando como exemplo a reforma da Previdência. “Os gastos com a Previdência iam subir R$ 100 bilhões por ano. Nós cortamos esse aumento”,afirmou.

JUROS DA DÍVIDA – De acordo com o Guedes, o governo também conseguiu reduzir em R$ 100 bilhões por ano os gastos com juros da dívida. E ainda reduziu a relação dívida/PIB no primeiro ano de governo, em 2019. “No primeiro ano nós derrubamos a dívida/PIB. Nós desalavancamos os bancos públicos e desinvestimos R$ 250 bilhões de subsidiárias (de estatais). A gente caiu de 76,4% para 75,4% (da dívida/PIB). Foi uma queda expressiva”, disse.

Em 2020, a dívida deve subir para próximo de 90% do PIB por conta dos gastos com a pandemia. Os dados oficiais serão divulgados no fim do mês. Guedes também citou menos gastos com servidores públicos: “Controlamos também o salário do funcionalismo. O primeiro governo que ficou três anos seguidos sem dar aumento de salário. Não demos em 2019, não demos em 2020 e garantimos que até dezembro de 2021 não vai ter aumento”.


Fonte: O Globo