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Silêncio

Por Miranda Sá

“O que me preocupa não é nem o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética… O que me preocupa é o silêncio dos bons. “ (Martin Luther King)

Depois de escrever num artigo anterior sobre “RUÍDOS”, o gênio da controvérsia me atentou para escrever sobre o “SILÊNCIO”; inspiraram-me os três macaquinhos sábios que adornam os templos budistas e têm as suas miniaturas vendidas nas lojas de R$ 1,99.

Os macaquinhos da sabedoria são chamados Mizaru, Kikazaru e Iwazaru; com as mãos, um deles tapa a boca, outro bloqueia os ouvidos e o terceiro venda os olhos. Os três representam uma lição de Confúcio: “não veja o mal, não ouça o mal, não fale o mal”.

Os cristãos autênticos, conhecendo os ensinamentos de Jesus, aprenderam isto com uma advertência d’Ele: “não se deve fazer com os outros o que você não gostaria que fizessem a você”…

É um princípio moral impossível de esquecer, o respeito humano. É por isso que nos preocupa assistirmos os políticos falharem na atenção e o zelo com os concidadãos, quando deveriam promover a união e a harmonia da Nação.

Por isto, é necessário que o ocupante do poder saiba silenciar, calando-se para ouvir, analisar e comprovar fatos e situações, para decidir sobre as medidas que deve tomar em defesa da coletividade.  Resumindo: o governante não deve ouvir somente os bajuladores, não deve olhar apenas em torno de si e evitar abrir a boca para dizer besteiras de rompante.

É o caso do presidente Jair Bolsonaro. Ignora que tudo o que fala sem o filtro da reflexão, influi na cabeça dos cultuadores da sua personalidade. Referindo-se à pandemia como uma “gripezinha”, desdenhando a imunização vacinal e dizendo que a 2ª onda é uma “conversinha”, leva os seus fanáticos seguidores a mergulhar no pântano do negacionismo.

Estes, que Brecht enquadraria como “analfabetos políticos”, multiplicam o maléfico combate à Ciência na cega convicção do ouvir dizer, e correm para divulgar o vale tudo das mentiras nas redes sociais.

Não será demais exigir a compreensão nacional para se meditar sobre o que ouve, parta de onde partir, e refletir sobre a realidade social. Se pairam dúvidas, mantenha-se o precioso silêncio até chegar a uma conclusão pessoal.

Se assim ocorrer, conquistaremos certamente o exercício democrático necessário para que a sociedade seja pacificada, respeite os direitos humanos e o meio ambiente.

Como é do Silêncio que se trata, a palavra dicionarizada é um substantivo masculino de origem latina (silentĭum, do verbo sileo), significando ‘ação de estar quieto’, “evitar barulhos ou ruídos’. Do Aurelão, “ausência de qualquer ruído”.

Os filósofos gregos antigos se preocupavam muito em refletir sobre o silêncio; Pitágoras de Samos, matemático, ensinava: – “O começo da sabedoria é o silêncio“, e Sócrates, um dos fundadores da filosófica ateniense, resumindo seu pensamento na busca da verdade, ensinou: – “As pessoas precisam de três coisas: prudência no ânimo, silêncio na língua e vergonha na cara“.

Ultimamente ouvimos o grito imprudente dos maus contra a Ciência, levantando incertezas com relação à imunização contra os vírus, levando uma situação de insegurança para a massa inculta. Triste é constatar que são os mesmos que agridem os críticos do Presidente – agora investindo contra o vice-presidente Hamilton Mourão –, insultam os magistrados que julgam conforme as leis e investem contra o jornalismo investigativo que divulga os malfeitos das familiocracia.

Diante deste quadro, o “silêncio dos bons” é abominável. Aplausos ruidosos pela isenção das FFAA, estendidos ao comandante do Exército, general Edson Pujol, e à mensagem do ministro da Defesa, general Fernando Azevedo.

Por sua vez, os patriotas que foram às urnas nas eleições, igualmente mostraram também a sua independência, repudiando os corruptos do PT e contrapondo-se ao negacionismo genocida que desdenha da pandemia, opondo-se à imunização pela vacina.

Assim tivemos da cidadania militar e civil respostas silenciosas cheias de pólvora!


MIRANDA SÁ – Jornalista, blogueiro e colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre. Trabalhou em alguns dos principais veículos de comunicação do país como a Editora Abril, as Organizações Globo e o Jornal Correio da Manhã. Recebeu dezenas de prêmios em função da sua atividade na imprensa, como o Esso e o Profissionais do Ano, da Rede Globo.

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