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Roberto Mello: Pandemia nos Direitos Autorais!
Roberto Mello, presidente da Associação Brasileira de Música e Artes (ABRAMUS)
Colunistas, Cultura

Roberto Mello: Pandemia nos Direitos Autorais!

Por Luiz Carlos Prestes Filho –

O presidente da Associação Brasileira de Música e Artes (ABRAMUS), Roberto Mello, reconhece que o isolamento social tem sido dramático para a classe artística: “Perdemos grande parte do contato social com o público. Veículos tradicionais foram extirpados – shows; eventos; casas com música ao vivo e mecânica; sonorização ambiental em shoppings centers, bares, restaurantes, lojas, hotéis e pousadas; gravações para rádio e televisão. Tudo isto foi abstraído. Até empresas gigantes tiveram que cortar suas produções, seja pela temeridade da infecção, seja pela iniquidade de anunciantes, que, por sua vez, não podem trabalhar como antes”.

Com a Covid 19 todos os projetos de dramaturgia, espetáculos musicais e de lançamentos foram interrompidos: “A ABRAMUS vem sofrendo violentamente. A diminuição da arrecadação de direitos autorais e conexos chega a 50%, quando comparamos com as receitas históricas do mesmo período. Então, os nossos artistas além de sofrer com a estagnação de suas atividades diretas, tiveram perdas com a queda de arrecadação de direitos autorais”.

Como gestor cultural, Roberto Mello, afirma que o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (ECAD), apesar de toda competência e infraestrutura, não estava preparado para o impacto da Covid-19: “Tentamos minimizar os efeitos negativos com algumas iniciativas. Distribuímos os direitos com uma média de 5 a 6 meses da arrecadação. Mas o impacto grave começa agora, em agosto. Estamos agilizando algumas rubricas que ficaram pendentes de distribuição como – cinema; créditos retidos; e contingenciamentos específicos. Todos os contratos com os usuários estão sendo negociados, visando minimizar perdas”. Mas o cenário não é otimista, pois, para Roberto Mello, a plena retomada da arrecadação deve demorar 18 meses.

A Campanha Humanitária da ABRAMUS, contou com a participação de muitos artistas filiados. Estes disponibilizaram pertences pessoais para leilões públicos: “Doamos cestas básicas para entidades que congregam profissionais que perderam a possibilidade de exercer suas atividades como – cenógrafos; músicos; carregadores de palco; técnicos de som; artistas de rua e circenses, entre muitos outros. Acabamos por distribuir 10 mil volumes em várias cidades. Atendemos entidades que clamavam por ajuda. Entendemos que esse era e é o nosso dever! Foram famílias de São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador, Fortaleza e São Luís. Os leilões artístico-humanitários, com instrumentos musicais, peças de palco e quadros, foram marcantes”.


LUIZ CARLOS PRESTES FILHO – Cineasta, formado na antiga União Soviética. Especialista em Economia da Cultura e Desenvolvimento Econômico Local, colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre. Coordenou estudos sobre a contribuição da Cultura para o PIB do Estado do Rio de Janeiro (2002) e sobre as cadeias produtivas da Economia da Música (2005) e do Carnaval (2009). É autor do livro “O Maior Espetáculo da Terra – 30 anos do Sambódromo” (2015).

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