Por Luiz Carlos Prestes Filho

Para o candidato a vereador, Ricardo Chapolin: “O atual governo municipal abandonou os bairros de Rocha Miranda, Irajá, Guadalupe, Coelho Neto, Cascadura e Ricardo de Albuquerque. As ruas estão totalmente sujas, apagadas, esburacadas.” Em entrevista exclusiva para o jornal “Tribuna da Imprensa Livre” o candidato afirmou: “Temos inúmeros imóveis públicos que estão fechados há anos e imóveis privados abandonados, cheios de dividas. Desejo criar uma política habitacional, sem burocracia e rápida, para solucionar a questão de moradia.” Vestido de Chapolin, Ricardo realiza projetos sociais junto a crianças da periferia, ele acredita que o fundamental no momento é a retomada do ensino integral:

“Desejo criar um Projeto de Lei para a retomada dos Cieps. Quantas crianças e adolescentes teriam sido salvas das drogas e do crime organizado caso a elite branca e racista não tivesse destruído o programa de ensino integral da década de 1980.”

Ricardo Chapolin é candidato pelo Partido dos Trabalhadores (Divulgação)

Luiz Carlos Prestes Filho: Como o candidato vê a periferia da cidade do Rio de Janeiro?

Ricardo Chapolin: O atual governo abandonou os bairros de Rocha Miranda, Irajá, Guadalupe, Coelho Neto, Cascadura e Ricardo de Albuquerque. As ruas estão totalmente abandonadas pelo poder público – sujas, apagadas esburacadas. O Rio de Janeiro deveria investir mais na infraestrutura urbana de toda cidade. Porque o povo trabalhador não pode ter calçadas dignas, praças bem cuidadas, com jardins? Porque essa realidade é somente da Zona Sul? Temos que democratizar o acesso ao bem estar de todos. Afinal, todos pagam impostos. Temos uma estrutura industrial e de prestação de serviços que garante uma boa arrecadação e um orçamento invejado por muitas capitais. A cidade do Rio de Janeiro precisa democratizar o seu orçamento para gerar mais empregos e desta maneira diminuir o dinheiro que vai para a corrupção. Temos que realizar investimentos que atendam os interesses do povo.

Prestes Filho: As políticas de Meio Ambiente deveriam orientar as políticas de Turismo, Cultura e Desenvolvimento Econômico?

Ricardo Chapolin: O Rio de Janeiro tem a Floresta da Tijuca que é o maior parque urbano do mundo! Essa infraestrutura deveria ser valorizada, potencializada. Inclusive, através do incentivo da Indústria do Turismo. Quantos navios, que atracam no porto da cidade, não trazem visitantes interessados em conhecer a nossa biodiversidade! Quem conhece a periferia, como eu conheço, fica desolado com a falta de cuidado para com as reservas ambientais. A natureza da nossa cidade precisa ser mais bem conservada. Como candidato prometo que vou estruturar um projeto para levar o saneamento básico para meus bairros periféricos. Com o saneamento a nossa população terá água mais pura, mais saúde. As obras deveriam ser acompanhadas de ações culturais, que poderia devolver ao povo alegria.

Prestes Filho: A ciência, a tecnologia e a inovação dariam suporte para levar mudanças para a periferia?

Ricardo Chapolin: O Rio de Janeiro é um dos maiores centros científicos e tecnológico do Brasil. Temos que fazer uso desta estrutura para buscar soluções de nossos problemas. As universidades publicas e privadas, devem contar com chamados da prefeitura para desenvolver projetos para os bairros e comunidades desassistidas. Por que não trabalhar com professores e estudantes? As feiras científicas poderiam ser temáticas. Por exemplo, debater doenças que ainda causam muitas mortes como o câncer.

Prestes Filho: As políticas de controle da ocupação do território da cidade estão adequadas e atualizadas? A população deveria ter mais apoio para estabelecer moradia?

Ricardo Chapolin: O artigo 5º da Constituição do Brasil diz que todo cidadão tem direito a moradia… Mas temos inúmeros imóveis públicos que estão fechados há anos e imóveis privados abandonados, cheios de dividas. Desejo criar uma política, sem burocracia e rápida, para solucionar essa questão. Precisamos oferecer moradia para os mais carentes! Desta maneira, evitar invasões e começar a tirar parte dos 17 mil moradores das ruas. Diminuir a quantidade de pessoas vivendo em situação de extrema pobreza.

Prestes Filho: A política municipal apresenta novos desafios para os próximos anos? Quais serão as prioridades do seu mandato?

Ricardo Chapolin: Vou lutar para a criação de um sistema rápido, e sem burocracia, para que todos cariocas tenham direito a moradia e assistência médica. Temos que vencer essa decadência dos hospitais. Não podemos tolerar a demora nas consultas. O cidadão fica desassistido porque não tem informações. As vezes parece que os órgãos da prefeitura foram criados para inviabilizar a vida do cidadão comum. Em especial, da população negra da periferia e das comunidades. Me apresento como o fiscal da desburocratização, desejo ficar nas ruas ouvido e buscando soluções rápidas para os problemas do povo.

