Por Pedro do Coutto –
Os metros finais da campanha eleitoral deste ano estão marcados por um vale tudo desencadeado pelo governo Bolsonaro na tentativa de equilibrar a disputa e com isso enfrentar a diferença de seis milhões de votos registrada nas urnas de 2 de outubro.
Reportagens de Eliane Oliveira, Geralda Doca e Fernanda Trisotto, O Globo, e de Natália Garcia, Folha de S. Paulo, em edições de ontem, revelam que o governo aprovou proposta do Conselho do FGTS que – vejam só – permite o uso de recursos futuros do Fundo de Garantia como parcela destinada à aquisição de casa própria por famílias cuja renda mensal seja de até R$ 2400.
ABSURDO – No caso, não se trata de valor, e sim do absurdo da medida que sintetiza bem o vale tudo que o Palácio do Planalto adota na tentativa de vencer a corrida eleitoral. Pois como é possível considerar uma receita futura do FGTS como capaz de servir como base de financiamento para a casa própria?
Em primeiro lugar, a iniciativa abre um grande precedente. Em segundo lugar, se a receita prevista não se realizar, como fica o problema nas mãos da administração federal? Paralelamente, o governo, através da Caixa Econômica, já liberou R$ 1,8 bilhão para a concessão de empréstimos de R$ 2500 às famílias que se encontram cadastradas no Auxílio Brasil, com pagamento mensal de R$ 600.
Há algo de estranho na engrenagem, além da busca de votos por intermédio do peso da máquina financeira federal. É que, como já comentei, os créditos dependem, para seu resgate, do pagamento de juros mensais de 3,5%.
RESGATE – O prazo de pagamento, 24 meses, torna impossíveis os resgates das dívidas. A própria CEF terá que assumir os prejuízos. Mas o lucro das instituições financeiras que estão intermediando o negócio estará duplamente assegurado. Tão absurdo é o sistema de crédito que os bancos de primeira linha, como Itaú, Bradesco e Santander e até o Banco do Brasil, recusaram-se a participar dos desembolsos e de aceitar garantias que só existem em termos de votos para Bolsonaro.
A reta final da campanha, faltando menos de duas semanas para as urnas, está contaminada por tentativas inéditas na disputa presidencial. Nas redes sociais da internet, uma avalanche de fake news. Na consciência das eleitoras e eleitores uma perplexidade com o baixo nível das mensagens e até das situações.
“DESCULPAS” – Essas situações incluem até o caso das desculpas apresentadas pelo presidente da República no caso das adolescentes venezuelanas que o levou à precipitação de conceitos e de uma expressão (“pintou um clima”) totalmente absurda para o caso falsamente revelado e impropriamente comentado. As desculpas de Bolsonaro foram feitas a uma embaixadora da Venezuela que nunca existiu.
Quinta-feira, é dia de o Datafolha divulgar uma nova pesquisa que a meu ver poderá incluir os deploráveis acontecimentos na Basílica Nossa Senhora Aparecida. É importante esse aspecto. E, no dia 28, será o grande e decisivo debate entre Lula e Bolsonaro nas telas da TV Globo e da GloboNews.
PEDRO DO COUTTO é jornalista.
Enviado por André Cardoso – Rio de Janeiro (RJ). Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com
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