Por Alcyr Cavalcanti

Milícias dominam mais da metade da cidade do Rio de Janeiro.

O Rio de Janeiro vive sob enormes índices de criminalidade, em grande parte pela aplicação de uma  política equivocada baseada na “War on Drugs” implementada no Governo Nixon e importada dos Estados Unidos que além de não acabar com o narcotráfico, tem causado um número excessivo de mortos e feridos aumentado sensação de violência    além de impedir as liberdades duramente conquistadas. Há quase trinta anos grupos armados dominam determinadas áreas no Rio de Janeiro e o que mais preocupa é o seu crescimento exponencial, principalmente por grupos paramilitares e a sua influência cada vez maior em vários setores população. Na Favela do Jacarezinho aconteceu mais um fato inusitado ao estilo “Velho Oeste”. Enquanto policiais faziam a remoção de barricadas na Favela, para dificultar o acesso a viaturas policiais, ou membros de facções rivais mas  que impedem a locomoção de moradores, um grupo de traficantes em fuga sequestrou um trem para se deslocar para uma outra região da mesma rede criminal, a favela da Mangueira, um dos redutos do Comando Vermelho. A livre circulação de bandidos do Jacarezinho para Favela  Mandela da mesma facção é uma manobra a qual os moradores já estão acostumados e ao que parece as autoridades policiais também. Os bandidos portando armas pesadas atravessam a Rua Leopoldo Bulhões, também conhecida como “Faixa de Gaza”, em um grupamento armado que causa terror à toda população e impede o livre acesso a uma das principais vias de acesso aos bairros de Bonsucesso e Olaria.

Como se não bastassem as invasões policias sem autorização policial, que tem sido contra a legislação atual, disputa de territórios pelos ponto de venda de drogas entre as facções,  grupamentos paramilitares tiveram um crescimento exponencial e já ocupam grande parte da cidade do Rio de Janeiro. Pesquisas associadas efetuadas por Grupo de Estudos da UFF, Núcleo de Estudos de Violência da USP. Fogo Cruzado, o Pista News  e o Disque-Denúncia revelaram suas conclusões sobre a atuação de Grupos Armados no Rio de Janeiro, trazendo a público um dado preocupante, mais de 55% do território da Cidade do Rio de Janeiro sofrem sob o domínio das Milícias. Os dados surpreendem, pois os Grupos Paramilitares superam em muito as três redes criminais, o Comando Vermelho-CV, Terceiro Comando-TC e Amigos dos Amigos-ADA. O que surpreende ainda mais é que as Milícias que teriam sido criadas com a indiferença ou mesmo a complacência das autoridades para combater a venda de drogas, a varejo, acabaram em alguns casos em fazer uma aliança cooperativa com as redes criminais. Há dias atrás uma mega-operação policial resultou na morte de doze milicianos em um confronto sangrento. Mesmo assim os grupos paramilitares continuam em expansão e tem tido grande influência em muitos setores, principalmente agora no domínio de territórios, só permitindo a livre circulação de candidatos envolvidos com as Milícias, uma clara violação de vários artigos da Declaração de Direitos Humanos e uma clara afronta à Lei Eleitoral.


ALCYR CAVALCANTI – Fotógrafo, jornalista, professor universitário, ex-presidente da ARFOC, ex-secretário da Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre. Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como as Organizações Globo, Última Hora e o jornal O Dia.