Prestes Filho: A prefeitura estava preparada para enfrentar a pandemia da Covid 19?

Ricardo Chapolin: Temos que retomar nos hospitais o atendimento geral, acabar com essas vergonhosas Unidades de Pronto Atendimento (UPA). Porque tem que ser UPA para pobre e hospital de qualidade para os ricos? Onde estamos? Com essas observações, fica evidente que não estava preparada. O Hospital Miguel Couto precisa voltar a ser referência no Rio de Janeiro. Quantas vidas ele já salvou! Mas como foi triste ver o atual governo tentar destruir sua grandeza. Hoje esse importante hospital está de pé graças aos seus médicos, enfermeiras e funcionários. Temos que oferecer para o cidadão a possibilidade de ter seu diagnóstico completo e rápido. O paciente tem que sair da unidade médica com o diagnóstico preciso de sua saúde.

Prestes Filho: No campo da Educação existem resultados positivos nos últimos anos nos bairros onde você atua?

Ricardo Chapolin: A educação está totalmente sem rumo em nosso município, as escolas de hoje, viraram um depósito de crianças, onde não tem ensino, nem merenda. Precisamos de educação de qualidade. Precisamos voltar a colocar em prática a proposta do Governador Leonel Brizola e do antropólogo Darcy Ribeiro – o ensino integral. Desejo criar um Projeto de Lei para a retomara dos Cieps. Quantas crianças e adolescentes teriam sido salvas das drogas e do crime organizado caso a elite branca e racista não tivesse destruído o programa de ensino integral da década de 1980. Claro que reconstruir é muito mais difícil do que construir. Mas o futuro do Brasil merece nosso esforço. Temos que criar o movimento Onda da Educação Integral!

Prestes Filho: Hoje os gestores públicos realizam programas para a Melhor Idade; para a Mulher; para os afrodescendentes, indígenas e outras etnias; LGBTs. Temos que melhorar as políticas públicas nestas áreas?

Ricardo Chapolin: Precisamos evitar qualquer preconceito de cor e de gênero. Precisamos melhorar o convívio nas ruas, no transporte público. Como pode uma senhora de idade, uma mulher grávida ou um deficiente ter que disputar todos os dias assentos no trem, no ônibus e no metro? Temos que investir para que o respeito prospere. Os índios e afrodescendentes tem que ter suas narrativas históricas sendo ensinadas no colégio. Isso é lei! Como vereador, vou fiscalizar. Desejo criar uma política de aproximação de todas as minorias com atendimento psicológico e físico. Temos que dar voz ao cidadão, independente de credo, gênero, classe social e cor de pele.

Prestes Filho: O Esporte ocupa um espaço estruturante na sua agenda?

Ricardo Chapolin: Porque a prefeitura nunca criou parcerias com os grandes clubes esportivos que temos no Rio? Flamengo, Botafogo e Fluminense, por exemplo. São instituições esportivas amadas por todos os brasileiros. Através do incentivo fiscal que tributamos, poderíamos levar atividades destes clubes para os bairros da periferia, oferecer oportunidades para crianças e jovens que hoje tem que vencer horas e horas de trânsito para praticar futebol, basquete ou natação.

Prestes Filho: Sua família sempre teve tradição na política?

Ricardo Chapolin: Meu pai era um semianalfabeto, camelô, criou eu e mais cinco irmãos no mercado informal. Minha mãe estudou até a quinta serie primaria, nunca trabalhou de carteira assinada porque tinha que cuidar de cinco crianças pequenas. Por tanto, não venho de um berço político e não tenho padrinhos. Dentro da História da minha família estou inaugurando esse caminho de busca de um espaço no parlamento carioca. Depois de investir muitos anos em projetos sociais, junto a crianças doentes e excluídas socialmente, resolvi que chegou a hora de entrar dentro do sistema para defender o meu povo. Iniciei minha luta aos 22 anos me fantasiando de Chapolin! Hoje nos bairros, onde realizo ações, sou conhecido. As crianças e os pais me esperam para a alegria e para a busca de soluções de seus problemas.

Prestes Filho: Você entende que o instituto constitucional das eleições é a base da democracia?

Ricardo Chapolin: Democracia é a vontade do povo! Infelizmente temos muitos problemas a serem resolvidos. O sistema democrático brasileiro precisa se r aprimorado, precisa vencer as manipulações.


LUIZ CARLOS PRESTES FILHO – Cineasta, formado na antiga União Soviética. Especialista em Economia da Cultura e Desenvolvimento Econômico Local, diretor executivo do jornal Tribuna da Imprensa Livre. Coordenou estudos sobre a contribuição da Cultura para o PIB do Estado do Rio de Janeiro (2002) e sobre as cadeias produtivas da Economia da Música (2005) e do Carnaval (2009). É autor do livro “O Maior Espetáculo da Terra – 30 anos do Sambódromo” (2015).