Redação

Em cidades da Europa, Ásia, Estados Unidos e América Latina, atos foram marcados por confrontos com a polícia, repressão e prisões.

Diversas cidades ao redor do mundo foram cenário de marchas e atos pelo do Dia do Trabalho, celebrado internacionalmente em 1º de maio. Em muitos lugares, as passeatas ocorreram em meio a quarentenas estabelecidas por conta da pandemia da Covid-19, o que não impediu que grupos entrassem em confronto com agentes de segurança.

A Europa foi um dos principais palcos de tensões neste Dia do Trabalho. Na França, manifestantes encapuzados e vestidos de preto exigiram justiça social e econômica, além de expressarem oposição aos planos do governo para alterar os benefícios de desemprego. Ao todo, a polícia deteve 34 pessoas em Paris, onde latas de lixo foram incendiadas e as janelas de uma agência bancária quebradas.

Cerca de 300 atos foram organizados em cidades além de Paris, como Lyon, Nantes, Lille e Toulouse. Apesar dos confrontos e da paralisação das manifestações em vários momentos, as passeatas decorreram, a maior parte do tempo, de forma pacífica.

Em Londres, no Reino Unido, a polícia prendeu nove pessoas que participaram de protestos neste sábado. Os manifestantes pediam que o governo revertesse a Lei de Polícia, Crimes, Condenações e Tribunais, que, se aprovada, aumentará os poderes da polícia. Mais de mil pessoas marcharam pelo centro da cidade e gritaram “Kill the Bill” (mate a lei) do lado de fora dos prédios públicos. Protestos semelhantes ocorreram em outras cidades da Inglaterra e País de Gales, incluindo Bristol, onde confrontos entre manifestantes e a polícia ocorreram em março.

Outra cidade impactada pelos acontecimentos de 1º de maio foi Berlim. De acordo com a polícia, a marcha realizada na cidade teve cerca de cinco mil manifestantes, embora os organizadores tenham afirmado que os presentes eram cerca de 20 mil. A polícia reprimiu os manifestanes com gás lacrimogêneo e prendeu várias pessoas, segundo a mídia local. Objetos foram queimados e ruas foram bloqueadas, liberadas somente após a dispersão dos grupos pelos agentes de segurança.

Tradicionalmente cheias em 1º de maio, as ruas de Moscou viram poucas movimentações neste sábado. Passando por um momento de quarentena, o país contou com ações do Partido Comunista Russo, que reuniram não mais do que centenas de pessoas na capital. Assim também foi na Itália, que não teve grandes manifestações pelo segundo ano consecutivo.

Um dos locais onde as marchas foram mais intensas foi a Turquia. A polícia prendeu 212 manifestantes que se envolveram em brigas durante os atos em Istambul, que ocorreram em meio a um toque de recolher estabelecido pelo governo local. Agentes de choque jogaram alguns dos presentes no chão antes de realizarem as prisões. Autoridades disseram que alguns sindicatos foram autorizados a realizar comícios para marcar o feriado, enquanto outros que se “reuniram ilegalmente” ignoraram os pedidos de dispersão.

Nas Américas, os trabalhadores também tomaram as ruas. Na Venezuela, membros de sindicatos exigiram salários melhores e vacinação em massa contra a COVID-19. As faixas exibidas pelos manifestantes em Caracas mostravam mensagens sobre mudanças nas jornadas de trabalho e faziam duras críticas ao governo de Nicolás Maduro.

A Colômbia registrou manifestações que alcançaram, neste 1º de maio, o quarto dia de protestos no país contra polêmico projeto de reforma tributária, apresentado pelo governo colombiano ao Congresso na semana passada. Os protestos, violentamente reprimidos por forças de segurança, canalizaram o descontentamento popular contra o governo do presidente Iván Duque.

Nos EUA, após um 2019 sem manifestações por conta da pandemia, membros de sindicatos, defensores dos direitos dos imigrantes e ativistas comunitários marcharam neste sábado. Cidades como Nova York e Los Angeles puderam ver, em seus atos, cartazes a favor dos direitos dos trabalhadores e de liberdade para os imigrantes.

Em Jacarta, capital da Indonésia, também houve protestos. A maior economia do Sudeste Asiático viu milhares de manifestantes saírem às ruas, de acordo com a ABC News, contra uma nova lei trabalhista que pode reduzir indenizações, diminuir as restrições para trabalhadores estrangeiros e aumentar a terceirização no país. Objetos semelhantes a sepulturas foram colocados nas ruas para simbolizar a desesperança das pessoas.

No Brasil, a data foi marcada por atos a favor e contra o governo. No Rio, manifestantes com faixas que exibiam críticas ao Supremo Tribunal Federal e também a defesa do voto impresso tomaram uma das pistas da Avenida Atlântica. Manifestação similar ocorreu na Avenida Paulista. Em Brasília, o presidente fez um sobrevoo de helicóptero sobre ato que pediu intervenção militar. Já protestos contra o presidente foram vistos no Centro da capital paulista, com a presença de partidos de esquerda e sindicatos. (Informações O Globo)

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Jair Bolsonaro critica os partidos de esquerda e as centrais sindicais

Bolsonaristas fizeram manifestações em diversas cidades (Reprodução)

O feriado do Dia do Trabalho, segundo o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) mudou de ”cor” no país. O governante destacou, na manhã deste sábado (01/05), dia marcado pela data comemorativa, que, agora, o Brasil tem “bandeiras verde-e-amarela” no lugar de vermelhas e tremuladas por “homens e mulheres que trabalham de verdade”.

“Este momento também é muito importante, afinal de contas, quando no passado, nesta data, 1º de maio, o que nós mais víamos no Brasil eram camisas e bandeiras vermelhas tremulando, como se aqui fosse um país socialista. Esta questão, hoje, mudou, e bastante”, começou Bolsonaro seu discurso, durante participação ao vivo e on-line na abertura da 86ª ExpoZebu, de Uberaba, cidade do Triângulo Mineiro, na manhã deste sábado, ao lado da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina.

VERDE E AMARELA – “Hoje, estamos tendo o prazer e a satisfação de ver bandeiras verde e amarela por todo o nosso país. Homens e mulheres que trabalham de verdade, que sabem que o bem maior que nós podemos ter em nossa pátria é a nossa liberdade. E a união dessas pessoas de bem que nós garantiremos, então, esse nosso sagrado direito”, completou.

O presidente se referia ao fato de que, neste sábado, várias cidades registraram manifestações pelo Dia do Trabalho. Na maioria delas, os cidadãos usavam usavam roupas verde e amarela e eram apoiadores do atual governo federal.

Bolsonaro aproveitou e fez críticas aos governos anteriores, todos do Partido dos Trabalhadores (PT) ou com alguma relação. Disse que agora o Primeiro de Maio não é mais vermelho, marca registrada do PT, assim como a estrela. Como se sabe, a data também é uma data muito celebrada pela sigla, por conta da origem operária. (Informações do Estado de Minas)


Fontes: O Globo e Estado de Minas