Por Ricardo Cravo Albin

“A união do MIS com a UERJ abre um clarão de luz para despreconceituar a arte popular dos narizes pretenciosos dos que têm horror ao povo simples do Brasil.” (Alceu Amoroso Lima)

Não de hoje venho observado nessas crônicas semanais a falta que faz ao Rio e ao Brasil o chicote de Stanislau Ponte Preta, criado pelo escritor e jornalista Sergio Porto para açoitar os personagens cujos absurdos e idiossincrasias compunham o que ele chamou de Festival de Besteiras que assola o País (Febeapa).

Sérgio morreu em 1968 e foi um enorme escritor. Também enorme carioca e brasileiro. Maior ainda juiz dos malfeitos de seu tempo, apontando os “cocorocas” – assim o fero Lalau chamava a turma errática – que infestava aqueles tempos difíceis. Tão difíceis ou mais que esses de agora, quando surgem aflições por todos os lados, priorizados pela tragédia da pandemia.

O personagem que titulariza a mais absurda proposta desses últimos tempos é um deputado estadual, Anderson Moraes (PSL-RJ, de quem jamais ouvi falar) cujo projeto de lei pretende a extinção da UERJ, a nossa estimada e sofrida Universidade Estadual do Rio de Janeiro.

Como um representante do povo pode imaginar absurdo tamanho?

Sim, não esqueçamos de que ideias estapafúrdias sobre o ensino andam circulando no instabilíssimo Ministério da Educação.

Ainda há pouco, fontes do MEC proferiram inconveniências verbais contra as universidades a pretexto de defender as escolas técnicas. Como se uma coisa tivesse a ver com a outra, o que potencializa o mecanismo típico do Febeapa, o Festival de Besteiras, que de fato – e de direito- assola hoje o país. O projeto foi publicado no Diário Oficial no último dia 19, mas protocolado em maio. De pronto recebeu o repúdio imediato da UERJ e de outras entidades. O próprio presidente da ALERJ, André Ceciliano, deputado equipado de boa bagagem cultural, abriu logo um clarão de luz nessas trevas ao dizer que não pautaria o projeto em plenário, atendendo a um manifesto que agregou um conjunto de instituições de ensino e pesquisa.

Assinado por dez reitores de universidades e instituições de ensino público, a nota oficial afirma que a UERJ sempre foi destaque na educação, além de pioneira na introdução do sistema de cotas entre as universidades brasileiras – uma contribuição decisiva para acelerar a inclusão no ambiente universitário.

Para os reitores do estado do Rio, assinantes do manifesto, esse tipo de absurdo virou projeto de lei pelo contexto de guerra cultural contra as universidades, a Ciência, o Saber e a Cultura.

Empreendidas pelo negacionismo de setores poderosos instalados no executivo federal. Os reitores em manifesto aberto se dizem confiantes de que André Ceciliano não chancele o prosseguimento do malsinado projeto de lei, cuja aprovação constituiria um crime contra a capital cultural de sempre dos corações brasileiros, o Rio de São Sebastião, bem como contra o desenvolvimento econômico e a inclusão social em nosso estado. Entre os que assinam o documento está a nata acadêmica dos reitores: da UFF (Antônio Nóbrega), da UFRJ (Denise Carvalho), da Unirio (Ricardo Cardoso).

Confesso que procurei muitos dos meus amigos ex-reitores da UERJ ao longo desses últimos 30 anos e todos ficaram atônitos quando lhes informei da insanidade do projeto de lei. Houve uma unanimidade no que ouvi deles – o que já sabia desde 1975, quando a Universidade recebeu seu nome decisivo, com a fusão do Estado da Guanabara com o Estado do Rio – “Universidade do Estado do Rio de Janeiro”. A aclamação veio diretamente a mim pela Universidade de Oxford, com a qual estabeleci parceria com o MIS: “a UERJ é uma universidade de prestígio internacional desde os anos 50. É uma das melhores de toda a vasta América do Sul”, disse-me o reitor de Oxford, em carta que despachei imediata e diretamente para o então governador Faria Lima. Aliás, o MIS e a UERJ estiveram ligados em momentos de inovação quando os juntei para novidades que abriram várias portas. De originalidade e de invenção, como cursos regulares de cultura popular, incluindo folclore, música, artesanato ínclito (ingênuo), estimulando núcleos de artistas paupérrimos, alguns geniais, que encaminhávamos a centros produtor europeus – especialmente Oxford – ou mesmo o MoMa em Nova York.

Portanto, rogo ao caro Presidente André Ceciliano, bem como ao atento Governador Claudio Castro que salvem a UERJ.

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“PANDEMIA E PANDEMÔNIO”, LANÇAMENTO OFICIAL

Eis aí acima o cartaz de lançamento do meu novo livro “Pandemia e Pandemônio – Relatos Indignados de um Brasil Doente e Desgovernado”, editado por Carlos Barbosa da Editora Batel.

O lançamento oficial do livro está marcado para o dia 22 de setembro, quinta-feira, às 19 horas, pelo canal da Livraria Travessa no YouTube, onde o livro já está à venda.

Este primeiro lançamento formal, a que se seguirão vários outros, será inteiramente online por conta do recrudescimento da pandemia que nos aflige desde 2020, exatamente o ano que sinaliza todos os textos que compõe o livro, já que 2020 é relatado a cada semana em crônicas e matérias que acompanharam todo o crescendo dessa tragédia, um dos piores momentos que o Brasil tem experimentado.

Daniel Mazola e Ricardo Cravo Albin. Em breve realizaremos lançamentos na VinoArt Ipanema e Catete, divulgaremos as datas para os leitores. (Tribuna da Imprensa Livre)

Esse relato está despertando curiosidade em países amigos do nosso, já que, pelo tamanho continental que ele ocupa, o mundo ficou muito surpreso pelo acúmulo de mais de meio milhão de vítimas fatais. Estuda-se inclusive seu lançamento em países lusófonos e em versão espanhola.

Em meio a tanta desolação, expressa como não poderia deixar de ser, este autor teve o consolo de contar com apresentações generosas da escritora Nélida Piñon e dos médicos e cientistas Margareth Dalcolmo e Jerson Lima (Presidente da FAPERJ).

Forte abraço, agradecido pela sua adesão.

RICARDO CRAVO ALBIN – Jornalista, Escritor, Radialista, Pesquisador, Musicólogo, Historiador de MPB, Presidente do PEN Clube do Brasil, Presidente do Instituto Cultural Cravo Albin e Membro do Conselho Consultivo do jornal Tribuna da Imprensa Livre. Em função das boas práticas profissionais recebeu em 2019 o Prêmio em Defesa da Liberdade de Imprensa, Movimento Sindical e Terceiro Setor, parceria do Jornal Tribuna da Imprensa Livre com a OAB-RJ.


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