Por Amirah Sharif –

Direito dos Animais.

Exatamente no dia do Amigo, 20 de julho, li uma notícia sobre um jovem argentino, que resolveu instalar comedouros e bebedouros na terra de “los hermanos”.

Patricio Sánchez é fotógrafo e técnico de internet. Entre uma visita e outra a seus clientes para instalar modens e roteadores, notou uma grande quantidade de cães abandonados nas ruas.

Foi então que Sánchez teve a brilhante ideia de instalar comedouros e bebedouros em quatro pontos de Junín de los Andes.

Gol de los Hermanos

Com o exemplo de Patricio, muitos argentinos também passaram a ajudar os cães de rua, oferecendo comida ou abrigo.

Os comedouros e bebedouros são feitos de canos e cotovelos de PVC, facilitando o abastecimento de ração e água. Há tampas para impedir que o alimento se molhe com a chuva ou que entrem insetos e roedores.

Patrício faz um trabalho de conscientização junto à comunidade para que todos possam colaborar e manter os dispositivos abastecidos.

Há dois anos, pensei em instalar esses comedouros e bebedouros na rua onde moro. Chamei um “faz tudo” do bairro e fiz o orçamento, mas para ajudar veio um e para atrapalhar, todos. Alegavam que a prefeitura, o fiscal de posturas, a companhia de lixo, os vizinhos encrenqueiros não iriam permitir, porque eu não era a dona da rua e blá-blá-blá. Com medo do ser humano, desisti. Poderiam colocar veneno nos canos para se verem livres dos bichinhos de rua.

Agora, neste momento de pandemia, estou pensando seriamente em retomar a ideia: comprar os comedouros e bebedouros pela internet e mandar instalar em pontos que eu possa abastecer sozinha. Já pesquisei e vi que há muita oferta e diversos preços. Vou dar o primeiro passo e tomara que “pegue”!

Gol dos brasileiros

Em São Paulo, quatro detentos do Centro de Detenção Provisória (CDP) “ ASP Sandro Alves da Silva”, de Serra Azul, resolveram aproveitar entulhos de madeira para criar casinhas para os cachorros de rua.

Algumas casinhas são entregues em ONGs que cuidam de animais sem dono ou que vivem em abrigos temporários. Assim, ao adotar um cão, o tutor já leva junto a casinha para seu bichinho de estimação. Outras são colocadas à venda em pet shops e o dinheiro arrecadado é convertido em doações de sacos de rações às ONGs do município.

Para os detentos, é muito bom trabalhar nesse projeto, chamado apropriadamente de Projeto Acolher, pois, além de ocupar o tempo e a mente, a iniciativa é importante para a reinserção ao convívio social e inclusão na causa animal.

Para os bichinhos, é excelente ter mais humanos se preocupando com seu bem-estar.

E mais: além de ajudar os cães de rua, o projeto ainda promoveu a sustentabilidade, já que a madeira utilizada foi retirada de um entulho, resultante da reforma em uma das quadras municipais de Serra Azul.

Portanto, gol de placa!

Pelo menos na causa animal, brasileiros e argentinos estão unidos.

Que assim seja por muitos e muitos anos! Amém!

AMIRAH SHARIF é jornalista, advogada, protetora dos animais e colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre. asharif@bol.com.br


Tribuna recomenda!