Redação

Os 50 estados estão em processo de certificação de seus resultados eleitorais. O Colégio Eleitoral se reúne para confirmar os votos em Biden em 14 de dezembro. Até lá, o presidente republicano Donald Trump dará seguimento à encenação de que a eleição foi fraudada e o democrata Joe Biden teria sido derrotado por ele.

Enquanto isso não ocorre, o presidente Trump continua sem autorizar que seja instalada a comissão que fará a transição para o novo governo.

VACINA DA COVID – Falando para a rede NBC, o escolhido de Biden para chefiar o gabinete da Casa Branca, Ron Klain, afirmou que uma rápida transição é necessária para garantir que o governo esteja preparado para lançar uma potencial vacina contra o coronavírus no início do próximo ano.

Segundo ele, consultores científicos de Biden se reunirão com farmacêuticas em breve para se preparar para o “projeto logístico gigante” de vacinação generalizada contra um vírus que já matou mais de 245 mil americanos e deixou milhões de desempregados.​

Disse também que a aceitação de Trump no Twitter não torna Joe Biden presidente ou não presidente, mas que “o povo americano fez isso”. Klain se referiu ao Twitter, porque Trump pareceu reconhecer neste domingo (15), pela primeira vez, que seu rival democrata, Joe Biden, venceu as eleições presidenciais de 3 de novembro.

VAI E VEM – Na mesma publicação na rede social, contudo, o republicano reiterou suas falsas alegações de que houve fraude no pleito. “Ele ganhou porque a eleição foi fraudada”, tuitou Trump, sem se referir a Biden pelo nome. Mas o próprio Twitter adicionou um aviso na postagem de que as alegações de Trump são despropositadas.

Cerca de uma hora depois, em um novo post, Trump voltou atrás, dizendo que “não concede nada” e que Biden só foi o vencedor para a “imprensa de fake news”.

Na verdade, Biden derrotou Trump ao vencer uma série de estados que o titular republicano havia levado em 2016. O ex-vice-presidente democrata também ganhou o voto popular nacional por mais de 5,5 milhões de votos, ou 3,6 pontos percentuais.

AÇÕES JUDICIAIS – A campanha de Trump entrou com ações judiciais buscando anular os resultados em vários estados, embora sem sucesso, e especialistas jurídicos dizem que o litígio tem poucas chances de alterar o resultado da eleição.

Autoridades eleitorais de ambos os partidos disseram que não há evidências de irregularidades. Democratas e outros críticos acusaram Trump de tentar deslegitimar a vitória de Biden e minar a confiança do público no processo eleitoral americano. Antes da eleição, Trump já se recusava a se comprometer com uma transferência pacífica de poder.

A recusa de Trump em ceder não mudou o fato de Biden ser o presidente eleito, mas paralisou o processo normal do governo de preparação para uma nova administração presidencial, impedindo que o democrata e sua equipe obtenham acesso a escritórios do governo e ao financiamento normalmente concedido a uma nova administração para garantir uma transição tranquila.

REUNIÕES SEGUIDAS – Biden tem passado dias em reuniões com conselheiros enquanto avalia as nomeações para seu gabinete, recebe parabéns de líderes mundiais e mapeia as políticas que seguirá depois de ser empossado em 20 de janeiro.

O democrata ganhou 306 votos no sistema de Colégio Eleitoral que determina o vencedor presidencial, de acordo com a Edison Research, muito mais do que os 270 necessários para garantir a maioria.

Trump obteve o mesmo número de votos eleitorais em 2016 sobre a candidata democrata Hillary Clinton, uma vitória que ele chamou de “avassaladora”, apesar de ela ter vencido o voto popular nacional por cerca de 3 milhões de votos.

MARCHA EM WASHINGTON – No sábado (14), milhares de apoiadores de Trump marcharam em Washington para ecoar suas alegações de fraude eleitoral. O “Million MAGA March”, referindo-se ao slogan da campanha de Trump, “Make America Great Again”, atraiu uma multidão de apoiadores agitando bandeiras nos arredores da Casa Branca.

A comitiva de Trump passou pela multidão a caminho de seu campo de golfe na Virgínia, recebendo aplausos dos manifestantes enquanto o presidente acenava do banco de trás de um carro.

Os protestos foram em geral pacíficos, embora várias brigas tenham ocorrido entre os apoiadores de Trump e contra-manifestantes. Uma pessoa foi esfaqueada e levada para um centro de trauma, disse o departamento de emergência da cidade.

ESQUERDA E DIREITA – Dezenas de integrantes do grupo de extrema direita Proud Boys marcharam pelas ruas, alguns usando capacetes e coletes à prova de balas, enquanto membros do movimento de esquerda conhecido como Antifa organizaram suas próprias contramanifestações.

A força policial da cidade prendeu pelo menos 10 pessoas, incluindo várias acusadas de agressão.

Com suas chances de reverter o resultado virtualmente extintas, Trump discutiu com consultores possíveis iniciativas que o manteriam no centro das atenções antes de uma possível nova candidatura para a Casa Branca em 2024.


Fonte: Folha de SP / Reuters