Redação

O Psol está enfrentando um processo de brigas internas que se intensificaram nos últimos dias, resultando, inclusive, na saída do presidente do partido, Juliano Medeiros, do grupo de Whatsapp do Diretório Nacional da sigla. As brigas internas começaram quando uma ala do partido resolveu, à revelia da ala majoritária, apresentar na Câmara um processo de impeachment contra o presidente da República, Jair Bolsonaro.

Na época, conforme o Congresso em Foco mostrou, o Diretório Nacional da agremiação emitiu um comunicado público, afirmando que não era posição da legenda pedir o afastamento de Jair Bolsonaro. Fontes ouvidas pela reportagem afirmaram que o grupo majoritário na legenda, que venceu a última disputa pela presidência do Diretório Nacional, acredita que “o Psol radical não evolui” e com isso não se torna um partido relevante no debate.

A líder da sigla na Câmara, Fernanda Melchionna (RS), e os deputados David Miranda (RJ) Sâmia Bomfim (SP), entraram com o processo de impeachment pois acreditam que “Bolsonaro tem sido criminoso em sua conduta e a irresponsabilidade dele pode trazer sérios riscos à vida das pessoas e à saúde nacional, aprofundando a crise em vez de resolvê-la”. Porém, a “ala voltada ao diálogo”, conforme denominou uma fonte do partido que pediu para não ser identificada, acreditava que não tinha como se entrar com um pedido de impeachment sem ter um clamor popular para isso.

De lá pra cá, o acirramento das discussões foi aumentando, chegando ao ponto de um dos membros chamar o presidente do partido, de “presidente de merda”. O fato foi citado pelo próprio Juliano numa conversa que teve pouco antes de sair, por vontade própria, do grupo da diretoria, diálogo esse ao qual o Congresso em Foco teve acesso.

“O Psol está enfrentando uma crise interna”, afirmou taxativamente um fonte ao site. “Eu não diria que há uma crise, são discussões comuns para um partido com tantas correntes como Psol”, amenizou outra fonte.

O fato acontece em meio a tentativa da direção do partido de ampliar o diálogo com outras legendas do campo da esquerda e numa mudança de posicionamento referente ao impeachment de Jair Bolsonaro. Diante da saída do ex-ministro Sergio Moro do governo e das acusações que ele fez contra o chefe do Executivo, a ala majoritária do partido passou a apoiar o afastamento do presidente.

E foi justamente nesse momento de ampliar o debate e atrair apoio para o impeachment que a discussão se intensificou. “Não tem como ter impeachment sem apoio popular, agora, com toda essa questão do ministro Moro, acreditamos que seja o momento”, afirmou uma fonte de dentro do Diretório Nacional do partido.

As tendências políticas costumam ter um peso muito grande dentro do Psol e em ano de congresso do partido, que seria o caso de 2020, o clima costumeiramente ficar ainda mais quente. Devido a pandemia do coronavírus, o congresso foi adiado para 2021, estendendo por mais um ano a permanência de Juliano Medeiros na presidência da legenda. Todos esses impasses, somados ao impeachment protocolado sem consenso de todo o grupo, causou o racha.

“As discussões dentro do Psol sempre foram muito acaloradas, é muita paixão envolvida”, tentou amenizar uma fonte ligada ao Diretório Nacional.

Ao mesmo tempo em que internamente o partido apresenta divisões, externamente ele vem tentando angariar novos apoios.

Nomes como Glauber Braga, Chico Alencar, Milton Temer, Monica Iozzi e Camila Morgado passaram a ser novos signatários do pedido de impeachment que inclui agora um aditivo que cita os crimes de responsabilidade denunciados por Sergio Moro em coletiva.

“Apoiaremos qualquer medida que encurte a permanência de Bolsonaro na presidência da República, seja o impeachment, pelo qual o partido trabalhará, mas também ações como a cassação da chapa Bolsonaro-Mourão no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e como o afastamento do presidente pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que também já foi pedido pelo Psol na semana passada”, afirmou Juliano Medeiros, presidente nacional da legenda em comunicado enviado para a imprensa na última segunda-feira (28).


Fonte: Congresso em Foco