Por José Carlos de Assis –
Movimento Popular pela Justiça Social.
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, expressou a indignação de todos os brasileiros ao classificar de “genocídio” os meios pelos quais altos oficiais do Exército, sem qualquer qualificação, assumiram postos-chave no Ministério da Saúde e órgãos subordinados. A população brasileira está sendo submetida a terríveis equívocos na área sanitária pela improvisação de amadores em áreas especializadas, sem base médica e científica.
Falando pelo Brasil, o Ministro determinou uma linha divisória entre a aventura, a irresponsabilidade e o assassínio. É fato que a política de Bolsonaro e do general que ele premiou com o cargo de ministro, sendo um desastre absoluto, só se justifica pelo caráter militar que lhe foi imposto seguindo uma disciplina e uma hierarquia desastradas. O Brasil não merece isso. O povo brasileiro não merece. As próprias Forças Armadas não merecem.
É inacreditável como a atual hierarquia militar avançou tão a fundo na desmoralização das Forças Armadas. Oficiais da reserva e da ativa, com proventos compatíveis com sua carreira militar, se aboletaram em cargos públicos, dobrando os salários que a Nação lhes paga, para fazer aquilo que imputavam ao PT, ou seja, aparelhar o Estado de forma vergonhosa. Tudo sem contribuição positiva ao País. Uma nova geração terá de reparar essa afronta ao povo.
Esse desafio ao País, que se desdobra em virtualmente todos os ministérios, justifica o fato de que o Congresso Nacional, único que tem autoridade para isso, inicie os processos de cassação de mandato de Bolsonaro e de todos os seus cúmplices. Não dá para esperar o tempo do impeachment. É já. Locke, o grande filósofo liberal, dizia que à cidadania insatisfeita com o Governo competia fazer uma rebelião. Que nos venha, pois, a rebelião democrática!
Rio de Janeiro, julho de 2020.
JOSÉ CARLOS DE ASSIS é presidente do recém criado Movimento Popular pela Justiça Social, responsável pela formulação de estratégias para o combate ao coronavírus e à depressão econômica, agravados principalmente pela inação administrativa e política de um mau Governo – Jornalista, economista, escritor, professor de Economia Política e doutor em Engenharia de Produção pela Coppe/UFRJ, autor de mais de 25 livros sobre Economia Política. Colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre. Foi professor de Economia Internacional na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), é pioneiro no jornalismo investigativo brasileiro no período da ditadura militar de 1964. Autor do livro “A Chave do Tesouro, anatomia dos escândalos financeiros no Brasil: 1974/1983”, onde se revela diversos casos de corrupção. Caso Halles, Caso BUC (Banco União Comercial), Caso Econômico, Caso Eletrobrás, Caso UEB/Rio-Sul, Caso Lume, Caso Ipiranga, Caso Aurea, Caso Lutfalla (família de Paulo Maluf, marido de Sylvia Lutfalla Maluf), Caso Abdalla, Caso Atalla, Caso Delfin (Ronald Levinsohn), Caso TAA. Cada caso é um capítulo do livro. Em 1983 o Prêmio Esso de Jornalismo contemplou as reportagens sobre o caso Delfin (BNH favorece a Delfin), do jornalista José Carlos de Assis, na categoria Reportagem, e sobre a Agropecuária Capemi (O Escândalo da Capemi), do jornalista Ayrton Baffa, na categoria Informação Econômica.
