Por José Carlos de Assis

Em entrevista à jornalista Leda Nagle, distribuída em rede da internet, a médica brasileira Lucy Kerr, de São Paulo, teria apresentado evidências de que o Covid-19, ou Coronavírus, está sendo dominado. Isso é verdade, sim, porém mediante experiências in vitro. O remédio para prevenção e cura do vírus seria a ivermectina, desenvolvido décadas atrás para diferentes enfermidades e em diferentes países, mas agora aplicado em clínicas em pacientes do Covid-19.

A professora esclareceu que, devido à características mutantes do Covid-19, as notícias sobre suas propriedades de cura da pandemia são recentes, por conta da própria expansão do vírus. Ela tem tratado vários pacientes com sucesso, mas não há garantia de sucesso para todos. Sua expectativa é de que, mais rápido do que a obtenção de algum resultado com o acordo com a a universidade de Oxford para desenvolver uma nova vacina, gastando milhões de dólares, o Governo mude sua linha de prevenção e de cura para a ivermectina, na medida em que as pesquisas avançarem, sem abandonar, porém, a estratégia do isolamento social.

O tratamento recomendado, usado por alguns médicos, é de 2mcg por quilo da pessoa, uma vez por mês, durante três meses. A grande vantagem é de que a produção é livre, já que o prazo das patentes dele está esgotado. Isso significa que todos os laboratórios, inclusive os públicos, podem produzi-lo, representando considerável redução de custos de prevenção e de cura, junto com outras doenças, para países pobres como o Brasil, rompendo a cadeia de monopólios e oligopólios da indústria farmacêutica privada.

Relativamente a acordos milionários feitos pela USP e pela Fiocruz, este com a Universidade de Oxford, para a produção de vacinas, é difícil que não sejam cercados de suspeita. Primeiro, no caso da Fiocruz, é dinheiro demais: 200 milhões de dólares da parte brasileira. Segundo, não há transparência financeira: afinal, um ministro da saúde que não entende nada da área não é insuspeito por si mesmo. Finalmente, não se sabe se vai funcionar, ou mesmo das futuras condições de comercialização, caso se chegue a esse estágio, ou seja, se é patente livre ou não. A Fiocruz é uma entidade reconhecida pela seriedade, mas o atual Ministério da Saúde, não.

Ainda sobre a eficácia da ivermectina, um médico paulista, O Dr. Ricardo Gama, tem orientado com sucesso dezenas de pacientes para se protegerem contra o coronavírus, ou mesmo se curarem, com esse medicamento. Um empresário paranaense, Francisco Simeão, ele próprio em grupo de risco, ficou tão entusiasmado com as informações e com a entrevista que teve com o médico que encomendou preventivamente kits do medicamento para ele próprio e para a família. O jornalista Alexandre Garcia abordou o tema, porém de forma sensacionalista e na fronteira do fake news.

Segundo o dr. Gama, qualquer um que pegar uma gripe forte e sentir os sintomas do Covid-19 pode falar com ele para iniciar de imediato o tratamento da doença, logo no primeiro dia, sem custos. Ato contínuo, deve fazer o teste de Covid. Alguns dias depois, se der positivo, provavelmente a doença já estará curada ou em fase final de cura. E, se der negativo, o tratamento também não terá feito mal. E é virtualmente de graça e inócuo, pois o remédio, originalmente, não é para vírus, mas para bactéria, aplicado para, entre outras doenças, matar carrapatos em cavalos.

O surpreendente nesse processo é a omissão das autoridades médicas convencionais e da Anvisa em particular diante dessa alternativa de tratamento. As notícias sobre testes com ivermectina, in vitro, tiverem algum êxito na Austrália no início do ano. Há uma letargia absurda tendo em vista o fato de que estamos diante de uma pandemia, e não diante de uma “gripezinha” qualquer. As autoridades médicas do Brasil e do exterior deveriam se mover imediatamente diante de uma notícia de cura, como aconteceu em Belém do Pará e na cidade boliviana de Entre Rios, não obstante a frustração na Austrália em testes in vivo.

Na realidade, ou há inépcia, ou há muito dinheiro envolvido. E o mais surpreendente de tudo é que, diante da possibilidade de sucesso do medicamento, como relatado, já há até mesmo promotores públicos com ameaças de processo contra o Dr. Gama, aparentemente a serviço da indústria farmacêutica. A acusação é usar tratamento da doença de acordo com protocolos não aprovados pela corporação médica, simplesmente ignorando que quem morre não espera, sobretudo quando se adota medicamento aprovado e de uso geral. De qualquer modo, em lugar do desespero, deve-se entender que ainda não há garantia absoluta de cura para o coronavírus fora do isolamento social, ao contrário do que pratica Bolsonaro.


JOSÉ CARLOS DE ASSIS é presidente do recém criado Movimento Popular pela Justiça Social, responsável pela formulação de estratégias para o combate ao coronavírus e à depressão econômica, agravados principalmente pela inação administrativa e política de um mau Governo / Jornalista, economista, escritor, professor de Economia Política e doutor em Engenharia de Produção pela Coppe/UFRJ, autor de mais de 25 livros sobre Economia Política. Colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre. Foi professor de Economia Internacional na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), é pioneiro no jornalismo investigativo brasileiro no período da ditadura militar de 1964. Autor do livro “A Chave do Tesouro, anatomia dos escândalos financeiros no Brasil: 1974/1983”, onde se revela diversos casos de corrupção. Caso Halles, Caso BUC (Banco União Comercial), Caso Econômico, Caso Eletrobrás, Caso UEB/Rio-Sul, Caso Lume, Caso Ipiranga, Caso Aurea, Caso Lutfalla (família de Paulo Maluf, marido de Sylvia Lutfalla Maluf), Caso Abdalla, Caso Atalla, Caso Delfin (Ronald Levinsohn), Caso TAA. Cada caso é um capítulo do livro. Em 1983 o Prêmio Esso de Jornalismo contemplou as reportagens sobre o caso Delfin (BNH favorece a Delfin), do jornalista José Carlos de Assis, na categoria Reportagem, e sobre a Agropecuária Capemi (O Escândalo da Capemi), do jornalista Ayrton Baffa, na categoria Informação Econômica.