Por Bolivar Meirelles –
Páscoa simboliza a ressurreição de um morto e torturado. Na realidade, em amplo sentido, está, ainda, para ser construída e havida.
Quando ouvimos desse infeliz desconhecido Presidente do Superior Tribunal Militar, órgão que, numa estrutura democrática, já deveria não mais existir, palavras, quase só possíveis em uma pessoa do mal ou…num débil mental. Achar que, denúncias de sevícias e torturas, não atrapalharam a sua Páscoa, e a de ninguém, nesse 2022…? Palavras inadequadas, palavras desconexas… Páscoa significa aos seres do bem e aos inteligentes, o ressuscitar de alguém torturado e morto, numa sexta-feira, ressurgir vivo no sequencial domingo. Podem não ser três dias, anos e séculos talvez… A construção sólida do que o Domingo de Páscoa simboliza, será, nas lutas históricas, construída. Esse ignóbil General, talvez um frustrado por nunca haver combatido em qualquer Guerra,…embora lhe pese aos ombros quatro estrelas de cada lado, muitas medalhas no peito… inexplicáveis homenagens ao frustrado, indigno, “não Ser Humano”. Nem sei em que categoria, espécie, colocá-lo. Do Vice Presidente da República, de características semelhantes, a infeliz colocação, à véspera, também se fez inadequada. Um historiador, pesquisador reconhecido, Carlos Fico, organizou e analisou os dados. Uma conhecida jornalista, ex torturada por espécimes desconhecidos, Seres Inumanos, pretensos em ser… Míriam Leitão, de quem podemos discordar de suas posições, por vezes, neoliberais, temos de defendê-la, no entanto, enquanto ex torturada pela ignóbil Ditadura dos Governos Militares. Ambos, Carlos Fico e Míriam Leitão, somados aos dados concretos, alguns já denunciados pela Comissão da Verdade, outros fornecidos pelo acesso ao Poder Judiciário…Estamos vivos sim! Ainda estou aqui. Vários herdeiros e herdeiras da memória dos e das, seus e suas, queridos e queridas, direitos a serem conquistados em parte ainda…Estamos vivos ignóbeis generais de quatro estrelas…Generais de Exército feitos pela tortura da Ditadura dos Governos Militares… Governos necessários a serem vasculhados, em muito ainda. Justiça mal feita, Constituição de 1988, dita cidadã, que ainda deixou passar esse artigo 142, resíduo de um certo Poder Militar.
Constituição que endossou anistia aos estupradores, torturadores e assassinos da e na Ditadura dos Governos Militares. Constituição que não reverteu ao serviço ativo, os milhares de militares legalistas atingidos por atos arbitrários do Regime Ditatorial Militar.
Obtusos Generais, produtos da Ditadura, as torturas começaram bem antes da resistência armada. Em 1964, já havia tortura nos quartéis das Forças Armadas Brasileiras. Quando eu, então, um jovem Segundo Tenente, de 24 anos apenas, servindo, à época, no Décimo Batalhão de Caçadores, em Goiânia/Goiás,…a tortura já “rolava”… Coronel Danilo Darcí de Sá da Cunha Mello, o indigno Comandante da Unidade Militar, já comandava as torturas lá existentes… Denunciei a ele. Fui preso e, sumariamente, demitido do Exército. É isso. Simplesmente isso. A tortura em próprios militares já aconteceram no governo do, metido a pudico, o Marechal Castello Branco. Vão em frente pesquisadores, historiadores, cientistas políticos e sociais, jornalistas políticos, homens e mulheres…A verdade tem de ser contada. A Anistia está incompleta, vários “praças de pré”, legalistas, ainda não foram beneficiados. O último Posto da Carreira militar é General de Exército e seus similares na Marinha e na Aeronáutica. Em vida ou pós mortem, a promoção lhes é devida. As indenizações também e…claro, as pensões, esposas e filhas de atingidos de militares legalistas têm de ter os mesmos direitos dos que se acobertaram no Regime Ditatorial. Só um lembrete final, a neta do General Garrastazu Médici foi, por ele, perfilhada para ter a pensão de Marechal. A verdade é a verdade. Doa a quem doer. Pela verdade! Nua e crua, verdade sempre! Políticos do Bem, vasculhem essas limitações e revejam essas limitadas anistias.
Ampliem a quem de direito e desanistiem estupradores, torturadores e assassinos acobertados pelo Estado Ditatorial dos Governos Militares.
BOLIVAR MARINHO SOARES DE MEIRELLES – General de Brigada Reformado, Cientista Social, Colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre, Mestre em Administração Pública e Doutor em Ciências em Engenharia de Produção, Pós Doutor em História Política, Presidente do Conselho Executivo da Casa da América Latina.
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