Por Miranda Sá –
“O meu nome é Cobblepot seu cretino! Você acha que meus pais me chamaram de Pinguim?” (Vilão da HQ)
O genial Gilberto Freire nos deixou uma acurada análise sociológica sobre os vilões e heróis no romance brasileiro, relacionando esteticamente nossos autores com os clássicos da literatura mundial.
Freire destaca ao lado dos heróis, uma heroína – Capitu -, que ressalta e enaltece a sublime característica das figuras femininas de Machado de Assis à sua época; vê nela uma “personalidade controvertida” e não hesita em compará-la com a Mona Lisa, pelo sorriso dúbio que “a torna uma Gioconda brasileira morena, talvez mestiça”.
Para além dos heróis de ficção, aparecem os vilões. Nesta categoria, sobressai com a referência inicial o “antropologicamente inclassificável” Macunaíma, que, independente da origem, cor ou criação, é o protótipo da maioria dos políticos brasileiros.
E no tabuleiro parlamentar, as pedras do jogo, brancas ou pretas indiferentemente, ocupam as bancadas de acordo com a vilania de peões e bispos…. Há torres militares e também cavalos indóceis; os fardados são oportunistas e os cavalos relincham o terrorismo.
Temos figuradamente reis e rainhas. Reis republicanos e rainhas sabidas. Com vilania e vileza, os coroados se arrumam com cartões corporativos, invenção gananciosa de FHC para esconder o alcance do dinheiro público pelos ocupantes do poder.
Não é absolutamente por acaso que agora no jogo eleitoral, dois semelhantes pelo egocentrismo e a avidez desmedida, se confrontam com o olho gordo no Erário. Um deles já esteve com a chave do cofre no bolso; o outro vive a experiência em família….
Sem medo de dar os seus nomes, Bolsonaro e Lula, sabemos que nada têm de tolos.
O que se assume fraudulentamente “de esquerda”, é formado na escola da pelegagem sindical e mostrou, como ocupante da presidência, o que é; até Medidas Provisórias assinou para favorecer um filho.
O que se diz mentirosamente “conservador” e “de direita”, vem ensaiando a entrada no fundo falso da corrupção sob a cortina de fumaça de ataques contra o Estado Democrático de Direito. Enfrenta o Judiciário através de paus mandados ou de motu próprio, exaltando a desobediência à Lei.
Ambos são semianalfabetos favorecidos pela esperteza e pela sorte. Imaginamos como, no seu primarismo, Bolsonaro e Lula terão a capacidade de imaginar a História julgando-os daqui a 50 anos. Uma provável projeção futurológica irá descompor suas personalidades psicopáticas reverenciadas por seus seguidores fanáticos.
É claro que sempre restarão descendentes dos deslumbrados por mitos artificiais, como há saudosistas de Hitler e de Stálin…. Ficarão chocados com a revisão histórica, do mesmo jeito como os italianos defendem a farsa de Rômulo e Remo amamentados por uma loba.
A projeção futurológica – sem nenhuma ficção – registrará a realidade que vivemos e o perfil símile no descaramento dos candidatos que polarizam artificialmente a disputa eleitoral. Atacam-se para sobreviver, conscientes de que um depende do outro, e neste despudor conseguem enganar alguns por algum tempo; mas certamente não poderão enganar a todos todo o tempo.
Esta paráfrase de Abraham Lincoln é perfeita para abrir os olhos e tirar a cera dos ouvidos de quem ainda está sendo embromado e alimenta inconsciente esta polarização dos vilões presidenciais.
Creia-se ou não se creia em pesquisas de opinião pública, elas indicam do mesmo jeito como a observação geral que ambos polarizadores ficam na margem de erro dos 50% do eleitorado….
Assim esperamos o pronunciamento da maioria (ainda) silenciosa em apoio à 3ª via confinada nos subterrâneos, omitida e negada pelos vilões da mídia comprada sob os ataques dos grupos de pressão por velhacos mercenários.
MIRANDA SÁ – Jornalista profissional, blogueiro, colunista e diretor executivo do jornal Tribuna da Imprensa Livre; Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como a Editora Abril, as Organizações Globo e o Jornal Correio da Manhã; Recebeu dezenas de prêmios em função da sua atividade na imprensa, como o Esso e o Profissionais do Ano, da Rede Globo. mirandasa@uol.com.br
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