Por Leônidas Oliveira

Diversos setores econômicos têm sido profundamente afetados pela crise econômica decorrente da Covid-19, mas o turismo é, de longe, um dos mais atingidos. Segundo dados do observatório do Turismo de Minas Gerais, o estado acumulou, de março a outubro de 2020, uma perda da ordem R$ 20,24 bilhões no setor. Sinais de uma retomada gradativa começaram em agosto, após promoção do projeto Minas para Minas, do Governo do Estado, se estendendo para os meses seguintes. O fluxo de turistas em outubro aumentou, atingindo o número de 448.198 pessoas, porém ainda 60,56% menor se comparado ao mesmo período em 2019. No entanto, foi o primeiro mês em que o saldo de contratações formais no setor foi positivo, atingindo o número de 3.153 novas vagas preenchidas, sobretudo no interior que, em alguns momentos, registrou 100% de ocupação dos meios de hospedagem nos principais destinos de Minas.

O problema maior, e que se agrava a cada dia, está em Belo Horizonte, que possui tradicionalmente turismo de negócios e eventos. Num mundo cada vez mais on-line, é preciso rever esse posicionamento.

O Estado propôs, então, o Circuito Turístico Liberdade e está estruturando, juntamente com o trade, diversas rotas, das quais podemos citar a da Cerveja, da Cozinha Mineira e de Cultura. Pampulha é Patrimônio da Humanidade e precisa ser compreendida também como um produto turístico. Dados mostram que a taxa média de ocupação hoteleira em Belo Horizonte foi de 41,17% em novembro do ano passado, sendo a maior taxa desde março, mas ainda 30% abaixo da média para o mesmo período em 2019.

Neste momento, a chegada da vacina contra o coronavírus traz também outra reflexão importante: como reconquistar a confiança do consumidor, visto que as expectativas dos clientes mudaram. Hoje, a saúde e a segurança são os aspectos mais relevantes na tomada de decisão para uma viagem. Uma experiência sem contato é esperada e o papel de personalizar e simplificar processos de atendimento ao cliente, dentro dos meios de hospedagem, será fundamental. Um exemplo de como se diferenciar em um ambiente de demanda restrita.

Por outro lado, as novas tecnologias, o uso avançado de dados, automação de processos e de negócios serão fundamentais para que as empresas do setor operem de forma muito mais eficiente, com muito mais flexibilidade na escala de seus negócios, e possam melhor atender seus clientes. Pesquisa recente do Expedia Group mostrou que sete em cada dez viajantes se sentem mais seguros em viajar nos próximos 12 meses se puderem contar com flexibilidade, seguro e proteção em viagens, bem como facilidades para cancelamentos e reembolsos.

Vale destacar ainda a Criatividade. O setor é forçado a aumentar sua criatividade e abordar novas formas de fazer negócios. Com o surgimento do teletrabalho, os hotéis têm uma grande oportunidade de usar seus espaços como um produto flexível de trabalho para os cidadãos, por exemplo.

Por trás desses elementos está a estratégia com a qual nós, do Estado de Minas Gerais, devemos atuar no mercado, explorando uma oferta mais rica de experiência, usando nosso valor cultural, como, por exemplo, a cozinha mineira e nossas paisagens, sejam elas das cidades históricas, do cerrado ou das águas que permeiam nosso território.

É importante ter uma visão otimista para o setor, visto todo o represamento de viagens, encontros, experiências, mas também estar preparado para todos os cenários possíveis. E uma certeza, para se recuperar o mais rápido possível e não depender tanto de fatores externos: o setor turístico deve ser transformado o suficiente para se vender. Com ou sem pandemia. Entre as iniciativas do Governo de Minas para os próximos dias está o lançamento do projeto “Minas para o Brasil”, em parceria com operadoras, receptivos, bares e restaurantes. Depois, quando tivermos mais segurança, o “Minas para o Mundo”.

Tudo isso permeado com ampla promoção em todos os meios disponíveis e com investimentos já assegurados.


LEÔNIDAS OLIVEIRA é secretário de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais.