Redação –
O ex-governador de Minas Fernando Pimentel (PT) foi alvo de nova operação da Polícia Federal, na manhã de ontem. Batizada de Monograma, a ação é um desdobramento da operação Acrônimo, na qual o petista já foi denunciado. Os agentes apuram se Pimentel era sócio oculto de uma empresa de consultoria que recebeu valores ilícitos da construtora OAS durante a campanha eleitoral do petista em 2014.
Foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão em dois endereços ligados ao ex-governador. Os agentes estiveram no apartamento de Pimentel, localizado no bairro Serra, onde apreenderam o equivalente a R$ 60 mil em moedas estrangeiras, além de documentos e mídias. Eles também foram ao escritório do ex-governador, que funciona no mesmo prédio.
Segundo o delegado Marinho Rezende, as investigações apontaram possíveis delitos eleitorais, nos quais empresas de consultoria, mediante a simulação de prestação de serviços, teriam sido usadas para o recebimento de vantagens ilícitas em montante superior a R$ 3 milhões.
“As consultorias eram genéricas. Nós verificamos que esses serviços não foram prestados. Houve uma falsidade ideológica eleitoral, ou seja, aquilo que foi apresentado como doação na campanha de 2014 não foi efetivamente realizado. Este é o crime”, comentou. “Não estamos falando em propina, mas supostamente de doações eleitorais ilícitas, ou seja, caixa 2 (na campanha do petista). Vamos aprofundar as investigações nesse sentido”, acrescentou o delegado.
O dinheiro teria entrado por caixa 2 na campanha de Pimentel ao governo de Minas em 2014. Em troca, a OAS teria conseguido indicação de obras no Uruguai por influência do petista, quando este era ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, durante o governo de Dilma Rousseff (PT).
“Estamos investigando. (O dinheiro) foi em troca de serviços e prestígio do ex-governador junto ao escalão do governo federal, quando ainda era ministro”, disse o delegado.
A operação investiga exclusivamente o suposto crime eleitoral. “Tanto que os mandados foram expedidos por ordem da juíza da 32ª Zona Eleitoral de Belo Horizonte, instância preventa para todas as eventuais investigações relativas ao ex-governador”, explicou.
FALSIDADE IDEOLÓGICA
“O crime é a falsidade ideológica eleitoral, previsto no artigo 350 do Código Eleitoral. Ou seja, houve uma falsidade na prestação de contas”, acrescentou Marinho Rezende.
A defesa do ex-governador Fernando Pimentel disse que estranha a medida, “que se refere a fatos de 2014”. “A operação Acrônimo já adotou todas as medidas possíveis. Estamos contribuindo, colocando tudo à disposição, apesar do excesso que caracteriza essa busca e apreensão”, disse o advogado Eugênio Pacelli.
Em nota, a OAS afirm que a empresa está sob nova administração e que faz negócios de forma ética. “A OAS conta com uma nova gestão e esclarece que tem contribuído com as autoridades competentes e com a Justiça, prestando todos os esclarecimentos que se façam necessários. O objetivo da empresa é concluir os acordos de leniência e seguir com os negócios de forma ética, transparente e íntegra”.
O delegado Marinho Rezende informou que a ação de ontem teve como objetivo aumentar o conjunto de provas já existentes no âmbito da operação Acrônimo. “Estamos tentando robustecer o conjunto probatório. O que estamos verificando é o envolvimento de cada um”.
Os cerca de R$ 60 mil apreendidos no apartamento do ex-governador de Minas Fernando Pimentel (PT) durante a operação Monograma estavam em libra esterlina, euro, dólar e real. “O advogado agora vai peticionar, justificar a presença dos recursos, e a Justiça vai decidir o que vai acontecer”, disse o delegado Marinho. A versão da defesa do ex-governador, porém, é que a quantia, na verdade, equivaleria a R$ 30 mil, que estariam declarados no Imposto de Renda.
O advogado do ex-governador, Eugênio Pacelli, afirmou ter sido o próprio Pimentel, que estava em casa no momento da busca e apreensão, que indicou onde estava o dinheiro. “São restos de viagem”, disse o advogado. Pacelli afirmou ainda que as moedas estrangeiras eram dólares e euros.
A operação Monograma teve como base a delação premiada do empresário Benedito de Oliveira, o Bené, apontado como operador do ex-governador Fernando Pimentel. Segundo a delação, o petista teria recebido da OAS os R$ 3 milhões, em cinco parcelas, em dinheiro vivo, em troca de contrato para construção de um gasoduto naquele país. Na época, Pimentel era ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do governo Dilma.
No fim do mês passado, Pimentel e Bené estiveram frente a frente pela primeira vez após a delação. Eles foram interrogados no Fórum Lafayette com relação às acusações pelos crimes de lavagem de dinheiro, caixa 2 e tráfico de influência.
O ex-governador de Minas é alvo de cinco procedimentos derivados da operação Acrônimo, desencadeada em 2014 para investigar casos de caixa 2 e lavagem de dinheiro. Três deles já viraram processo, e dois ainda estão na fase de inquérito. (fonte: O Tempo, por Luiz Fernando Motta, Raquel Penaforte e Sávio Gabriel – com agências)
MAZOLA
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