Por Miranda Sá –

“Eu não entendo nada de política. Mas percebo todas as politicagens…” (Millôr)

Em alguns artigos, entre mais de quinhentos que escrevi desde que criei o meu Blog e aderi ao Twitter, refiro-me muito à estante de livros do meu pai. Era uma coletânea rica em obras sobre as religiões e tinha, talvez, o melhor acervo de obras anarquistas do século 19. Após a sua morte, guardei muitos deles como a herança sentimental e cultural.

Voltando de viagem a poucos dias, ávido por uma leitura, encontrei uma brochura de páginas amareladas, sem capa e remendado no dorso com uma faixa de papel craft. Era “Napoleão e Cromwell”, de Thomas Carlyle, com o esplêndido prólogo de Jean Trolet, “Crepúsculo dos Deuses”.

Não havia anteriormente folheado o livro, e surpreendi-me com vários comentários e sublinhados escritos à mão pelo meu saudoso genitor. Um deles, curiosamente, registrava o pensamento de Carlyle: “Não foi somente a fome que produziu a Revolução Francesa; não, e sim o sentimento de insuportável Falsidade que tudo invadia” (sic).

Esta afirmação corajosa que vai de encontro a vários textos históricos, me trouxe aos dias que estamos vivendo no Brasil; e puxando as conclusões em linguagem atual, temos enfrentado, não só as desonestidades e trapaças deixadas pelo lulopetismo, mas a ideia que sobrou na cabeça de vários políticos e magistrados, de que o nosso País é uma propriedade do Charlatão e dos charlatanismos.

São estas figuras que praticam a politicagem, a negação da Política, com “P” maiúsculo. Politicagem é o jogo da troca de favores e ações que favorecem interesses parentais, pessoais ou grupistas.

Disto, transparece a insistência insana do esquerdismo lulopetista que defende a inocência do presidiário Lula, condenado em três instâncias por corrupção e lavagem de dinheiro, numa campanha organizada e repetida à la Goebbels influenciando os poderosos-de-dia.

A politicagem se reflete na blindagem que o STF impõe em defesa de alguns dos seus ministros, que por sua vez defendem com argumentos capengas os corruptos presos pela Lava Jato, e despertam a revolta popular e dos próprios magistrados, algemados à pérfida Lei de Abuso de Autoridade.

Esta politicagem ocorre com a aceitação tácita dos presidentes das duas casas do Congresso. Foi a ação do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, o projeto para dificultar as prisões preventivas de criminosos e corruptos.

Assim, em correlação com o Judiciário, o Legislativo engaveta o fim do foro privilegiado, a CPI das Togas e o Pacote Anticrime do ministro Sérgio Moro; e aprova privilégios imorais para parlamentares e partidos políticos como o pagamento de advogados pelo Fundo Eleitoral e engessa as investigações das contas eleitorais.

É triste constatar que toda esta balbúrdia politiqueira ocorre sob o silêncio do Executivo, a partir de decisões do ministro Dias Toffoli que favoreceu o senador Flávio Bolsonaro e estabeleceu e ampliou a livrança dos políticos corruptos com vistas ao criminoso Lula, aos tucanos de proa como Aécio Neves e aos ministros sob desconfiança como Gilmar Mendes.

O grande orador paraibano José Américo de Almeida trouxe na sua antologia discursiva a frase: – “É preciso que alguém fale, e fale alto, e diga tudo, custe o que custar”. Este apelo patriótico não é seguido pelos fanáticos, pelos convictos e pelos covardes.

Clamo aos céus que o povo desperte e volte às ruas enfrentando o movimento golpista para matar a Lava Jato, símbolo da luta contra a corrupção e o crime organizado. É preciso impedir o fim do slogan “O Brasil Acima de Tudo” que levou o presidente Jair Bolsonaro à vitória nas urnas eleitorais.