Por Bolivar Meirelles

Todos os seres humanos são mestiços. Felizmente, fortemente mestiços. Esse é o caminho dessa espécie animal maravilhosa, que é o Ser Humano.

Discriminação e pretensão andam de “braços dados”. Os seres humanos, como qualquer animal, se ajustam às muitas situações. Clima, ambiente natural, alimentação e outras circunstâncias impostas, inclusive econômicas. Bico longo, bico curto, bico curvo fazem as aves se adaptarem à busca de seus alimentos. Línguas grandes, curtas fazem animais, também, procurarem a maneira de se alimentar. Clima do meio ambiente. Nada tão perigoso, terrível, tentar-se qualificar populações, inteiras ou parciais, de maneira racista. Ser humano não pertence à raça, é espécie. Darcy Ribeiro, desejoso, ele que conheceu formas e civilizações diversas da espécie humana brasileira, resolveu denominar, talvez pelo fato de parte da população brasileira se perceber o que não era, uma brancura que não tinha, denominar “o povo brasileiro é um povo mulato”. Englobou, o professor citado, a essa miscigenação, pretensos brancos europeus, povos de origem africana e silvícolas brasileiros. Por isso, aproveitei o professor Darcy Ribeiro para titular esse artigo. “Somos todos mestiços”, mas…”mulatos”…, no caso brasileiro. Felizmente, mestiços e mulatos. Viva essa bela cor! Nada de aparência com o queijo de minas sorado ou com a coalhada. Essa cor dos povos sem Sol, os nórdicos europeus. No Brasil, a melanina absorve, cada vez mais, essa tonalidade achocolatada. Somos todos brasileiros e brasileiras, miscigenados. Cada vez mais.

Homens e mulheres desfilando com a beleza da espécie humana.

Darcy Ribeiro foi antropólogo, escritor e político brasileiro, conhecido por seu foco em relação aos indígenas e à educação no país. Suas ideias de identidade latino-americana influenciaram vários estudiosos latino-americanos posteriores. (Wikipédia)

Fortaleza e beleza. Passarela das intermináveis escolas de samba, do frevo pernambucano. Rincões da Bahia. Cariocas no ir e vir do Sol. Todo o Brasil. Comparsas de um existir sorridente. Paremos, no entanto. Seríamos um povo sem discriminações? Não. Infelizmente, ainda não. Zumbi dos Palmares salta estridente no meio desse ambiente todo. Fortes resíduos sulistas, em todo o Brasil. “Pretensão e água benta?”. Uns, ainda pretensos brancos de pele e de vazio cérebro, se pensam brancos. Brancos do nada. Enquanto houver racista no Brasil, que a Sociedade Brasileira pague, com cotas protetoras, aos indígenas e descendentes da escravatura vinda da África. Zumbi dos Palmares, símbolo da libertação dos escravos oriundos da África, unido com as conscientes lideranças indígenas e, nós todos, os miscigenados brasileiros, lutemos pelas cotas aos que se reconhecem oriundos dos povos escravizados e dos indígenas brasileiros. De uma forma ou outra, negros, índios e o miscigenado consciente povo brasileiro, à luta pela igualdade de oportunidades, participação política e social, bem como remuneração e direitos no Brasil. A luta tem de continuar. Neste 2021, no dia da “Consciência Negra”. Viva Zumbi dos Palmares! Viva Ajuricaba! Viva Raoni!

Vivam os lutadores dignos da espécie humana que lutam, permanentemente, para a libertação dos povos. Contra o racismo! Contra toda a discriminação!

BOLIVAR MARINHO SOARES DE MEIRELLES – General de Brigada Reformado, Cientista Social, Colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre, Mestre em Administração Pública, Doutor em Ciências em Engenharia de Produção, Pós Doutor em História Política, Presidente da Casa da América Latina.


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