Redação

O deputado Arthur Lira (PP-AL), candidato a presidente da Câmara, disse que o atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), quer que os deputados trabalhem em janeiro para favorecer seu “projeto pessoal de sucessão”. O mês costuma ser de recesso no Congresso.

A declaração do deputado foi por meio de sua conta no Twitter neste domingo (20.dez.2020). “Centenas de deputados têm compromisso em suas bases e já fizeram suas agendas – percorrendo os municípios e já iniciando o diálogo com os novos prefeitos eleitos”, escreveu Lira.

“Boa parte do que está parado poderia ter sido votada, por entendimento do colégio de líderes. Coisa que não aconteceu”, afirmou Lira.

Maia e Lira estão em disputa por causa da sucessão na principal cadeira da Casa. Enquanto o deputado do PP é candidato, o do DEM tenta fazer o sucessor. O STF (Supremo Tribunal Federal) proibiu Maia de concorrer novamente, intenção que diz que nunca teve.

O grupo político do atual presidente da Câmara foi reforçado pelos partidos de oposição na 6ª feira (18.dez.2020). Se todos os deputados das siglas alinhadas a cada grupo votassem segundo o alinhamento do partido e a eleição fosse hoje, o bloco de Maia teria votos para vencer.

A eleição, porém, é em 1º de fevereiro e, como o voto é secreto, os partidos não têm como impedir que seus filiados não sigam suas diretrizes.

O candidato de Maia ainda não foi divulgado. Os mais cotados são Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) e Baleia Rossi (MDB-SP). Os partidos de oposição também pretendem ter candidato, mas tendem a convergir pelo nome ungido por Maia no 2º turno.

O atual presidente da Câmara tem defendido que é necessário o Congresso trabalhar em janeiro para votar propostas que julga urgentes, como a PEC (proposta de emenda à Constituição) Emergencial. O texto permite que o governo corte gastos obrigatórios para as contas não saírem do controle.

Mais cedo, Maia voltara a defender que o Congresso trabalhe no mês. A manifestação também foi pelo Twitter. A publicação de Arthur Lira pode ser considerada uma resposta.

A disputa entre os 2 grupos tem tido os seguintes eixos:

  • Governismo – Maia tem afirmado que eventual presidência de Lira retiraria a independência da Câmara. Isso porque o deputado do PP se aproximou de Jair Bolsonaro ao longo de 2020 e é o favorito do Planalto.
  • Centralismo – Lira tem dito que Maia centralizou as decisões na Casa e retirou dos demais deputados as possibilidades de ter algum protagonismo. E também tem negado que sua gestão faria da Câmara um “puxadinho” do Planalto.

Lira é o favorito do Planalto porque Rodrigo Maia, ao longo de sua gestão, entrou em conflito com o governo e impediu que pautas caras ao bolsonarismo fossem adiante. É importante para o Executivo ter aliados nas presidências de Câmara e Senado porque é prerrogativa dos cargos decidir quais projetos as Casas analisarão.

Maia precisou se aproximar dos partidos de esquerda para manter sua influência, o que aumentou ainda mais seus conflitos com o Planalto. O ministro da Economia, Paulo Guedes, acusa o deputado de atrasar votações de privatizações para agradar aos partidos de oposição. Maia nega.


Fonte: Poder360