Redação –
Repetir as velhas fórmulas, como tenta o governo, não levará ao mesmo lugar; levará a lugar pior.
É como se a gripe espanhola de 1918 e a Grande Depressão de 1929 ocorressem ao mesmo tempo, comparou Artur Araújo, consultor da Federação Nacional dos Engenheiros, em recente debate realizado na Fundação Perseu Abramo (PT), em São Paulo.
Diante desse quadro, crises financeira, econômica e epidemiológica simultâneas, Araújo defende “pensar inusitadamente, obrigam a pensar no famoso ‘fora da caixinha’. A gente tem que limpar a visão religiosa da economia, limpar paradigmas. Nós já vínhamos numa crise econômica séria, andando de lado há anos. E tem um elemento-chave: vivemos há um ano uma contínua crise política-institucional. É um governo que cria uma crise por dia. E isso na atividade econômica é tétrico”, analisa.
“O grande objetivo de qualquer programa econômico, político, social, é salvar vidas, o que significa dinheiro ilimitado para o SUS, para contenção, prevenção, tratamento, pesquisa e contratações emergenciais”, propõe. Para isso, é preciso abandonar o austericídio que paralisa o país há cinco anos. Déficit, endividamento, emissão de moeda? Sim, diz Araújo, lembrando que o momento exige alternativas assim. “E é dinheiro novo, remanejamento não responde a isso. Não vai ter gente nas ruas, consumindo. O informal vai diretamente pra zero”, diz, citando como exemplos motoristas e entregadores de aplicativos. Pequenas e médias empresas também têm que ser socorridas. Socorro a estados e municípios.
A sugestão vai ao encontro de economistas como Paulo Rabello de Castro, ex-presidente do BNDES, que pregou “jogar dinheiro de helicóptero”, como aconteceu, nos Estados Unidos, na crise de 2008. Até figuras carimbadas do liberalismo, como Pedro Malan e Armínio Fraga, defendem medidas nesse sentido.
A ação emergencial não impede que se comece a pavimentar o caminho de como será o Brasil e o mundo após a crise. Mais do mesmo, como se viu após 2008, apenas aumenta as desigualdades e acirra os conflitos. Como diz Araújo, é hora de pensar fora da caixa.
Fonte: Monitor Mercantil
MAZOLA
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